“Nunca conte seus problemas a ninguém... 20% não se importam e os outros 80% estão contentes de você tê-los”
LOU HOLTZ
Por Edson Rodrigues
O resultado das urnas vem causando um verdadeiro rebuliço na política tocantinense. O grau de renovação nas “províncias” deixou várias lideranças tradicionais preocupadas com seus planos políticos para o futuro – leia-se, a partir de 2022 –, criando um desconforto geral, principalmente nos que apostaram seus patrimônios políticos em candidaturas próprias ou no apoio a candidatos.
Em Palmas, o deputado federal Osires Damaso ensaiou uma candidatura a prefeito, não conseguiu aliados suficientes para uma boa base eleitoral e, sem musculatura, sua pré-candidatura não decolou, e ele preferiu emprestar seu nome para seus aliados, no interior, para ajuda-los em suas candidaturas a prefeito e vereador.
Já o deputado federal Eli Borges teve um prejuízo maior que seu colega de parlamento, pois bradou, do leito onde convalescia de Covid-19, que era “o candidato do palácio Araguaia a prefeito de Palmas”, acabou deixando escapar sua base política, principalmente “Felipim”, líder que foi um dos responsáveis por sua eleição a deputado federal, deixou as bases do interior do Estado a ver navios e, agora, não consegue mais juntar os cacos, restando, por enquanto, um caminho seguro, que seria uma vaga na Assembleia Legislativa Estadual, em 2022.
KÁTIA ABREU E VICENTINHO JR.
A senadora Kátia Abreu,PP, que acabou de ter alta após passar por momentos difíceis por conta da Covid-19, no hospital Albert Einsten, em São Paulo, fez postagem nas redes sociais redundando o que o deputado federal Vicentinho Jr.,PL, também vem alardeando, sobre “a postura de um político que se coloca como responsável pela eleição de 100 prefeitos”, afirmando que “aprendeu em um livro que ‘a soberba precede a ruína’”.
Senadora Katia Abreu
Cada um tem o direito de expressar sua opinião, mas o que não se pode negar nem apagar foi o fato de que enquanto os dois, Kátia e Vicentinho Jr. olhavam para seus próprios umbigos, dando preferência a candidaturas que os beneficiariam politicamente em 2022.
A questão é que essas postagens de Kátia e de Vicentinho, que não tiveram coragem de citar nome, cargo, cor, altura, filiação, gênero, partido, função de confiança no Congresso Nacional, até “a bisneta da Benzedeira Joana da Misericórdia”, que acabou de vir ao mundo esta semana, sabe que se trata de uma pessoa nascida no dia 28 de abril, ou seja, ganharam um tom de falta de coragem para apontar o alvo, pois será, se não já é, um tiro no próprio pé e um rompimento de uma possibilidade importante de integração de forças.
Senador Eduardo Gomes
Agora, após a eleição, enquanto Kátia e Vicentinho Jr. lamentam os resultados pouco animadores que obtiveram, - Kátia elegeu seis prefeitos, assim como Vicentinho Jr., sendo que três ou quatro dos eleitos pelo deputado federal já estão de “malas prontas” para outros partidos, é em Brasília que os prefeitos eleitos, por todos os partidos, estão fazendo peregrinação em busca de viabilizar seus mandatos.
As indiretas dos dois parlamentares que viram suas representatividades encolher no Tocantins, são vistas, nos bastidores, como “efeito colateral” pós eleição e é certo que tanto Kátia quanto Vicentinho Jr. devem começar a pensar em “planos Bs” para seus futuros políticos. Kátia, uma ex-ministra da Agricultura, ex-deputada federal, ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura, tem experiência política suficiente para traçar outros caminhos para sua carreira pública, podendo tentar permanecer no Senado, fechando alianças como outros partidos, ou tentar, com maiores possibilidades, uma vaga de deputada federal, lembrando que nas próximas eleições majoritárias também não haverá coligação proporcional, mas será uma decisão de foro íntimo.
Deputado Federal Vicentinho Junior
Insistir em permanecer no Senado não é impossível para Kátia Abreu, mas seu temperamento explosivo veio, ao longo de sua vida política, destruindo pontes e cortando alguns laços importantes que poderiam servir para abrir diálogos, e é inegável que perdeu musculatura política e que uma reeleição, hoje, seria, praticamente, operar um milagre. E, como Tancredo Neves falou, “não existe milagre em eleição majoritária. Tudo dependa da base construída”.
DEM
Já o Democratas, da deputada federal Dorinha Seabra, também não voa em “céu de brigadeiro”, e precisa ser oxigenado com uma política de novas filiações e atração de novas lideranças com potencial para disputar vagas na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. Uma “receita” que se aplica a todos os demais partidos presentes no Tocantins.
Deputada Dorinha
As previsões garantem um mínimo de 50% de renovação nas oito vagas de deputado federal que estarão em disputa em 2022 no Tocantins. Já para deputado estadual, é muito cedo para fazer qualquer previsão, pois é preciso que se conheça quantos deles irão tentar uma vaga na Câmara Federal e quantos farão o caminho contrários.
O certo é que tem muita gente contrariada, decepcionada e irritada com o resultado das eleições de 15 de novembro, ao mesmo tempo em que há pessoas tranquilas, satisfeitas e com a sensação de dever cumprido.
É fácil saber quem está melhor e mais preparado para o embate de 2022.
É bom que todos saibam, aliados e admiradores dos atuais congressistas, que todos podem estar em um mesmo palanque em 2022, pois, na política, a tábua de salvação é estar sempre próximo de quem está com credibilidade e com “cacife”, capaz de agradar todos os lados e ideologias envolvidas.
É só lembrar que quando Tancredo Neves aceitou a indicação de José Sarney para ser o seu vice, os militares se sentiram representados e o saudoso João Cruz já foi candidato a vice-governador na mesma chapa que Siqueira Campos.
Assim é a política.
Fica a dica!