Radicalização política "não contribui em nada com as soluções que precisamos dar aos sérios problemas que a população brasileira enfrenta", afirma o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB)
Com Estadão e InfoMoney
Pré-candidato à presidência da Câmara dos Deputados, o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), defendeu que a agenda dos parlamentares não seja de “radicalização”.
A declaração foi dada após o deputado participar da 24ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo (SP), nesta segunda-feira (21).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também estava no evento.
“A nossa candidatura é uma candidatura a favor da Casa. É uma candidatura que tem que representar o sentimento dos parlamentares. E, nesse sentimento dos parlamentares, está o diálogo com os outros Poderes, com o Executivo, com o Judiciário”, afirmou Motta.
“Podemos ter uma agenda propositiva, que se preocupe com o país, que possamos discutir os verdadeiros problemas da população e, com isso, possamos sair de uma agenda de radicalização que, ao meu ver, não contribui em nada com as soluções que precisamos dar aos sérios problemas que a população brasileira enfrenta”, prosseguiu o parlamentar.
“Temos confiança de que construiremos essa candidatura de consenso, da extrema-direita à extrema-esquerda, para que tenhamos a casa funcionando bem, os partidos respeitados, e que cada um possa defender a pauta que entende ser importante para o País”, afirmou.
Em discurso na solenidade, Lira cortejou Motta e afirmou que a condução da presidência da Câmara “se deve à qualidade dos seus líderes”. A jornalistas, ele disse que deve se posicionar oficialmente sobre o seu sucessor após o 2º turno das eleições municipais.
A cerimônia homenageou os 100 anos do etanol no Brasil e as personalidades “pivôs” no avanço do setor. Lira foi reverenciado por projetos como o Combustível do Futuro, Hidrogênio Verde e o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten).
Quem é Hugo Motta
Desde 2011 na Câmara dos Deputados, Hugo Motta pode se tornar o mais jovem presidente da Casa – ele completará 35 anos no dia 11 de setembro. Caso vença a eleição, marcada para fevereiro de 2015, Motta superaria o ex-deputado Luís Eduardo Magalhães (1955-1998), que assumiu o comando da Câmara em 1995, aos 39 anos.
Motta sempre circulou bem entre diversas correntes políticas em Brasília e é considerado próximo de todos os últimos presidentes da Câmara: Eduardo Cunha (2015-2016), Rodrigo Maia (2016-2021) e o próprio Lira (desde 2021).
O deputado paraibano também tem boa relação com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP e uma das principais lideranças do “centrão” no Congresso Nacional.
Política desde o berço
Hugo Motta é apontado como um prodígio da política na Paraíba. Ele foi o deputado federal mais jovem eleito em 2010, então com apenas 21 anos, e é herdeiro de uma família muito conhecida e poderosa no município de Patos (PB), o quarto mais populoso do estado.
O pai de Hugo Motta, Nabor Wanderley (Republicanos), é o atual prefeito da cidade e concorrerá, nas eleições de outubro deste ano, a mais um mandato – que seria o seu quarto.
Além do pai, a avó de Hugo, Francisca Motta, foi prefeita da cidade, entre 2013 e 2016. No período da ditadura militar, um tio do deputado comandou o município.
“Cunha boy”
Hugo Motta começou a se destacar mais na Câmara dos Deputados em seu segundo mandato, obtido após a vitórias nas urnas em 2014. Ele integrou o grupo conhecido nos corredores da Casa como “Cunha boys” – por causa da proximidade com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ).
Na época, Motta e Cunha integram o PMDB (atual MDB) e o então presidente da Câmara fez do jovem deputado presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que investigou a relação entre o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) e a companhia.
Em 2016, em meio à conflagração política do país, Hugo Motta acompanhou Cunha e votou a favor do impeachment de Dilma. Meses depois, quando Cunha teve o mandato cassado na Câmara sob suspeita de ter mentido a respeito de dinheiro mantido no exterior, Motta preferiu se abster na votação.
Base de Temer, Bolsonaro e Lula
Em 2018, ao disputar e conquistar o terceiro mandato como deputado, Hugo Motta ingressou no Republicanos. Foi quando o parlamentar se tornou mais próximo de Marcos Pereira, presidente da legenda, que agora abre mão de sua candidatura ao comando da Câmara em prol de Motta.
O deputado do Republicanos da Paraíba fez parte da base de apoio dos governos de Michel Temer (MDB), de 2016 a 2018, e Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022.
Desde 2023, com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Hugo Motta também passou a integrar o bloco governista na Câmara – embora o Republicanos tenha várias lideranças que fazem oposição, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, potencial candidato ao Planalto em 2026.
A legenda comandada por Marcos Pereira está representada no primeiro escalão do governo Lula pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (PE).
Nas eleições de 2022, quando obteve o quarto mandato consecutivo na Câmara, Hugo Motta foi o deputado federal mais votado da Paraíba. O parlamentar está em seu terceiro ano consecutivo como líder do Republicanos na Casa.
Antes de surgir como possível nome de consenso para a sucessão de Arthur Lira na Câmara, Motta vinha sendo cotado para concorrer a uma vaga no Senado ou disputar o governo da Paraíba em 2026. A depender do que ocorra até fevereiro de 2025, esses planos devem ser adiados.