Os novos tempos chegaram apolítica tocantinense. As lideranças de todos os partidos presentes em nosso Estado caminham para a primeira eleição sem a presença dos dois “portos seguros”, timoneiros e patronos José Wilson Siqueira Campos e José Edmar de Brito Miranda, que colecionaram vitórias múltiplas nesses 36 anos de criação do Estado do Tocantins
Por Edson Rodrigues
O Observatório Político de O Paralelo 13 foi testemunha de práticas políticas que, hoje, fazem parte do passado. Muitos chamarão de bons tempos. Outros, de tempos a serem esquecidos.
Tanto Siqueira Campos quanto Brito Miranda comandavam todas as eleições que se realizassem em solo tocantinense, usando e abusando de suas astúcias, em estratégias ousadas que, na grande maioria das vezes, davam mais que certo. Mestres em unir inimigos figadais em um único palanque, sempre em nove da vitória eleitoral, eles sabiam fazê-los sem “derramamento de sangue” nem maiores implicações para os envolvidos, deixando a todos perplexos com as reviravoltas de que eram capazes.
NOVA GERAÇÃO, NOVAS NORMAS
Na época de Siqueira e Dr. Brito, eram costumeiras as campanhas milionárias, em que os candidatos apoiados elo governo do Estado recebiam doações de prestadores de serviço e empresas que trabalhavam para o Estado, para tocar suas campanhas. De candidato a vereador a candidato a senador, deputado federal e deputado estadual, passando por prefeitos, é claro, principalmente em Palmas e nos principais colégios eleitorais, todos recebiam muito dinheiro.
Essa prática levou ao surgimento dos hoje conhecidos como “candidatos profissionais” que, considerados valiosos em número de votos, concorriam em toda e qualquer eleição – havia, também, a coligação proporcional, diga-se de passagem – a ponto de uma mesma pessoa (muitas, na verdade) ser candidato a vereador numa eleição e a deputado estadual ou federal na seguinte, mostrando que não importava ser eleito. O “negócio” era ser participar. Esses ficavam milionários. Terminavam suas campanhas sem conseguir se eleger, mas compravam caro, casa, até fazenda.
Essa “boquinha”, felizmente, acabou e os candidatos profissionais, hoje, não se criam, mais. Chegaram os novos tempos da política.
Agora não tem mais coligação proporcional, não tem mais as doações milionárias (as doações precisam ter origem e bater direto na conta de campanha), o Fundo Eleitoral é que decide quanto cada partido receberá e, a fiscalização, por parte da Justiça Eleitoral se mostra implacável.
Candidatos a vereador e a prefeito, nesses novos tempos, terão o olhar atento não só dos seus adversários, mas, principalmente, da Justiça, com o Ministério Público Eleitoral, o Ministério Público federal e o Ministério Público estadual, a polícia federal e a imprensa.
Qualquer abuso de poder econômico, uso da máquina administrativa e outros delitos serão facilmente detectados e imediatamente denunciados, pois todos serão sentinelas no combate aos desvios de conduta e econômicos, desde as convenções até a data de realização da votação. Qualquer registro, seja físico, de áudio ou de vídeo, pode e será usado como prova.
Os candidatos a prefeito e vereadores terão a fiscalização não só dos partidos e candidatos, portanto, devem se resguardas todas as possibilidades de erro. Sem uma assessoria jurídica profissional, que destrinche as novas regras e as novas normas eleitorais, contemplando a minirreforma política que tomou forma no Congresso Nacional, tanto candidatos quanto partidos não terão vida fácil.
Ações involuntárias, contrárias à nova Legislação Eleitoral e erros na contabilidade de campanha, serão punidos com o mesmo peso que os crimes eleitorais, e podem resultar em cassação de candidaturas ou impedimento de diplomação.
E ganhar e não levar, nos tempos atuais, é mais que um prejuízo. É meio caminho andado para o suicídio político.
Fica a dica!