Por Mariana Tokarnia

Português e matemática serão os dois únicos componentes curriculares obrigatórios nos três anos do ensino médio, de acordo com o novo modelo para a etapa anunciado hoje (22) pelo governo. A definição está em medida provisória (MP) assinada pelo presidente Michel Temer. Atualmente, a etapa tem 13 disciplinas obrigatórias para os três anos. A MP prevê a flexibilização do ensino médio com o objetivo de torná-lo mais atraente para o jovem, segundo o ministro da Educação, Mendonça Filho. Os componentes curriculares que deverão ser ensinados no período obrigatoriamente serão definidos na Base Nacional Comum Curricular, que começará a ser discutida no próximo mês e deverá ser definida até meados do ano que vem, segundo o Ministério da Educação. De acordo com a medida provisória, cerca de 1,2 mil horas, metade do tempo total do ensino médio, serão destinadas ao conteúdo obrigatório definido pela Base Nacional. No restante da formação, os alunos poderão escolher seguir cinco trajetórias: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas - modelo usado também na divisão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - e formação técnica e profissional. “O novo ensino médio tem como pressuposto principal o protagonismo do jovem. Hoje é bastante engessado. Esse modelo caminha na direção da flexibilidade”, disse Mendonça Filho. Arte e Educação Física O texto, que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996), determina o fim da obrigatoriedade do ensino de arte e de educação física no ensino médio. As disciplinas serão obrigatórias apenas no ensino infantil e fundamental. As mudanças passarão a valer 180 dias após a publicação da Base Nacional, ou seja, não modificam o atual currículo. De acordo com o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Rossieli Silva, a intenção é enxugar na lei as obrigatoriedades do ensino médio. “Agora a Base Nacional tem que dizer o que é e o que não é obrigatório nesse um ano e meio. Se eu vou definir ênfases, como eu posso ter todos os conteúdos do mundo? Se eu digo que os 13 conteúdos são obrigatórios?”, questionou. Segundo Silva, artes e educação física, assim como conteúdos como filosofia e sociologia certamente estarão garantidos na Base Nacional Curricular Comum e poderão voltar a ser obrigatórios. Idiomas O inglês passa a ser a língua estrangeira obrigatória que deverá ser ensinada em todas as escolas de ensino médio. Outros idiomas podem ser ensinadas em caráter optativo. A MP abre a possibilidade que os estados tenham mais autonomia nas decisões referentes a essa etapa da educação básica. Um sistema de ensino poderá, por exemplo, definir um sistema de crédito, no qual um aluno cursa determinados períodos e, caso deixe a escola, possa retomar o curso de onde parou e não tenha, necessariamente, que cursar um ano inteiro. Também está previsto na MP que os créditos adquiridos pelos alunos nesse caso poderão ser aproveitados no ensino superior, após normatização do Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologação pelo MEC. Ao entrar na universidade ou no ensino tecnológico, a trajetória escolar do aluno será considerada e ele não precisará cursar matérias que envolvem conhecimentos e competências que já possui. Carga horária A reforma também determina que a carga horária mínima anual da etapa deverá ser progressivamente ampliada para 1,4 mil horas, o que tornará o ensino médio integral, com 7 horas por dia. A expectativa do MEC é que as primeiras turmas que seguirão a formação de acordo com o Novo Ensino Médio começem em 2018, após a aprovação da Base e da MP pelo Congresso Nacional. Não há prazo para que as redes de ensino se adequem às mudanças, mas o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) trabalha com o cronograma do Plano Nacional de Educação (PNE), que deve ser implementado até 2024. Ensino técnico Entre as trajetórias que os estudantes poderão escolher está a formação técnica. Os alunos serão certificados e seus itinerários formativos permitirão a continuidade dos estudos. Essa oportunidade de formação vai ocorrer dentro do programa regular, sem a necessidade de o aluno estar cursando o período integral. No ensino técnico, os alunos poderão ser certificados a cada etapa que cumprirem, recebendo uma certificação das competências adquiridas até ali. As aulas técnicas poderão ser ministradas por profissionais com notório saber - ou seja, sem formação acadêmica específica na área que leciona -, reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar conteúdos afins à sua formação. “Isso não vale para os demais conteúdos, se eu tenho o ensino de filosofia, eu vou continuar tendo que ter um professor formado em filosofia, isso não muda. Vale apenas para o ensino técnico”, explicou o secretário de Educação Básica. Resultados A reforma do ensino médio passou a ser priorizada pelo governo depois que o Brasil não conseguiu,  por dois anos consecutivos, cumprir as metas estabelecidas para essa etapa da formação. Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino no país, mostram que o ensino médio é o que está em pior situação quando comparado às séries iniciais e finais da educação fundamental: a meta para 2015 era nota 4,3, mas o índice ficou em 3,7. Atualmente, o ensino médio tem 8 milhões de alunos, número que inclui estudantes das escolas públicas e privadas. Segundo o Ministério da Educação, enquanto a taxa de abandono do ensino fundamental foi de 1,9%, a do médio chegou a 6,8%. Já a reprovação no nível fundamental é de 8,2%, frente a 11,5% no ensino médio.

Posted On Sexta, 23 Setembro 2016 07:22 Escrito por O Paralelo 13

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas, em discurso, na tarde de hoje (15) aos procuradores que o denunciaram ontem (14) na Operação Lava Jato. Lula diz que a apresentação da denúncia foi “um espetáculo de pirotecnia” e que é vítima de perseguição “pelas coisas boas que fez pelo país”.

Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
“Em respeito à lei, vou prestar quantos depoimentos forem necessários. Podem me chamar que estou lá. Se tem uma coisa que eles tem que aprender é que eles não estão habituados com o cidadão, que a única coisa que tenho orgulho é que conquistei o direito de andar de cabeça erguida. Provem uma corrupção minha e eu irei a pé para ser preso”, disse em discurso, durante evento organizado pelo PT no Novotel Jaraguá, na capital paulista. Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz pronunciamento sobre a denúncia apresentada contra ele pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato. Ontem (15), o ex-presidente foi denunciado, no âmbito da Lava Jato, por procuradores do Ministério Público Federal à Justiça pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e falsidade ideológica. Na denúncia, os procuradores dizem que o ex-presidente recebeu vantagens indevidas referentes à reforma de um triplex em Guarujá (SP) feita pela empreiteira OAS. A esposa de Lula, Marisa Letícia, também foi denunciada. De acordo com  procurador da República Deltan Dallagnol, o ex-presidente era o "comandante máximo do esquema de corrupção identificado na [Operação] Lava Jato". “Não conheço pessoalmente os meninos que fizeram o espetáculo de pirotecnia. Mas pela educação que eu tive de berço, eu respeitaria mais a família deles do que eles respeitaram a minha”, disse. “Aprendi que não adianta ficar nervoso ou zangado. Se ficar, você sofre mais e faz o jogo do adversário. Ontem, eu não quis ficar zangado. Só não compreendia o porquê daquilo. Por que se convoca a coletiva, com dinheiro público e se diz 'não tenho prova, mas tenho convicção'? Não posso dizer qual é a convicção que eu tenho deles. Eles tinham a prova do avião [em referência ao helicóptero da família do senador Zezé Perrella (PDT), apreendido em 2013, com cocaína], eles viram a cocaína, tinham a prova, mas eles não tinham convicção”, acrescentou, sendo aplaudido pelo público que acompanhava o discurso, entre eles parlamentares petistas e líderes de movimentos sociais.
Mentira O ex-presidente negou que seja dono do apartamento citado pelos procuradores e que é vítima de uma mentira. “Me dedicaram um apartamento que não tenho, me dedicaram uma chácara que não é minha, me dedicaram até a ser comandante [do esquema de corrupção na Petrobras]. 'Não tenho prova, mas tenho convicção' [em referência a comentário dos procuradores durante detalhamento da denúncia] de que quem mentiu está em uma enrascada. Tenho convicção de que setores da imprensa que mentiram vão ter que construir uma versão para sair dessa enrascada. E não vou perder sono por causa disso. Quem vai perder o sono é quem acha que eu perderei o sono. A história mal começou. E eu ainda vou viver muito”, disse. Lágrimas Em dois momentos do discurso, Lula foi as lágrimas. O primeiro deles ao dizer que conquistou o direito de “andar de cabeça erguida”, sendo saudado pelo público presente no hotel no centro da capital que gritava “Lula, guerreiro do povo brasileiro”. No segundo momento, Lula lembrou da infância pobre, recordando ter passado fome. “Tenho certeza de uma coisa: nada. Só Deus, pode me fazer parar de luta pelo que acredito. Tenho uma razão e motivação e quando se tem isso, não tem tempo para canseira”. O ex-presidente provocou seus críticos: “Nenhum deles é maior do que a lei. Quando eu transgredir a lei, me punam para ser exemplo. Mas quando eu não transgredir, procurem outro para dar problema”. PT Lula disse ainda ter orgulho de ter fundado o PT. Ao final do discurso, ele mostrou a camisa do PT, que estava vestindo. “Quero dizer a quem não gosta do PT que cada petista nesse país tem que começar a andar de camisa vermelha. Esse partido tem que ter orgulho. Esse partido, aos 36 anos, tem que ter orgulho porque nunca ninguém fez o que esse partido fez”. Ato de apoio Do lado de fora do hotel, dezenas de pessoas se reuniram em um ato de apoio ao ex-presidente, que discursou para militantes, parlamentares do PT, ex-ministros e líderes de movimentos sociais. A manifestação, convocada pelas redes sociais, fechou parte da Rua Martins Fontes e terminou às 15h30. A enfermeira Edva Aguilar, 59 anos, participou do ato que, segundo ela, era "de repúdio à Justiça, ao Ministério Público, à Polícia Federal, ao Supremo e a todas essas instituições que são parciais e partidárias e que são antipetistas e colaboraram para o golpe nesse país”. Para ela, as acusações contra Lula são infundadas e ele está sendo perseguido "por representar o povo". “Eles têm muito medo que Lula volte ao poder. Eles têm muito medo que Lula, em 2018, seja eleito”, disse. "Se Lula era o chefe do petrolão, porque então ele ficou com uma fatia tão pequena, com um simples triplex enquanto os outros tem apartamento em Paris? Como é que ele ficou com um 'sitiozinho' onde ele vai carregando isopor na cabeça? Vamos abrir os olhos. Os grandes corruptos são acobertados pela Justiça e pela mídia", acrescentou.
Edição: Carolina Pimentel

Posted On Sexta, 16 Setembro 2016 06:06 Escrito por O Paralelo 13

Por Edson Rodrigues

A ex-ministra da Agricultura e senadora Kátia Abreu enfrenta um momento de perdas. Perdeu sua amiga e protetora, a presidente Dilma Rousseff, apeada do cargo, perdeu o ministério da Agricultura, perdeu o prestígio em seu partido, o PMDB e, finalmente, perdeu o comando da CNA – Confederação Nacional da Agricultura – entidade que reúne os principais produtores rurais do País e é o esteio do crescimento do setor, o mais importante da economia brasileira – com o voto de todas as Federações Estaduais de Agricultura, exceto a do Tocantins.  Agora, é persona non grata na entidade.
Em meio a essas derrotas, Kátia Abreu também perdeu amigos e ganhou muitos adversários e inimigos, entre eles o atual presidente interino da República, Michel Temer, que é, também, presidente nacional do PMDB, que realizou uma “intervenção branca” no diretório estadual do partido, destituindo da presidência o ex-deputado federal Jr. Coimbra.
Lembramos que foi Temer o avalista da entrada de Kátia no PMDB, quando foi empurrada “goela abaixo” dos modebas tradicionais e por onde foi candidata ao Senado, sob as bênçãos da família Miranda, com quem rompeu logo depois de eleita.
Foi depois desses fatos que passou de inimiga à grande amiga da presidente Dilma Rousseff e colecionou desafetos como os ministros Gedel Vieira, Eliseu Padilha e o deputado Eduardo Cunha, o tucano José Serra, em quem jogou uma taça de vinho na cara, além de toda a cúpula do PMDB, que vai lhe impor a grande humilhação, que será a expulsão do partido, caso ela não se desfilie por livre e espontânea pressão. SAIR OU “VOMITAR”
Caso Kátia opte por permanecer no PMDB e enfrentar uma expulsão, terá a oportunidade de defender a si mesma, como fará Dilma Rousseff no Senado.  Se lhe for dada essa oportunidade, a senadora poderá “vomitar” muitas versões de fatos ocorridos, colocando em risco membros da cúpula nacional do PMDB, mesmo sob o risco de ter sua vida passada em um pente fino, assim como ocorreu quando enfrentou – e derrotou – o ex-presidente Lula na votação CPMF.
Vale ressaltar que o mesmo pente fino foi acionado por Lula à época e nada foi encontrado – para desespero dos petistas – que desabonasse a senadora tocantinense. Resta saber se Kátia resistiria a uma nova investida sobre sua vida pública.
Kátia está correndo o risco de perder o apoio em suas bases eleitorais, já que, preocupada com sua situação e com as eleições municipais da Capital, Palmas, deixou de dar o apoio incondicional que dava a todos os seus correligionários nos demais municípios tocantinenses.  Sem prestígio e sem poder, esse tratamento nunca mais será o mesmo, lembrando que a aposta da senadora para a prefeitura em Palmas, Raul Filho – o homem do patrimônio que subiu de 900 mil reais para 12 milhões de reais em tempo recorde, um empreendedor e tanto –, acaba de escorrer pelo ralo, deixando muita gente a ver navios.
Kátia sem partido será como um “leão sem dentes” no Senado, já que não poderá participar de nenhuma Comissão, muito menos solicitar qualquer audiência, seja com os ministro, seja com o próprio presidente da República, muito menos com o governador Marcelo Miranda, ficando de pés e mão atados durante os próximos dois anos, pelo menos, sem poder mandar um presentinho sequer, um agrado aos seus militantes dos 139 municípios do Tocantins, ou seja, perderá boa parte dos seus “atrativos”.
Sem sombra de dúvida, um inferno astral de fazer inveja...

Posted On Segunda, 29 Agosto 2016 06:10 Escrito por O Paralelo 13

Cassação da chapa Dima/Temer pode adiar das eleições municipais e tumultuar ainda mais o cenário político do País

 

Por Edson Rodrigues

 

Durante auditoria realizada pelo Tribunal Eleitoral, as gráficas VTPB, Focal e Red Seg, que receberam R$ 52 milhões da campanha da presidente afastada, em 2014, não comprovam que prestaram os serviços declarados

No dia 20 de abril, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, corregedora-geral da Justiça Eleitoral, autorizou a apuração das suspeitas de que a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014, havia utilizado gráficas para lavar dinheiro do Petrolão. Na última semana, o relatório entrou em fase final de redação e uma perícia deverá ser oficialmente divulgada no próximo mês. Foi apurado que as evidências de lavagem de recursos desviados da Petrobras se confirmaram. As empresas VTPB, Focal e Red Seg não conseguiram comprovar que prestaram os serviços declarados durante as últimas eleições, o que reforçam os indícios de que eram mesmo de fachada e serviram de ponte para o pagamento de propinas do Petrolão. Juntas, elas receberam uma fábula da campanha de Dilma em 2014: R$ 52 milhões.

A Focal foi a segunda que mais recebeu recursos do PT, só ficando atrás do marqueteiro João Santana. Um total de R$ 24 milhões. Mas a gráfica, assim como a VTPB e a Red Seg, simplesmente não apresentou notas fiscais, comprovantes de pagamento, ordens de serviço, contratos trabalhistas ou de subcontratação de terceiros, além de extratos de transferências bancárias que justificassem as atividades exercidas para a campanha de Dilma a um custo milionário. Esses documentos eram fundamentais para provar que as gráficas não foram usadas como laranjas pelo PT para esquentar dinheiro ilegal. A ausência da papelada compromete a campanha de Dilma e incrementa o caldo político que pode levar ao seu afastamento definitivo em agosto, no derradeiro julgamento do impeachment. “A ausência da devida comprovação de gastos eleitorais, principalmente quando envolver altos valores, pode indicar a ocorrência de graves fraudes e até lavagem de dinheiro, com sérias consequências”, afirmou o presidente do TSE, Gilmar Mendes.

As suspeitas de que o montante repassado à Focal, VTPB e Red Seg era oriundo do esquema do Petrolão foram levantadas a partir da delação premiada de donos de empreiteiras presos em decorrência dos desdobramentos da operação Lava Jato. O mandatário da UTC, Ricardo Pessoa, que assinou a colaboração com o Ministério Público, afirmou que repassou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma Rousseff (PT). E que o dinheiro teve origem no Petrolão. O mesmo empresário contou que realizou três repasses de R$ 2,5 milhões. Ao que tudo indica, uma dessas parcelas serviu para saldar notas fiscais da VTPB e Focal. O repasse ocorreu em 27 de agosto ao tesoureiro Edinho Silva, ex-ministro das Comunicações, que realizou quatro depósitos na conta da VTPB no total de R$ 1,7 milhão. Outros R$ 672,6 mil irrigaram os cofres da Focal. Aproximadamente R$ 1,8 milhão teve como destino a gráfica Red Seg. Esses não foram os únicos repasses feitos pela campanha de Dilma às fornecedoras suspeitas de lavagem de dinheiro. Os maiores montantes destinados à Focal e à VTPB também são de 2014 e da ordem de R$ 24 milhões e R$ 23 milhões, respectivamente.

Chamou a atenção do TSE o volume gasto pelo comitê eleitoral de Dilma com serviços de confecção de faixas e santinhos. No dia 29 de julho do ano passado, o ministro Gilmar Mendes, que ocupava a cadeira de vice-presidente da corte eleitoral, pediu à Polícia Federal que investigasse as três empresas. No documento, Mendes recomendou que os agentes concentrassem as atenções na empresa Focal. A PF aproveitou e relacionou a VTPB no bojo da apuração. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já apontava para a existência de crime de lavagem de dinheiro praticado pela VTPB uma vez que havia a comunicação de movimentação atípica nas contas da empresa.

Outro indício de que as empresas fornecedoras possam fazer parte do esquema de lavagem de dinheiro, por meio de serviços gráficos, refere-se à prestação de contas da campanha da petista. Há centenas de recibos eleitorais de doações de materiais e serviços. Parte deles está em nome dos mesmos financiadores diretos da campanha. Ou seja, o “produto” doado é produzido pelas mesmas empresas suspeitas, mas leva o carimbo de outra campanha. É o caso do deputado Vicentinho. Ele encomendou à Focal Comunicação a produção de centenas de faixas para a campanha da presidente. O que intriga a investigação é que o petista, que arrecadou pouco mais de R$ 1,4 milhão, tenha ainda contribuído materialmente para a reeleição de Dilma com R$ 350 milhões.

Também intrigou os técnicos do TSE o fato de valores declarados nos recibos de doação de materiais serem muitas vezes bem abaixo do valor praticado no mercado. Do total da produção de santinhos pela Axis Grafica, de São Caetano do Sul (RS), o Comitê Financeiro do PT doou para a campanha de Dilma 6,5% de um total de 30 mil, ou 1.950 itens. O valor declarado pela campanha foi de apenas R$ 14,62. Mas uma no mercado gráfico o valor médio é de R$ 1,8 mil para a quantidade total encomendada e de R$ 121 equivalente ao percentual doado.

A ministra Maria Thereza, relatora do pedido de cassação de Dilma no TSE, ainda está pedindo o compartilhamento de provas e informações obtidas pelas investigações da PF. Em entrevista, o ministro Gilmar Mendes ponderou que “nem todas as diligências foram cumpridas pelo TSE e há outras em curso, de modo que há de se aguardar uma maior quantidade de elementos para elaboração do relatório final da perícia”. O prazo é de 90 dias, que alcançará meados de agosto. Até lá, é possível que o afastamento definitivo de Dilma Rousseff já tenha sido julgado pelo Senado.

 

SUSPENÇÃO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Caso as apurações do TSE avancem até a cassação da chapa Dilma/Temer, a situação política no Brasil vai se tornar um tanto quanto complicada, já que, com as novas regras eleitorais, em que o financiamento de campanhas será bem menos “farto”, é bem possível que o próprio TSE resolva adiar as eleições municipais de outubro próximo, para que aconteçam ao mesmo tempo que as novas eleições presidenciais, o que aconteceria em novembro, num primeiro momento.

Caso isso aconteça, todo o cenário político nacional sofrerá mudanças significativas, pois aliados deixarão de ser aliados, adversários passarão a ser aliados e dois nomes vão assumir o cento das atenções: Luiz Inácio Lula da Silva e Marina Silva.

Os dois, Lula e Marina são os únicos políticos de abrangência nacional com poder de aglutinar à sua volta militantes de várias vertentes.  Lula por ser o “caudilho” do PT, o endeusado dos que vestem vermelho, o que nunca soube de nada e, até agora, intocado pelas investigações judiciais.

Marina por ter passado ao largo de toda e qualquer suspeita de irregularidades, por ter sido um fenômeno eleitoral nas eleições de 2010 e por ter o poder de atingir tanto as camadas mais pobres da população quanto os intelectuais.

Logo, é bom que se preste muita atenção ao fim do recesso da Justiça, quando uma única decisão do TSE pode mudar todo o panorama político do “Brasil grande”, presidencial, e do “Brasil pequeno”, municipal.

O que será que o futuro nos reserva?

Posted On Quinta, 14 Julho 2016 07:35 Escrito por O Paralelo 13

A Polícia Federal investiga fraudes em 250 contratos sobre a Lei Rouanet que não passaram pela fiscalização do Ministério da Cultura. A informação foi divulgada pela PF nesta terça-feira, após a deflagração da Operação Boca Livre, em parceria com a Procuradoria da República e o Ministério da Transparência. A organização criminosa agia desde 2001.

Agência Estado

Um efetivo de 124 policiais federais saiu às ruas para cumprir 14 mandados de prisão temporária e 37 de buscas em dez empresas de grande porte de São Paulo, Rio e Brasília que teriam se beneficiado do esquema montado por uma companhia promotora de eventos culturais, o Grupo Bellini, de São Paulo. A PF fez buscas no Ministério da Cultura. Ninguém foi preso na Pasta. O dinheiro captado junto ao Ministério por meio do incentivo da Lei Rouanet era usado para shows e eventos particulares. Segundo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a verba servia para "enriquecer fortunas pessoais". A operação Boca Livre mostra que até dinheiro liberado oficialmente para eventos infantis e difusão de atividades indígenas foi desviado para custear gastos com a contratação de orquestras para festas de fim de ano de empresas. Nos autos da Boca Livre há imagens e dados de um casamento suntuoso na praia do Jurerê Internacional, em Santa Catarina de um filho do empresário Antonio Carlos Bellini Amorim, alvo da investigação. "Essas distorções foram identificadas ao longo da investigação, isso está muito bem materializado nos autos", declarou o delegado Rodrigo de Campos Costa, da Delegacia Regional da PF de Combate e Investigação contra o Crime Organizado. A PF identificou fraudes "grosseiras" - projetos duplicados, copiados. "Beira mais de 250 projetos maculados por irregularidades", disse o delegado. "A investigação mostrou que eles não foram fiscalizados. A razão vamos determinar nessa segunda fase do inquérito, a partir da análise do material apreendido e dos depoimentos." A PF informou que a fraude ocorria na modalidade isenção fiscal. "Basicamente, um grupo investigado apresentava projetos junto ao Ministério da Cultura para captação de recursos junto à iniciativa privada", relatou o delegado. "Uma vez deferido o projeto, feito o trâmite burocrático, o grupo procurava as empresas, mas com a obrigação de promover eventos relacionados à cultura. Na verdade, o objetivo da lei não foi atendido, muito menos atingido. Verificamos realização de eventos privados, fechados e sem cunho cultural, conforme a Constituição exige." A PF e o Ministério da Transparência sustentam que "várias fraudes foram identificadas, como superfaturamento e produtos fictícios, apresentação de notas fiscais sem que o serviço fosse efetivamente prestado, projetos duplicados, a mesma foto, o mesmo folder, os mesmos requisitos. Só mudavam o nome do projeto e a contrapartida para as empresas que patrocinavam os eventos era a dedução de imposto de renda." "Era um toma-lá-dá-cá", declarou a procuradora da República Karen Lousie Kahn, que integra a força-tarefa da Operação Boca Livre. "As empresas ganhavam duplamente na medida em que eram beneficiadas com as deduções de Imposto de Renda. Além disso, existia a contrapartida como uma condição para que patrocinassem os projetos. Havia o superfaturamento. Era uma forma de aumentarem seus lucros, se valendo, se aproveitando desse superfaturamento que acabava revertido para o seu próprio proveito." A Boca Livre indica que o grupo que supostamente promovia os eventos captava os recursos "com facilitações" no âmbito do Ministério da Cultura. "O Ministério não só propiciava as condições ideais para a aprovação desses projetos forjados como também exercia uma fiscalização pífia ou nenhuma de uma forma dolosa para que esses projetos plagiados, copiados, repetidos, não fossem identificados como tais", esclareceu Karen Kahn. A procuradora reiterou que as empresas "se beneficiavam com a isenção, além do superfaturamento". "O valor era partilhado entre esse grupo criminoso e os patrocinadores revertiam esses valores em benefícios como eventos de fim de ano, livros que falavam da trajetória profissional da empresa, entre outras benesses." Segundo o Ministério da Transparência, "a organização era responsável pela proposição de iniciativas junto ao Ministério da Cultura e também junto à Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo para a aprovação e utilização de verbas de incentivo fiscal previstas na Lei Rouanet". "A Operação verificou que eventos corporativos, shows com artistas famosos em festas privadas para grandes empresas, livros institucionais e até mesmo festa de casamento foram custeados com recursos de natureza pública." Defesa Em nota, o Ministério da Cultura, afirmou: "As investigações para apuração de utilização fraudulenta da Lei Rouanet têm o apoio integral do Ministério da Cultura (MinC), que se coloca à disposição para contribuir com todas as iniciativas no sentido de assegurar que a legislação seja efetivamente utilizada para o objetivo a que se presta, qual seja, fomentar a produção cultural do País." Já o escritório Demarest Advogados divulgou nota de esclarecimento sobre a "Operação Boca Livre" da Polícia Federal, que nesta manhã esteve em seu escritório em São Paulo. "O objetivo da visita foi a solicitação de documentos e informações relacionados a empresas de marketing de eventos que prestaram serviços ao escritório no âmbito da Lei Rouanet. Tais empresas são alvo da operação. O escritório enfatiza que não cometeu qualquer irregularidade, e informa que colaborou e continuará a colaborar com a investigação". A KPMG no Brasil informa que "não é objeto de investigação na denominada Operação Boca Livre conduzida pela Polícia Federal. O fato da PF comparecer ao nosso escritório se deu pelo cumprimento de diligência para coletar documentos referentes a contratos com empresas de publicidade e propaganda (alvos da investigação) e que prestaram serviços para a KPMG no apoio a projetos culturais. A KPMG, certa de que não cometeu qualquer ato ilícito, está e continuará a contribuir com as autoridades de maneira transparente para o fornecimento das informações necessárias." Em nota, a Scania informa "que tomou conhecimento hoje pela manhã da operação Boca Livre deflagrada pela Polícia Federal. Esclarece que não tem mais informações, mas está colaborando integralmente com a investigação e à disposição das autoridades".

Posted On Quarta, 29 Junho 2016 06:06 Escrito por O Paralelo 13
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