Diretora do HGP rebate informações fornecidas após vistoria de órgãos de controle e conselhos regionais

Posted On Sábado, 11 Março 2017 06:44
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Alguns gêneros alimentícios estão sendo adquiridos diretamente pelo Estado, desde a saída da empresa terceirizada que prestava esse serviço ao Governo
Por Jesuino Santana Jr
A diretora do Hospital Geral de Palmas (HGP), Renata Nogueira Duran, comentou nessa quinta-feira, 9, a fiscalização dos órgãos de controle e conselhos regionais realizada na manhã da quarta-feira, dia 8, no HGP. “Em 2013, ainda na gestão anterior, foi iniciada uma ação civil pública conjunta pelo Ministério Público Federal [MPF], Ministério Público Estadual [MPE] e Defensoria Pública do Estado [DPE] e, no ano passado, houve uma audiência na qual o secretário de Estado da Saúde, Marcos Musafir, apresentou um planejamento com diversas ações para sanar os problemas apontados. Na semana que vem [dia 15], haverá uma nova audiência e esta fiscalização feita pelos denunciantes foi exatamente para avaliar as atuais condições, o que avançou e o que não avançou”, explicou.
Durante sua fala, Renata Duran explicou que não há, no momento, falta de alimentação aos pacientes do HGP, mas que o Estado enfrenta dificuldades para reposição de alguns itens de gêneros alimentícios. “Além dos gêneros, nós temos dois tipos de dietas especiais que são oferecidas aos pacientes. Uma chamada enteral e outra parenteral. A enteral, quem oferece é o setor de Nutrição, e a parenteral é oferecida ao paciente pelo setor de Farmácia. O Hospital Geral de Palmas tem uma comissão de Terapia Nutricional que acompanha os pacientes em uso de dietas especiais. Isso já foi normalizado. Ontem (quarta-feira, 8) quando a equipe de fiscalização esteve no HGP não estava faltando. O que falta são alguns gêneros alimentícios, que estão sendo adquiridos diretamente pelo Estado, desde a saída da empresa terceirizada que prestava esse serviço ao Governo. Desde então, estamos tentando normalizar esse abastecimento”, garantiu.  
Pacientes e familiares que estão no HGP confirmam o que foi informado pela diretora. Rosélia Soares Pacheco, que acompanha a filha há dois meses em tratamento no hospital, ressaltou que durante este período na unidade ela e a filha sempre receberam comida. “São servidas todas as refeições, e no caso da minha filha as nutricionistas fazem um cardápio recheado de vitaminas. Tem muitas frutas, suco e nunca faltou comida”, destacou. O paciente Sebastião Teles destacou que também recebe as refeições. “Comida boa, tem feijão, suco de frutas, carnes, desde que estou aqui, há 20 dias, estou me alimentando certo”, garantiu.   UTI   Sobre a falta de leitos suficientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a diretora frisou que, mesmo quando não há lugares disponíveis, os pacientes não ficam desassistidos pela equipe assistencial. “Isso é a realidade do País inteiro. Mas todos os pacientes que estão no HGP, que tem indicação de UTI, continuam sendo assistidos mesmo no local em que eles estão. Por exemplo, na sala amarela, na sala vermelha, onde quer que ele esteja ele será assistido com equipamento, medicamento e exames. Não existe falta de assistência”, declarou.
Judicialização da Saúde
Renata Duran explanou também sobre o que a Judicialização da Saúde tem causado para o fluxo de trabalho do hospital. “Temos um setor dentro do hospital que regula essas prioridades, com equipe técnica, médicos que definem a ordem de ocupação de leitos de UTI. São critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde [OMS] e adotados no mundo inteiro. Quando um juiz dá a decisão, ele termina definindo a ordem de prioridade de ocupação ou na realização de um procedimento, priorizando um paciente em detrimento de outro que também está aguardando, isso prejudica todo o fluxo de trabalho adotado pelo hospital”, observou.  
Tempo de Cirurgia  
Segundo a diretora, o tempo que um paciente leva para fazer uma cirurgia não depende necessariamente da disponibilidade de materiais ou especialistas, mas também do seu quadro de saúde. “Por que um paciente ainda não havia feito a cirurgia? Um representante do CRM [Conselho Regional de Medicina] me questionou e eu disse que nós deveríamos conversar com o médico assistente do paciente. Isso não significa que nós não estamos fazendo aquele tipo cirurgia. Ninguém fica no hospital sessenta dias porque o médico quer ou por que a gestão do hospital quer, sempre tem um motivo. Se o paciente teve alguma infecção, se teve algum comprometimento ou teve que fazer um outro procedimento antes da cirurgia definitiva, são especificidades que acontecem. Cada caso é um caso. A programação cirúrgica é feita pelo médico assistente que geralmente define por ordem cronológica da chegada do paciente ou por prioridade assistencial. No HGP são realizadas mais de 300 cirurgias ortopédicas por mês, mais de 800 cirurgias no total. Na quarta-feira passada [dia 1º de março], um único médico fez 15 cirurgias ortopédicas. O trabalho não para”, ressaltou.
De acordo com Renata Duran, o HGP é um hospital de referência em cirurgias ortopédicas. “Vários hospitais do interior não possuem ortopedistas e então encaminham todos os pacientes para o HGP. Se lá no extremo sul do Estado tiver um paciente precisando de uma cirurgia ortopédica, ele vai ser encaminhado para o HGP”, evidenciou.  
Centro Cirúrgico
A diretora afirma que as cirurgias previstas para acontecer no HGP estão ocorrendo, porém, quando há imprevistos, a gestão tem buscado saídas para não prejudicar o usuário. “No momento da visita dos órgãos fiscalizadores, por exemplo, os carrinhos de anestesia de duas salas cirúrgicas estavam em manutenção. Uma peça do carrinho, chamada de vaporizador estava na empresa que faz a manutenção técnica. Quando questionados, os médicos pontuaram que se os carrinhos estivessem funcionando os pacientes estariam sendo operados naquele momento. O que não significa que eles não foram operados nas próximas horas. Às 18 horas de quarta-feira, todos os três que aguardavam já haviam realizado a cirurgia”, esclareceu.
Renata Duran explicou também que o HGP passa por reforma e que em breve o número de salas cirúrgicas terá um acréscimo de 100%, passando das atuais seis, para 12 salas. Sobre os tipos de cirurgias realizadas no hospital, Renata explicou que há uma diferença de prioridade entre as consideradas eletivas e as de emergência. “As cirurgias eletivas são aquelas que não trazem risco grave para o paciente, são programadas. Já as cirurgias de emergência são realizadas imediatamente pela nossa equipe”, afirmou.  
Sobre os problemas com o serviço de lavagem e secagem das roupas do HGP, Renata Duran assegurou que durante a semana houve um problema com o gás que gera energia nas máquinas, mas que parte da demanda desse serviço foi realizada em outros hospitais públicos da rede. “Não ficamos sem fazer cirurgias de emergência por causa de roupas. A energia da nossa lavanderia é gerada por gás, quando faltou gás, faltou energia para lavar e secar as roupas. A saída emergencial que encontramos foi transferir parte desse serviço para o Hospital e Maternidade Dona Regina”, explicou.
Dados
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, de 1º de janeiro a 28 de fevereiro deste ano, foram realizados 4.150 atendimentos no HGP. Grande parte desses atendimentos foram realizados nas especialidades de clínica médica (2.132), cirurgia geral (907), ortopedia/traumatologia (581) e clínica geral (395).
Os dados informam que houve 1.820 internações no HGP, no período de janeiro a fevereiro de 2017, uma espantosa média de 910 internações por mês. Entre as principais áreas demandadas estavam a de clínica médica (835), clínica cirúrgica (649) e clínica ortopédica (205). Vale ressaltar, que o hospital conta com 399 leitos de internação, divididos da seguinte forma: oito de UTI Pediátrica, 26 de UTI Adulto, 196 de especialidades clínicas e cirúrgicas, 120 de retaguarda e 20 de Unidade Intermediária, 13 de Sala Vermelha, seis de Sala Amarela e dez de Sala Verde.  
De janeiro a fevereiro deste ano, foram realizadas 1.474 cirurgias no HGP. A maioria ocorreu nas áreas de ortopedia (491), cirurgia plástica (275) e clínica geral (251). No acumulado, de janeiro a dezembro de 2016, o HGP realizou 8.126 cirurgias, destas a maioria ocorreu na área de ortopedia (3.113).
Plano de Ação  
Segundo a diretora, diversas medidas estão sendo colocadas em prática pelo Governo para que o atendimento do HGP seja aperfeiçoado e atenda aos anseios e as demandas dos cidadãos.
“Atualmente, o HGP conta com mais de 80% dos medicamentos e insumos em estoque. Além disso, estamos fazendo triagem no atendimento para diminuir os casos que realmente devem ser atendidos no hospital, evitando com isso a superlotação. O Governo deve inaugurar ainda neste mês, parte da obra de reforma e ampliação do HGP, que colocará fim ao anexo [popularmente conhecido como tenda]. Na semana que vem, vamos inaugurar também o Banco de Olhos para transplantes, uma ação de extrema relevância. O Tocantins era o único estado que não fazia transplantes de olhos”, explicou.
Além dessas ações, Renata Duran também pontuou outras atividades que estão sendo implantadas. “Constituímos uma nova Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, forte e estamos realizando capacitações diariamente com os vários profissionais da instituição. No último mês, por exemplo, nós tivemos 54 pacientes contra referenciados para unidades de menor complexidade. Com a Sala de Situação, vamos trabalhar com evidências e indicadores. Não dá mais para a gente trabalhar com achismos. É assim que as principais instituições de saúde do País trabalham e nós estamos copiando algo que dá certo”, pontuou.
Sobre as visitas dos órgãos de fiscalização, Renata Duran garantiu que a Secretaria de Estado da Saúde colaborou com as todas as informações solicitadas. “Recebemos os órgãos com total transparência. Não omitidos dados e nem informações e nem demos orientações para nenhum servidor omitir nada. Além disso, entregamos todos os documentos solicitados. Entendemos que isso fortalece a nossa gestão. A nossa única preocupação é com a forma como isso é passado para população, porque deixa o cidadão inseguro. Aqui no HGP eu escuto pessoas dizendo que tinham medo de serem atendidas e que depois que tiveram o seu problema de saúde resolvido, saíram satisfeitas com o atendimento recebido. Nós temos no hospital uma média de 1.300 altas por mês, significa que em torno de 1.300 pessoas tiveram seus problemas de saúde resolvidos. Fora toda a dinâmica de atendimento ambulatorial e etc. Continuaremos lutando a cada dia mais para conseguir alcançar nossos objetivos, oferecendo à população a promoção da sua saúde com assistência de qualidade”, concluiu. (*com colaboração de Luciana Barros)