Empresas estatais federais registram rombo de R$ 6,7 bilhões em 2024, o maior em 23 anos

Posted On Sexta, 31 Janeiro 2025 14:01
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Déficit é o maior da série histórica, iniciada em 2021. Governo credita aumento do rombo a investimentos, mas revelou preocupação com as contas dos Correios.

 

 

Por Alexandro Martello, Lais Carregosa, Thiago Resende / g1

 

Em 2023, o resultado também foi negativo, mas em menor proporção: R$ 656 milhões.

O rombo de 2024 foi o maior desde o início da série histórica, em dezembro de 2001, ou seja, em 23 anos.

Até então, o maior déficit havia sido registrado em 2014, quando houve um saldo negativo de R$ 2 bilhões – menos de um terço do resultado negativo mais recente.

O maior superávit foi apurado em 2019, no valor de R$ 10,3 bilhões.

 

RESULTADO AS EMPRESAS ESTATAIS FEDERAIS
EM R$ BILHÕES

 

 

 

O resultado das estatais federais calculado pelo Banco Central considera todas empresas que não estão no setor financeiro.

 

Entram nesse cálculo empresas como Correios, a Emgepron, a Hemobrás, a Casa da Moeda, a Infraero, o Serpro, a Dataprev e a Emgea.

 

Não entram no cálculo a Petrobras e os bancos federais.

 

De acordo com o governo, os déficits registrados pelas estatais são, em grande parte, decorrentes dos investimentos realizados pelas companhias, pagos com recursos em caixa.

 

"Essas 20 empresas aumentaram em 12,5% seus investimentos em 2024 na comparação com 2023. O valor somou R$ 5,3 bilhões e representa 83% do déficit de R$ 6,3 bilhões aferido no ano", informou o Ministério da Gestão.

 

O chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, lembrou que a contabilidade da instituição é diferente daquela utilizada pelo governo.

 

O governo contabiliza as receitas e as despesas, detalhando, por exemplo, os investimentos.

Já o Banco Central considera apenas a variação da dívida.

 

"Eu não faria juízo de valor sobre nenhuma das metodologias. O resultado mais detalhado é divulgado pela Sest [Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, vinculada ao Ministério da Gestão]. Mais do que o BC é capaz de produzir. Mas o dado do endividamento [informado pelo BC] é importante. Você pode fazer uma referência ao orçamento pessoal. O seu nível de dívida é o que interessa. Não estou desmerecendo a outra estatística, mas só fazendo uma comparação", declarou Baldini, do Banco Central.

 

Correios preocupam

 

Nesta quinta-feira (30), o Ministério da Gestão informou que os Correios são uma das principais razões para o aumento do déficit das estatais em 2024. Segundo o governo, a estatal registrou um rombo de R$ 3,2 bilhões no ano passado.

 

?Os Correios possuem monopólio em serviços como o recebimento, transporte e entrega de cartões-postais e correspondência, além da fabricação de selos.

 

“Uma boa parte da explicação do aumento do déficit é o déficit dos Correios, que de fato aumentou bastante. E o caso dos Correios é um caso que demanda nossa atenção. O governo tem se debruçado para discutir medidas de sustentabilidade [financeira]”, afirmou a secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do MGI, Elisa Leonel.

 

A secretária afirmou que os Correios deixaram de investir, encerraram contratos e perderam receita ao serem incluídos no Plano Nacional de Desestatização, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

Leonel descarta uma nova inclusão da estatal no programa de privatizações e uma eventual quebra do monopólio postal no Brasil.

 

“O que a gente tem então é que criar receitas alternativas, negócios que tragam receitas, e esse é o projeto que a gente está discutindo: quais são esses segmentos que os Correios vão ampliar a sua presença para que gerem receitas adicionais”, declarou a secretária de estatais do MGI.

 

Outras estatais que preocupam o governo são a Infraero, que administra aeroportos, e a Casa da Moeda.