A deputada federal Josi Nunes veio àPorto Nacional, no último dia 25 de abril, ocasião em que nos fez uma visita para um café da manhã na nossa residência e nos falou com exclusividade sobre sua atuação em Brasília e seu apoio a prefeitos, vereadores e lideranças políticas do PMDB no Tocantins, principalmente ao governador, Marcelo Miranda.
Por Edson Rodrigues
Outro assunto que foi tratado foi o seu recente questionamento, via ofício, à senadora e ministra Kátia Abreu, solicitando que sejam esclarecidos a forma e os motivos que a levaram a criar 52 comissões provisórias nos municípios, de forma quase que imperiosa, sendo que o estatuto exige que tal ação seja fruto de uma decisão colegiada.
Em um ofício muito bem fundamentado, Josi indaga a legalidade da ação, já que “estão dissonantes com o estabelecido no estatuto do partido, nos artigos 42 e 32, parágrafo 1º, já que não podem ser levadas a efeito isoladamente por qualquer dos membros, mesmo que o presidente”.
A deputada alerta, no ofício, que se não forem repassadas as explicações solicitadas “serão tomadas as medidas judiciais cabíveis com o intuito de anular as comissões eventualmente nomeadas ao arrepio do estatuto do partido”.
Racha
Questionada por nós se tal atitude não poderia resultar em mais um racha no PMDB tocantinense, ela foi enfática em afirmar que sua intenção não é essa, apenas “ser a voz dos nossos companheiros peemedebistas dos rincões do interior do estado, que estão sendo preteridos, mesmo tendo prestado todo apoio à eleição tanto de Marcelo Miranda quanto de Kátia Abreu, em detrimento de pessoas que estavam em lados opostos e que têm conseguido muito mais espaço que nossos companheiros tradicionais.Defendo apenas o compromisso assumido com aqueles que ficaram quatro anos sob a chibata e que nunca saíram do lado de Marcelo Miranda”, destacou a deputada.
A deputada Josi Nunesafirmou ainda que não está brigando ou se colocando contra quem quer que seja. Ela chama sua luta como a “busca do equilíbrio para que os verdadeiros companheiros participem dessas comissões criadas por Kátia Abreu e, não, pessoas que aderiram recentemente ao PMDB”, enfatizando que foi procurada por peemedebistas tradicionais de diversos municípios e que, diante dos fatos, não pode se acovardar e que assumiu, sim, esse papel, em benefício do povo tocantinense.
“Não estou afrontando a senadora e ministra Kátia Abreu nem sua liderança.O que não posso é deixar nossos companheiros sem voz, pois o suor derramado por eles nesses últimos quatro anos têm que valer à pena. Quem esteve conosco abrindo caminhos, tem que ter vez”, enfatizou a parlamentar.
Quanto ao governo realizado por Marcelo Miranda, Josi disse que sacrifícios são necessários e que o partido e o governo têm que procurar resolver seus problemas sem criar outros, pois “Marcelo Miranda herdou muitos outros problemas e precisa de tranquilidade para governar”.
Nosso ponto de vista
Após ouvir as ponderações da deputada Josi Nunes e observar o comportamento dos demais personagens desse imbróglio, com relações as argumentações feitas pela deputada à ministra e senadora Kátia Abreu, podemos antever n o horizonte mais um racha no PMDB tocantinense. Os próximos diasserá fundamental para saber se a sangria pública por que passa o partido vai ser estancada ou desandar de vez.
Isso porque, as desavenças que pode acontecer será bem diferente das ocorridas por conta das ações do ex-deputado Jr. Coimbra, que visavam uma aproximação do PMDB com o PSDB do ex-governador Sandoval Cardoso. Desta feita será uma contenda armada entre a base do partido, por um lado defendida por Josi, que pretende fortalecer candidaturas no ano que vem, a prefeitos e vereadores e, do outro, a um grupo que já trabalho a corrida ao Palácio Araguaia, sem no entanto se comunicar com as bases e, além do que, desrespeitando história do partido.
Josi Nunes está legitimada por suas bases, é uma pessoa de caráter, de personalidade, deve sua eleição a isso e nunca teve seu nome envolvido nas diversas contendas do PMDB com a Justiça. Esse posicionamento assumido por ela, agora, será determinante no que acontecerá com o PMDB do Tocantins num futuro bem próximo.
Analistas políticos de plantão afirmam que os posicionamentos estão muito claros e que as opções dentro do PMDB são limitadas:ou o apoio à Kátia ou a saída do partido.
Podemos afirmar, com nossa experiência, que Kátia Abreu já tem seus planos e projetosdentro do PMDB, bem claros, que são definir os candidatos a prefeitos e vereadores para 2016 e contar com o apoio dos eleitos para a eleição para o governo em 2018, contando ainda com o apoio do PSD e do PL – recém criado por Gilberto Kassab – no estado.
Quem rezar por sua cartilha e seguir seus mandamentos, terá seu total, irrestrito e importantíssimo apoio. Quem discordar, terá a porta de saída como “serventia da casa”.
Kátia Abreu sabe que na política tem ter dureza sem perder a ternura. Há que ter determinação e total controle dos seus domínios, sob o risco de ser catapultado do poder por seus próprios “pupilos”, como aconteceu com Siqueira Campos ao tentar apoios dos mais diversos seguimentos para os projetos políticos de seu filho, Eduardo Siqueira Campos.
E enganam-se os que pensam estar acima das determinações de Kátia Abreu. De “Pedro” a “José”, todos têm que estar empenhados em cumprir e acatar suas determinações. Essa sempre foi a forma da senadora e ministra de fazer política e, sinceramente, achamos que é a forma certa de fazer política.
Kátia Abreu já escalou e está preparando seu time para as eleições de 2016. Sua estratégia é ganhar o campeonato para, depois, conquistar a torcida. Sua visão é de longo prazo e visa formar sua base para as eleições de 2018.
Levando-se em consideração tudo por que já passou o PMDB do Tocantins, tudo é possível de acontecer nesse processo atual. Toda essa movimentação pode resultar tanto em uma união entre Marcelo Miranda e Kátia Abreu e as bases do interior quanto em uma implosão completa do partido.
Tudo é uma questão de acomodação, pois, para aceitar o apoio de Marcelo Miranda e seus correligionários, Kátia Abreu, certamente, exigirá cargos do 5º ao 1º escalão – motivo, aliás, de sua ruptura inicial com Marcelo Miranda, 15 dias antes da posse – e cabe á Marcelo Miranda e seus atuais colaboradores, cortar na própria carne para que o “corpo” se recupere, no final.
Quem viver – e olha que serão poucos no PMDB -, verá!