“Miséria deste século; não há muito eram as más ações que tinham de ser justificadas; hoje são as boas”.
ANDRÉ-GEORGES MALRAUX
Por Edson Rodrigues
Com a primeira eleição municipal sem coligações proporcionais e em meio a uma pandemia que prejudica a realização de comícios e grandes reuniões, a classe política, que já enfrenta uma rejeição monstruosa, com popularidades em índices rasteiros, muitos candidatos à reeleição acabaram “ressuscitados” pelos recursos do governo federal de Jair Bolsonaro, destinados ao enfrentamento da Covid-19.
Com raríssimas exceções, todos os candidatos, seja a um novo mandato, seja à reeleição para prefeito ou para vereador, estavam de olho no Fundo Partidário de Campanha para “salvar suas vidas" e poder fazer uma campanha dentro dos parâmetros antigos.
Ledo engano!
Trocando em miúdos, após o próximo dia 15 de novembro, a grande “depuração” estará feita na política brasileira, com muita gente sendo obrigada a mudar de rota em pleno voo.
O ditado popular que mais se encaixa na situação é aquele que diz que “pai não é quem faz, mas quem cria”.
O CENÁRIO PÓS PANDEMIA
Os prefeitos eleitos e reeleitos, ao tomar posse em primeiro de janeiro de 2021, novamente com raríssimas exceções, encontrarão um cenário de terra arrasada, com pátios cheio de máquinas sucateadas, veículos sem condições de uso, servidores sem 13º, prestadores de serviço com notas a receber e, o pior, a administração sem acesso aos talões de cheque da prefeitura e certidões negativas que impedirão o município de receber recursos de emendas impositivas de parlamentares federais e estaduais e de firmar convênios com a União.
Aqueles que, porventura, tiverem o apoio do senador Eduardo Gomes, líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, e da deputada federal Dorinha Seabra, os dois políticos tocantinenses com maior trânsito entre ministros, gabinetes e órgãos federais, poderão, sim, ter o privilégio de poder tocar suas administrações com menos “desespero” e com maiores possibilidades de acesso a recursos federais.
Já os que forem aliados dos demais parlamentares federais, esses estarão “no pau da goiaba”, pois seus aliados fazem parte da oposição ao governo Federal e, dificilmente, conseguirão flexibilidade em suas tratativas por recursos da União.
PESQUISA IBOPE
A pesquisa do IBOPE, encomendada pela TV Anhanguera e divulgada na última sexta-feira (2), que aponta a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro na primeira colocação nas intenções de voto sejam espontâneos, sejam estimulados, como deputado estadual portuense Jr. Geo em segundo lugar, é apenas o pontapé inicial de um jogo que dura 45 dias.
É bom todos os candidatos a prefeito da Capital botarem suas barbas de molho, pois a pesquisa mostra apenas o início do jogo, e muitas jogadas, ensaiadas ou não, ainda podem acontecer até que o juiz apite o fim da partida.
Os resultados dessa pesquisa não levam em conta os debates que irão acontecer, a reação dos eleitores ao Horário Eleitoral Gratuito de Rádio e TV e as centenas de reuniões políticas que estão por acontecer até o fim da campanha. Logo, ainda é muito cedo para alguém “cantar de galo” ou se achar derrotado.
Ninguém pode subestimar nenhum dos candidatos e ainda não há dados suficientes para dizer quem vai polarizar, na reta final, com a líder das pesquisas, Cinthia Ribeiro.
FUNDO ELEITORAL: SUPRESAS E DECEPÇÕES
Muitos candidatos a prefeito e a vereador, como dissemos, sonhavam com um gordo Fundo eleitoral Partidário para tocar suas campanhas, e planejaram as ações contando com essas cifras. Mas, muitos deram de cara com a dura realidade, mesmo os que têm alguém a apoiá-los no Congresso Nacional.
Quem esperava três milhões de reais, vai receber em torno de um milhão e duzentos mil. Tinha gente aguardando cinco milhões, e a cúpula nacional de sua legenda já avisou que vai mandar 700 mil, ou seja, será pouco milho para muita galinha.
É bom que se esclareça que esses recursos são para todos os candidatos a prefeito e a vereador. Em muitos municípios, serão diversas desistências de candidaturas por causa do baixo valor à disposição, e estamos falando de candidatos a vereador e a prefeito.
Essa é apenas a primeira radiografia “oficial” das eleições municipais de 2020, quando o futuro político de muitos estará sendo avaliado e colocado a prova, dependendo, única e exclusivamente, do resultado das urnas. Principalmente dos que pretendiam postular um cargo de deputado estadual ou federal em 2022, que estavam se utilizando desta eleição municipal para avaliar suas forças, pois as eleições majoritárias também não terão coligações proporcionais.
Ou seja, será cada um por si.
Por hoje é só. Até breve!