Investigadores acreditam que desvios podem ter ultrapassado R$ 15 milhões. Contratos ficaram em vigor entre 2014 e 2018. Em vídeo Amastha nega qualquer irregularidade na gestão e minimiza investigação: “Dá para acreditar?” assista
Com G1 Tocantins
Quatro ex-secretários da prefeitura de Palmas foram alvos de mandados de prisão na manhã desta terça-feira (21) durante uma operação da Polícia Federal que apura superfaturamento e fraudes em contratos de locação de veículos. O ex-prefeito Carlos Amastha (PSB), que também é investigado na ação, teve os sigilos bancário e fiscal quebrados. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados a ele.
As apurações indicam que o o grupo, em parceria com empresários do ramo de locação de veículos, tenha fraudado licitações para desviar dinheiro público. Alguns dos investigados tiveram a prisão decretada por três dias e outros por cinco. Até às 12h, seis dos oito mandados de prisão já tinham sido cumpridos. Veja a lista abaixo.
O advogado que representa Carlos Amastha e Adir Gentil disse que está tomando conhecimento da decisão e vai se manifestar após conhecer as acusações. A defesa Cleide Brandão, disse que prestará maiores esclarecimentos ao longo desta terça feira e declarou que contribuirá com a justiça a fim de comprovar que inexiste relação e qualquer envolvimento dela nos crimes investigados. O escritório de Christian Zini não atendeu aos telefonemas. O G1 tenta localizar as defesas dos demais citados.
Segundo a PF, os contratos suspeitos foram fechados em 2014, durante a gestão do ex-prefeito Carlos Amastha (PSB). A suspeita é que eles tenham se apropriado de mais de R$ 15 milhões.
Muito difícil participar da vida pública enquanto os mecanismos do estado não respeitem a honra das pessoas. Não entrei na política para fazer NADA errado. Nunca fiz,nunca farei. pic.twitter.com/7501EkNafi
— Carlos Franco Amastha (@AmasthaRompre) July 21, 2020
A investigação indica que inicialmente a ata de registro de preços foi realizada pela Prefeitura de Porto Nacional, município vizinho a Palmas, durante a gestão de Otoniel Andrade.
A suspeita de fraude é motivada pelo fato de que três empresa apresentaram propostas para a licitação, mas apenas uma delas compareceu ao pregão presencial. Isso, segundo a PF, indica que o contrato pode ter sido direcionado. Além disso, as outras empresas apresentaram orçamentos com diferença constante de 2,3955% sobre as propostas da vencedora.
Após a realização da licitação em Porto Nacional, a prefeitura de Palmas optou por aderir a mesma ata de preços. O contrato ficou em vigor até 2018. Neste período a prefeitura de Porto Nacional pagou R$ 470 mil pelo aluguel dos veículos enquanto em Palmas os pagamentos passaram da marca de R$ 24 milhões.
Além dos presos, foram realizadas buscas nos imóveis de empresários e políticos nas duas cidades, incluindo as residências de Carlos Amastha e Otoniel Andrade. O G1 tentou contato com Otoniel Andrade para comentar a operação, mas as ligações não foram atendidas.
O que diz Carlos Amastha
Após a operação ser deflagrada, o ex-prefeito de Palmas publicou nas redes sociais um vídeo em que critica a ação. Ele afirma que os investigadores escreveram uma acusação de forma a "iludir o juiz" para que ele autorizasse as buscas e prisões. Amastha afirmou que "O direito de investigar é sagrado e é uma obrigação", mas questionou a forma como foi tratado pela Polícia Federal no inquérito.
"Eu apareço novamente como chefe de uma quadrilha e tem que rir. Tem que rir para não chorar", afirmou. "Não entrei para isso na política. Nunca vai [SIC] encontrar nada que desabone a minha gestão", disse ele.
Veja abaixo quem teve a prisão decretada na operação
Por cinco dias
Adir Cardoso Gentil - ex-secretário - preso
Chistian Zini Amorim - ex-secretário - preso
Claudio de Araújo Schuller - ex-secretário - preso
Marco Zancaner Gil - empresário - ainda não se apresentou
Por três dias
Luciano Valadares Rosa - empresário - ainda não se apresentou
Carlo Raniere Soares Mendonça - empresário - preso
Cleide Brandão Alvarenga - ex-secretária - preso
José Emilio Houat - empresário - preso