A música “A lista”, de Oswaldo Montenegro, em que o compositor versa sobre amizades e diz, na primeira estrofe: “Faça uma lista de grandes amigos. Quem você mais via há dez anos atrás. Quantos você ainda vê todo dia. Quantos você já não encontra mais. Faça uma lista dos sonhos que tinha. Quantos você desistiu de sonhar!” (veja, no fim desta análise, a músicas completa), tem tudo para ser ao tema da despedida da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, do seu segundo mandato
Por Edson Rodrigues
Cinthia Ribeiro vem deixando seus seguidores com a sensação de que após a zero hora do dia primeiro de janeiro de 2025 ela apenas entrará para a galeria dos ex-gestores de Palmas sem nenhum grupo, sem poder e sem influência, levando a tiracolo diversos problemas, pouquíssimas amizades e uma série de adversários ferrenhos, inclusive entre os que lhe estenderam as mãos para torna-la uma gestora respeitada e de resultados.
Um deles é o ex-senador Ataídes Oliveiras, do PSDB, que, na época, compôs com Carlos Amastha, venceram a eleição para prefeito de Palmas, tendo Cinthia, do PSDB, i9ndicada como vice-prefeita.
Coma renúncia de Amastha para tentar o governo do Estado, Cinthia torna-se prefeita. Amastha é derrotado nas urnas e fica sem a prefeitura e sem o governo do Tocantins. Sua “amiga” Cinthia Ribeiro, ao invés de agasalhá-lo em sua gestão, lhe vira as costas e passa a manter distância daquele que recebeu os votos que a fizeram prefeita e daquele que foi seu padrinho partidário, Ataídes Oliveira, que foi sumariamente cortado das suas relações pessoais e políticas, tornando-se quase que persona non grata no Paço Municipal.
EDUARDO GOMES, A PRÓXIMA VÍTIMA
Em sua candidatura à reeleição, Cinthia atracou sua administração no porto seguro representado pelo senador Eduardo Gomes, do PL, então líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, e que conseguiu milhões e milhões de reais para Palmas, por meio das emendas impositivas e que já havia deixado Carlos Amastha com os cofre cheios, com liberação de recursos do BIRD, do BNDES e de outras instituições financiadoras. Até hoje é projetos elaborados por Amastha e viabilizados por recursos carreados por Eduardo Gomes, sendo executados em pleno fim da administração de Cinthia Ribeiro.
Para se ter uma ideia, com a atuação de Eduardo Gomes como líder do governo Bolsonaro no Senado, em que o parlamentar tocantinense viabilizou casas populares, investimentos de grande monta no combate à pandemia de Covid-19 para a Capital do Tocantins – assim como para os demais municípios – foi feita uma composição para que o irmão do senador, André Gomes, fosse o candidato a vice-prefeito na reeleição de Cinthia.
Trato feito, eleição ganha, lá vai André Gomes receber o mesmo tratamento de Ataídes Oliveira por parte da “mamis poderosa”. Defenestrado, afastado e tratado como “decoração” no segundo governo de Cinthia, André Gomes, na eleição de outubro passado, assim como seu irmão senador, apoiaram a principal adversária política de Cinthia, a deputada estadual Janad Valcari, derrubada no segundo turno por Eduardo Siqueira Campos, eleito prefeito com a maioria dos votos válidos.
PRESENTE E FUTURO DE CINTHIA RIBEIRO
Todo esse histórico de abandonos e falta de consideração política, será cobrado de Cinthia Ribeiro ao fim do seu mandato.
Somando-se a deslizes administrativos da sua gestão, como a decisão da Justiça sobre a eleição dos diretores das escolas municipais, feita ao apagar das luzes, faltando menos de 55 dias para o fim da atual gestão, dando três anos de mandato para os que foram escolhidos por Cinthia, só aumenta a sensação de que Cinthia, realmente, não programa seu fim de governo para termina-lo com a mais alta das popularidades – interna e externa.
O juiz Fabiano Marques, da 1ª Vara da Fazenda de Palmas decidiu suspender liminarmente o processo eleitoral para escolha de diretores de Palmas. As inscrições estavam marcadas para iniciar-se na próxima segunda.
O magistrado atendeu mandado de segurança impetrado pelo advogado Albano Amorim contra o secretário de Educação, Fábio Barbosa Chaves. O advogado alegou que "o Edital Nº 001/GAB/SEMED, violaria a Meta 15.16 do Plano Municipal de Educação, instituído pela Lei n° 2.238/2016, bem como o §1º do art. 32 c/c art. 49 da Lei nº 3.057/2024, além de afrontar o princípio da isonomia previsto no art. 5º e o princípio da legalidade insculpido no art. 37".
O erro apontado pelo advogado e aceito pelo magistrado em sua decisão é indiscutível. Mas no edital há outra inconsistência parecida no cronograma. Ali se vê que o início das inscrições está previsto para 18 de dezembro até 22 de novembro. Ou seja, as inscrições começariam depois do final do prazo de inscrições.
Bola totalmente fora da gestão de Cinthia Ribeiro...
AS HERANÇAS MALDITAS
O prefeito eleito, Eduardo Siqueira Campos terá, sim, sérios problemas para resolver já nos primeiros dias de sua gestão, que se inicia em 1º de janeiro de 2025. O transporte público urbano, o transpor escolar e a saúde pública da Capital estão, todos na UTI.
Segundo o apurado pelo Observatório Político de O Paralelo 13, há uma dívida de mais de 330 milhões de reais para com a empresa que gere o transporte público, outros 80 milhões de reais para com o transporte escolar, colégios públicos com 11,5 milhões em contas de energia atrasadas, além de diversas outras pendências dos mais variados tipos.
Essa herança maldita é quase que tradição em processos de transição de governo. Mas, venhamos e convenhamos, com os recursos que tem disponível, a prefeitura de Palmas poderia ter administrado melhor essas questão, se livrar da fama de caloteira e livrar a nova gestão de já iniciar endividada.
TRANSPARÊNCIA E NOVO LEGISLATIVO
Essas informações sobre as dívidas só serão confirmadas a partir de primeiro de janeiro de 2025, quando Eduardo Siqueira Campos tomar posse e conhecimento da real situação.
Aí, caberá à equipe de auxiliares de Eduardo Siqueira Campos e à nova Câmara Municipal, com 70% de seus vereadores renovados, por meio da escolha da população, e apenas três remanescentes da legislatura atual, fazerem um levantamento dos contratos com as empresas envolvidas nas dívidas da gestão de Cinthia Ribeiro, se foram feitos totalmente na forma da lei e os motivos que levaram a prefeitura à inadimplência e, com a transparência tão pregada por Eduardo em sua campanha, encaminhar as informações ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas do Estado e à Câmara Municipal, para que as devidas providências sejam tomadas.
JÚNIOR GEO, O “BODE NA SALA”
O deputado estadual Júnior Geo acreditou na seriedade do casal Mantoan – Cinthia e seu esposo, deputado estadual Eduardo Mantoan – filiou-se ao PSDB, foi o candidato a prefeito com o apoio do grupo político e do partido, presidido no Tocantins pela própria Cinthia, mas foi derrotadp e não conseguiu, sequer, ir para o segundo turno.
Para a candidatura de Geo, restou uma dívida, segundo o apurado pelo Observatório Político de O Paralelo13, acima de um milhão de reais e que não tem nenhum indício de autorização do PSDB nacional para que o pagamento seja feito, e não há lastros financeiros no caixa do PSDB estadual, muito menos no municipal.
Caso essa questão não seja resolvida nos prazos dados pela Justiça Eleitoral, o deputado estadual Júnior Geo pode ficar com sua prestação de contas eleitorais pendente, inadimplente e inelegível.
Esses e outros fatos do fim do governo de Cinthia Ribeiro na gestão da Capital do Tocantins, podem fazer com que ela, sem poder em 2015, e com uma Câmara Municipal composta por 17 vereadores do PL, oposicionistas de primeira hora do seu governo, podem render muitas e muitas noites de insônia e uma lista de “velhos amigos” com muitos desfalques.
Confiram a música A Lista, de Oswaldo Montenegro:
Montenegro:
https://www.youtube.com/watch?v=a27ym4MA4FY