Caso o DEM não componha com a oposição na disputa de Fortaleza em 2020, é sinal de que a articulação PDT/DEM para 2022 está dando resultados
Por Fábio Campos
O novo namoro de Ciro Gomes (PDT) com o DEM ganha novos contornos com uma declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Em entrevista ao O Globo, ao falar sobre Ciro, a quem se referiu como um político “que tem palavra”, o deputado afirmou que não teria problemas em apoiar um nome “um pouco mais à esquerda”.
Ciro tenta trilhar o mesmo caminho de 2018. No fim de julho de 2018, o apoio do DEM e de outros partidos do Centrão a Ciro estava muito bem alinhavado. Até que entrou Lula e destroçou a articulação que vinha sendo conduzida por Ciro e Cid Gomes. E o que Lula fez? Convenceu o PP a vetar o apoio a Ciro, fator que foi suficiente para afastar o grupo de partidos.
Foi um balde água fria na candidatura do pedetista. Dali em diante, Ciro entrou campanha presidencial sem alianças, sozinho, sem recursos de fundos eleitorais, sem palanques relevantes nos estados e sem tempo na TV. Deu no que deu.
Na época, o DEM e os partidos do Centrão, que haviam feito acordo de marchar unidos na campanha, resolveram apoiar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin. A coligação deu ao tucano as maiores fatias de tempo de TV e do fundo eleitoral, mas ele terminou a disputa em quarto lugar, com menos de 5% dos votos.
Desde então, o DEM se fortaleceu muito e o Centrão se desarticulou com a eleição de Jair Bolsonaro que, hoje, nem sequer tem um partido. Trocando em miúdos, diante do quadro político delineado, em que Ciro é praticamente o único nome nacional que, até aqui, se coloca como antípoda da direita e da esquerda, as condições políticas do pedetista são até melhores que as de 2018.
Em um bom resumo feito pela Folha, esse movimento do que se convenciona chamar de “centro” é capitaneado pelo DEM para defender uma posição política moderada que visa furar a polarização Bolsonaro-Lula.
O grupo é formado por DEM, PP, PL, Solidariedade e Avante. Cada um gasta R$ 40 mil de recursos do fundo partidário por mês para financiar uma plataforma. Presidentes do PSD, do MDB e do Republicanos também têm atuado em reuniões.
Curiosamente, a conversa que já está em andamento pode ter impactos também na disputa pela Prefeitura de Fortaleza. Fiquem atentos ao seguinte movimento: se o DEM não compor com a oposição em Fortaleza, é sinal de que a articulação PDT/DEM está dando resultados.