Se as redes sociais foram o principal cabo eleitoral de Jair Messias Bolsonaro durante as eleições presidenciais de 2018, elas estão se transformando em seu principal pesadelo nas últimas semanas
Por Edson Rodrigues
A cúpula do governo federal vem realizando uma série de reuniões no Palácio da Alvorada para avaliar as manifestações que estão sendo programadas para algumas capitais brasileiras, principalmente em Brasília, para o próximo domingo, por opositores ao governo Bolsonaro.
Já estão sobre a mesa propostas como a convocação da Força Nacional,a participação do contingente de segurança do Distrito Federal, o isolamento do Palácio da Alvorada, ministérios, secretarias da residência oficial, além de outras precauções que evitem que o presidente da República fique exposto de qualquer maneira ás manifestações.
Do outro lado, os manifestantes que se organizam pelas redes sociais, temem a presença de “infiltrados” durante os atos, que possam causar tumultos ou problemas.
DECLARAÇÕES INFELIZES
O medo do governo de que os atos de rua dos movimentos populares se transformem em uma luta de massas pelo impeachment se expressou na quarta-feira (3), quando Bolsonaro deu declarações infelizes, chamando os manifestantes de oposição ao seu governo e a favor da democracia de “marginais” e “terroristas”.
Bolsonaro agrediu verbalmente os integrantes de grupos antifascistas que realizaram atos de oposição ao seu governo de extrema direita. O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, também atacou os manifestantes, chamando-os de "baderneiros" em artigo publicado na quarta-feira no Estadão.
Segundo os analistas políticos, Jair Bolsonaro deu, na quarta-feira, 3, uma espécie de ordem unida e chamou manifestantes contrários a seu governo de 'marginais' e 'terroristas'. O gesto refletiu a preocupação expressada por aliados do governo nas redes sociais", escrevem as jornalistas Julia Lindner e Tânia Monteiro de O Estado de São Paulo.
A Frente Povo Sem Medo, torcidas de futebol, e movimentos sindicais estão convocando atos pró-democracia para o próximo domingo (7). Há manifestações agendadas em São Paulo, Rio, Salvador, Belo Horizonte e outras capitais.
APELOS INCOERENTES
Para quem está saindo às ruas sem proteção, provocando aglomerações onde vai e já incentivou atos contra o STF e os demais poderes, ocasiões onde houve manifestações pró ditadura militar, volta o AI-5 e fechamento do Congresso, Bolsonaro foi, no mínimo, incoerente, ao utilizar seu principal canal de comunicação com seus apoiadores, as lives em redes sociais, para declarações como: “domingo agora, não participe do movimento, fique em casa”, recomendou Bolsonaro. “Deixem eles sozinhos”, disse.
“Esses marginais de preto – de coquetel molotov, soco inglês etc. – quebram coisas”, criminalizou Bolsonaro.
“Não compareça nesse movimento, bando de marginais, não tem nada a oferecer. Querem o confronto. Em Curitiba teve quebra-quebra, na verdade black blocs, queimaram a bandeira”, disse Jair Bolsonaro.
No fim da transmissão, mais uma vez, Bolsonaro implorou para que os brasileiros não saiam às ruas no domingo.“Mais uma vez, não compareça domingo [na manifestação]. Esse pessoal, Antifas, novo nome dos black blocs querem roubar a sua liberdade”, insistiu.
O QUE É ANTIFA?
O movimento Antifa é uma conglomeração de grupos de esquerda. A principal característica dos grupos antifa é a sua oposição ao fascismo por quaisquer meios necessários. Eles atuam com táticas de militância em protestos expondo identidades de nazistas e fascistas e realizam manifestações contra a extrema-direita.
ISOLAMENTO
As posições adotadas por Jair Bolsonaro nos últimos dias,m acabaram criando uma espécie de isolamento do Brasil em relação ás demais nações esclarecidas do mundo. O vídeo da reunião ministerial, com citações contra nações e a declaração do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, totalmente contrária à sua função, deixou ao mundo a impressão de que o Brasil é um país “desgovernado”, a ponto de o Comitê de Assuntos Tributários ("Ways and Means") da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos afirmar que se opôs ao plano do governo Trump de expandir os laços econômicos com o Brasil, dado seu histórico no que diz respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente durante o governo de Jair Bolsonaro.
O presidente do comitê, Richard Neal, e seus colegas democratas no Comitê afirmaram, por meio de uma carta ao representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, que o governo Bolsonaro vem mostrando "uma total desconsideração pelos direitos humanos básicos".
Só nos resta orar para que o pior não aconteça, no próximo domingo, em todo o Brasil, e que vidas não sejam ceifadas por xiitismo ideológico!!!