Na política, alianças são como casamentos: algumas são por amor, outras por conveniência, e muitas terminam em divórcio litigioso
Por Edson Rodrigues
A federação entre Progressistas (PP) e União Brasil, que pode ser selada amanhã, tem todos os ingredientes para um matrimônio de interesse. Afinal, unir 106 deputados federais em uma só bancada não é pouca coisa. Com essa nova “família política”, PP e União Brasil ultrapassam o PL e a federação PT-PV-PCdoB, ganhando mais poder na Câmara, mais influência nas eleições e, claro, um belo pedaço do fundo partidário.
Mas, como em todo grande casamento, há sempre aqueles que não são convidados para a festa. O Republicanos, que foi chamado para integrar a aliança, educadamente recusou. O presidente do partido, deputado Marcos Pereira, tratou de afastar qualquer possibilidade de fusão, deixando claro que a sigla seguirá seu próprio caminho.
Tocantins
Caso a federação se consolide nesta sexta-feira, estaremos diante de uma disputa digna de novela.
A configuração nacional entre PP e União Brasil coloca o estado no olho do furacão, já que o Republicanos, agora isolado, precisará se desdobrar para não perder espaço. E a federação ainda nem começou a funcionar!
Senadora Professora Dorinha Seabra e o governador Wanderlei Barbosa
No cenário estadual, o que já era confuso ficou ainda mais complicado. A senadora Professora Dorinha Seabra, presidente do União Brasil no Tocantins e aliada do governador, desponta como uma das favoritas à sucessão estadual. Mas, dentro da própria federação, o PP tem outros planos. O deputado federal Vicentinho Júnior, presidente estadual da legenda, apoia o vice-governador Laurez Moreira para o cargo, criando um imbróglio daqueles. Como União Brasil e PP, em breve oficialmente “casados”, vão administrar essa disputa interna sem uma briga feia?
Deputado federal Vicentinho Junior e o vice-governador Laurez Moreira
Se essa aliança nacional parecia uma ideia brilhante no papel, na prática pode se tornar um verdadeiro teste de paciência e habilidade política.
Enquanto os caciques divergem, os prefeitos das principais cidades do Estado observam de camarote. Oficialmente, todos estão preocupados com suas gestões municipais — mas ninguém é ingênuo a ponto de ignorar a importância dessas movimentações para as eleições de 2026. A construção das chapas para governador, vice, Senado e suplências virou uma peça-chave no jogo político, e cada movimento é calculado nos bastidores.
Laurez Moreira, por exemplo, já circula por Brasília, participando de reuniões estratégicas para fortalecer sua pré-candidatura. Mas será que a nova federação terá estrutura para bancar essa aposta? E Wanderlei Barbosa como reagirá? Terá apoio desta nova legenda para alavancar seus projetos?
O futuro: aliança ou armadilha?
A federação entre PP e União Brasil pode ser um divisor de águas na política tocantinense — mas também pode virar uma dor de cabeça para seus próprios articuladores. O grande desafio será administrar os interesses regionais sem implodir a aliança antes mesmo de ela mostrar resultados.
O que é certo é que Tocantins não será um estado pacato no próximo ciclo eleitoral. A política local ganhou um novo componente de tensão, e os próximos meses prometem movimentações intensas, articulações de bastidores e, claro, algumas traições políticas pelo caminho. Afinal, no jogo do poder, nem todo casamento dura para sempre.