Parlamentares diagnosticam que, durante a fase de crise da Covid-19 no Brasil, não há vantagem em indicar um aliado para comandar o ministério
Por Agência O Globo
O grupo de parlamentares do Centrão que se aproximou recentemente de Jair Bolsonaro (sem partido) tem defendido a permanência do general Eduardo Pazuello , nomeado como chefe interino do Ministério da Saúde, até que acabe a pandemia da Covid-19 .
O general, antes secretário-executivo da pasta, assumiria assim um "mandato tampão". O argumento é que, por ser um militar, Pazuello seguiria as ordens impostas por Bolsonaro sem questionamentos, ao contrário de um médico, como foram os dois ministros anteriores, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta.
O vice-líder de governo e ex-ministro da Saúde Ricardo Barros (PP-PR) é um dos que vem defendendo esse ponto de vista a interlocutores. Para o líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), Pazuello é a pessoa ideal para organizar a parte de logística e apoio aos estados, essencial durante a crise do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
"Por isso, não haveria um movimento dele (Bolsonaro) de preenchimento da vaga ou de confirmação mais definitiva do Pazuello. Como Pazuello está na frente dessa missão com estados e municípios, já poderia continuar", disse Eduardo Gomes ao jornal O Globo .
Após contrariar um pedido de Bolsonaro de recomendar a cloroquina para o tratamento de pacientes nos estágios iniciais da Covid-19, Teich pediu exoneração nesta sexta-feira (15). Em seu pronunciamento após ser afastado do cargo, o ex-ministro disse que aceitou sua nomeação achando que ele "podia ajudar o Brasil e as pessoas". Ele não deu detalhes sobre o motivo de sua saída.
Na tradicional coletiva realizada pelo Palácio do Planalto para atualizar as medidas de combate ao novo coronavírus, o ministro Braga Netto (Casa Civil) disse que Nelson Teich foi demitido do Ministério da Saúde por uma questão de "foro íntimo" e que, para a população, "nada mudou" com a troca do comando da pasta.
"Ministro Teich saiu por questões de foro íntimo", disse Braga Netto. "[Teich] Conversou hoje com o presidente, comigo, com outros ministros, sem problema nenhum", afirmou Braga Netto. "São posições diferentes, o presidente não ignora a ciência", completou.
Teich foi o segundo ministro da Saúde a deixar o comando da pasta em menos de um mês.