Um dos principais contistas da literatura brasileira faleceu de causas naturais, na residência em que morava sozinho, na capital paranaense
Por Jorge de Sousa
Dalton Trevisan, conhecido como o Vampiro de Curitiba, morreu nesta segunda-feira (9), aos 99 anos. O escritor é considerado um dos principais contistas da literatura brasileira e faleceu de causas naturais, na residência em que morava sozinho na capital paranaense.
Trevisan recebeu o apelido Vampiro de Curitiba pelo perfil reservado e por raramente conceder entrevistas, fazer aparições públicas e não aceitar ser fotografado.
O contista nasceu em 14 de junho de 1925 em Curitiba e sempre morou na capital paranaense, cidade que inspirou Trevisan a criar personagens e universos da maioria dos livros.
Antes de iniciar a carreira de contista, Trevisan trabalhou na juventude na fábrica de vidros da família e se graduou em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Enquanto estava na faculdade, a carreira como contista também começou para Trevisan. Os primeiros contos do autor eram publicados em folhetos menores, a maioria feitos por estudantes da UFPR.
Mas em 1946, Trevisan lançou a revista Joaquim, que rapidamente fomentou a produção literária na capital paranaense.
Nomes como Antonio Cândido, Mário de Andrade, Otto Maria Carpeaux e Carlos Drummond de Andrade publicaram textos no folhetim, que ainda contava com traduções de obras de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide.
A publicação foi mantida até 1948 e contou com os dois primeiros livros escritos por Trevisan: Sonata ao Luar e Sete Anos de Pastor. Curiosamente, o contista renegou ambas as obras anos depois.
Curitiba ganhou mais destaque com as obras de Trevisan com obras como Guia Histórico de Curitiba, Crônicas da Província de Curitiba, O Dia de Marcos e Os Domingos ou Ao Armazém do Lucas, todas lançadas na década de 1950.
Trevisan sempre reforçou a importância da capital paranaense em suas produções, em especial, as tramas cotidianas de uma capital, que carrega e preserva as origens provincianas no dia a dia.
Em 1959, Novelas Nada Exemplares foi lançado e com essa publicação Trevisan se tornou de forma definitiva reconhecido nacionalmente. A obra rendeu ao contista o Prêmio Jabuti, sendo essa a principal premiação da literatura brasileira.
A década de 1960 marcou o lançamento de alguns dos principais livros de Trevisan como Morte na Praça, Cemitério de Elefantes, O Vampiro de Curitiba e A Guerra Conjugal, sendo que esse último foi adaptado para o cinema e exibido na edição de 1975 do Festival de Cannes.
Em 1994, Trevisan lançou um dos trabalhos mais laureados da carreira. Ah, é?. O livro conta com ilustrações do renomado artista plástico Poty Lazzarotto, a obra aborda de forma minimalista e irônica diversas situações cotidianas da capital paranaense.
Um dos últimos livros publicados por Trevisan é A Polaquinha, o único romance lançado pelo autor na carreira.