DEPOIS DO POVO, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO QUEREM ENTERRAR DEMOCRACIA BRASILEIRA

Posted On Quinta, 28 Mai 2020 17:53
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Disputa para mostrar “quem manda mais” deixa população abandonada em meio à pandemia

 

Por Edson Rodrigues e Luciano Moreira

 

“O Brasil não é um País sério”. Infelizmente somos obrigados a concordar com Carlos Alves de Souza Filho, um diplomata brasileiro e genro do ex-presidente Artur Bernardes que, durante encontro com o presidente francês Charles de Gaulle proferiu essa assertiva acerca dos acontecimentos que colocavam as duas nações em conflito por causa da pesca de lagostas no litoral brasileiro.

 

Pois bem, agora não são países que se digladiam, são Poderes Constituídos.  E não são lagostas que embalam a discórdia, são togados e ministros de estado que ignoram uma pandemia que está matando dezenas de milhares de brasileiros, para, com atos intempestivos, tentar mostrar, não se sabe para quem, quem manda mais.

 

Faz-se extremamente necessário que os próceres do Poder que se mantém – ainda – fora desse conflito, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara Federal, Rodrigo Maia, chamem as partes à um entendimento, e apontem os dedos para os hospitais lotados de pessoas em estado grave e para os cemitérios abrindo covas com antecedência, pois mais gente vai morrer além dos 25.935 que já sucumbiram à falta articulação entre os poderes, para fazer com que as atenções dos mandatários deste “Brasil que nunca se viu” voltem para a realidade nua e crua.

 

UM PIOR QUE O OUTRO

Tudo começou com a divulgação do vídeo da reunião ministerial, recordista mundial em palavrões, realizada no dia 22 de maio, quando o ministro da Educação(?) Abraham Weintraub, comparar os ministros do STF a “vagabundos” e sugerir que “todos deveriam estar na cadeia”.

 

Com a honra condoída, o ministro do STF, Alexandre der Moraes, comprou a briga em nome de todos os “togados” e deflagrou  uma operação da Polícia Federal para cumprir mandados judiciais contra empresários, blogueiros e parlamentares por suposta produção e disseminação de notícias falsas, cujos alvos, se somados, levam exatamente aos filhos do presidente Jair Bolsonaro, com direito a quebra de sigilos fiscal e bancários.

 

Em contrapartida, em ato inédito, o próprio Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, impetrou habeas cCorpus no STF em favor do ministro da Educação, Abraham Weintraub,  e causou estranheza, pois está sendo visto como uma decisão política.

 

No habeas corpus, o ministro alegou que o pedido é resultado de uma sequência de fatos que, do ponto de vista constitucional, representam a quebra da independência, harmonia e respeito entre os Poderes, desejada por todos.

 

André Mendonça se perdeu, entretanto, ao solicitar, no mesmo documento, habeas corpus para os investigados pela operação da Polícia Federal sobre as fake news.

 

PANOS QUENTES

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que o Brasil esteja a ponto de um golpe de Estado. Nesta quarta-feira, o deputado e filho do presidente da República, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), disse que uma ruptura institucional "não é mais uma opinião de se, mas de quando".

 

Em entrevista à Rádio Tupi, Maia afirmou que as instituições estão "garantindo sua independência". Reprovou, porém, as falas de Jair Bolsonaro e de seu filho. Hoje, o presidente disse que "ordem absurda" não deve ser cumprida, em referência à ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, seja ouvido sobre disseminação de notícias falsas.

 

— A decisão do próprio ministro Alexandre (de Moraes) de ouvir Weintraub precisa ser respeitada. A gente não pode ir contra uma decisão do Judiciário porque foi contra um aliado nosso. Precisam ser respeitadas. O governo tem o direito de criticar, (mas) o tom é ruim, o tom é excessivo.

 

— O Supremo vai continuar tendo o apoio do Legislativo para tomar suas decisões de forma independente. Frases como essa apenas criam um ambiente de maior radicalismo entre as instituições, e isso é ruim — afirmou.

 

MILITARES

 

Mais tarde, Maia foi questionado por jornalistas sobre novas declarações de Eduardo Bolsonaro. O filho do presidente disse à rádio Bandeirantes que militares poderiam "botar panos quentes" no conflito entre Executivo e STF, para que depois seja retomada a normalidade democrática.

 

— Acredito que os militares têm responsabilidade, sabem o seu papel. Sabem que o seu papel não é muitas vezes o que é defendido pelo deputado Eduardo Bolsonaro.