FUSÕES E FEDERAÇÕES PARTIDÁRIAS E AS ELEIÇÕES 2026

Posted On Segunda, 03 Fevereiro 2025 06:42
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Por Edson Rodrigues

 

 

Com menos de dois anos para as eleições gerais de 2026, o cenário político brasileiro vive um intenso período de reconfiguração. Partidos políticos estão promovendo articulações para fusões e reorganizações de federações, em um movimento que busca não apenas a sobrevivência de siglas ameaçadas pela cláusula de barreira, mas também o fortalecimento de sua influência no Congresso e nas eleições presidenciais de 2026.

 

Entre as negociações mais avançadas, destaca-se a aliança entre PP, Republicanos e União Brasil, que, se consolidada, formará a maior força legislativa do país, com 153 deputados federais e 17 senadores. Enquanto isso, partidos menores, como PV, Rede e Cidadania, enfrentam dilemas existenciais diante da legislação que condiciona sua sobrevivência ao desempenho eleitoral.

 

Liderando as articulações, PP, Republicanos e União Brasil buscam formar uma federação que consolidaria sua hegemonia no Congresso. No entanto, o projeto enfrenta desafios internos e regionais. O União Brasil, por exemplo, ainda vive divisões internas agravadas pelas recentes eleições da Câmara dos Deputados. Nessas eleições, Republicanos e PP apoiaram Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência, prejudicando a candidatura de Elmar Nascimento (União-BA).

Apesar das divergências, os defensores da federação apostam na consolidação do bloco até 2025, com a expectativa de atrair mais parlamentares e governadores descontentes com seus partidos de origem.

 

PSDB E PSD: ENTRE FUSÕES E SOBREVIVÊNCIA

 

O PSDB, longe de seu protagonismo histórico, discute sua incorporação ao PSD, liderado por Gilberto Kassab. A união representaria um resgate político para os tucanos, que enfrentam perda de relevância nas disputas eleitorais recentes. Paralelamente, o partido avalia outras possibilidades, como a formação de uma nova federação com Podemos e Solidariedade.

 

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, é a principal aposta tucana para a presidência em 2026, mas a fusão com o PSD enfrenta resistências, já que Kassab também considera lançar Ratinho Júnior, governador do Paraná, como candidato.

 

Gilberto Kassab

 

 

A proximidade dos governadores tucanos com o PSD é apontada por lideranças da legenda de Kassab como um fator favorável à fusão. O PSDB também é cortejado por outros partidos, como o MDB, para se fundir.

 

TOCANTINS

 

Com toda essa ebulição nas cúpulas dos partidos em Brasílias, as províncias sabem que qualquer decisão não levará em conta as peculiaridades políticas de cada Estado. O Observatório Político de O Paralelo 13 traz, nesta análise, uma prévia do que pode acontecer com a política local, caso alguma dessas movimentações dos partidos se torne realidade.

 

Há dois cenários possíveis (por enquanto) para as eleições estaduais de 2026, a serem definidos pela renúncia ou não do governador Wanderlei Barbosa para concorrer ao Senado.

 

SEM RENÚNCIA

 

 

Embora o governador resista, inicialmente, em renunciar para ter que transferir o governo para seu vice, Laurez Moreira, há muito mais interesses em jogo, que o próprio tempo se encarregará, naturalmente de moldar, surgindo, até, uma solução diferente, que agrade a gregos e a troianos, pois, em se tratando de política, partes em atrito, muitas vezes atritos históricos, podem se entender em busca de sobrevivência política para ambos ou em caso de sinais positivos da classe política e, principalmente, dos eleitores.

 

Apesar de estar fazendo um governo eficiente, com obras de Estado, como a nova ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional, o resgate dos direitos dos servidores públicos estaduais, com promoções e progressões que vinham sendo adiadas há décadas, o equilíbrio fiscal, os recordes em arrecadação e a adequação do Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal, o grande desafio de Wanderlei Barbosa seria a construção de uma candidatura palaciana competitiva, pois não há como negar a vitória das oposições nos principais colégios eleitorais do Tocantins.

 

Até agora, a senadora Dorinha Seabra vem dominando  a preferência do grupo palaciano para ser essa candidata, mas a formatação de sua candidatura ao governo é uma das situações que teria que passar pelo imune pelo movimento das das fusões e federações partidárias.

 

RETROVISOR POLÍTICO

 

Campanha ao governo do Tocantins 2011 (foto Antonio Coelho)

 

Olhando no retrovisor político do Tocantins, o Estado já teve épocas que exigiram grandeza e renúncias dos interesses pessoais por parte de seus líderes, em nome do desenvolvimento e da continuidade política de seus grupos.

 

Estamos falando de José Wilson Siqueira Campos e João Lisboa da Cruz, que ouviram o mestre dos mestres da política, Dr. José Edmar de Brito Miranda, e o que se achava impossível no Tocantins aconteceu: MDB e União do Tocantins se juntaram, colocando de lado uma  divergência ideológica histórica e priorizando o Estado do Tocantins e seu povo.

 

A partir daí, Marcelo Miranda foi eleito deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa e Eduardo Siqueira Campos senador da República.  Juntos, a UT e o MDB elegeram a maioria esmagadora dos deputados federais e estaduais e os recursos federais chegaram de vez ao Tocantins, se transformando em rodovias asfaltadas, na ampliação do Hospital Geral de Palmas, na chegada da energia elétrica às propriedades rurais e milhões e milhões investidos em todas as áreas estratégicas do Tocantins na gestão que teve Siqueira Campos governador e João Cruz vice-governador.

 

WANDERLEI NO SENADO

 

Se esta hipótese de entendimento entre os atuais grupos políticos antagônicos, do governador Wanderlei Barbosa e do vice-governador Laurez Moreira se concretizar, o cenário político do Tocantins a partir de 2027 teria Wanderlei Barbosa, Eduardo Gomes no Senado, a primeira-dama do Estado Karynne Sotero Campos, com sua simpatia cativante, provavelmente, eleita deputada federal, garantindo mais oito anos de desenvolvimento e protagonismo para o Estado do Tocantins e seus 139 municípios.

 

PROCESSO ANTECIPADO

 

Por mais improvável que esse cenário pareça hoje, ele jamais pode ser descartado. Mas, certamente seria o caminho mais difícil. Primeiro, alguns atores teriam que deixar de lado os projetos políticos pessoais, sem garantias de o sucesso, com uma disputa de poder em que haverá mais perdedores que ganhadores, com divisões e rachas em municípios entre as forças políticas estaduais.

 

Esse cenário forçaria o processo sucessório de 2026 a ser antecipado, com as articulações e conversações necessárias transformando o processo sucessório no mais acirrado e longo da história política do Tocantins, tendo o vice-governador Laurez Moreira como o principal candidato a governador da oposição, deixando um clima tenso e inflamado nos bastidores políticos.

 

DORINHA OU AMELIO CAYRES?

 

Tudo isso porque, como foi dito anteriormente, a senadora Dorinha Seabra, que terá mais quatro anos de mandato a partir de 2026, é o principal nome do grupo palaciano para a sucessão de Wanderlei Barbosa, mas, ultimamente, o nome do presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres, começou a ganhar força para a sucessão estadual.

 

Se o grupo palaciano deixar para definir o nome do sucessor de Wanderlei Barbosa para depois, estará montando para si mesmo uma bomba relógio, que explodirá assim que o nome for anunciado, criando uma espécie de “racha programado” e, praticamente, entregando a vitória para a oposição, pois as bases de cada um se confrontarão nos municípios, principalmente nos principais colégios eleitorais, onde Dorinha Seabra tem a preferência.

 

ASSUMINDO O PAPEL DE LÍDER

 

Desta forma, o processo sucessório dentro da base do governo exige uma liderança firme do governador Wanderlei Barbosa, (foto) que deve assumir, o quanto antes essa missão, abrindo diálogo franco com seus parceiros, liderados, dirigentes partidários de sua base e, juntos, decidirem qual será o cenário sucessório em 2026. Uma decisão que, por enquanto, só depende do grupo palaciano para ser definida.

 

E esses diálogos dentro do grupo palaciano não podem descartar a hipótese de entendimento com as oposições, como fizeram Siqueira, João Cruz e Brito Miranda e como fez o saudoso Tancredo Neves, que aceitou José Sarney na sua vice-presidência, indicado pelos militares, entendendo que essa seria a única forma da democracia tomar o lugar da ditadura.

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 pode afirmar com tranquilidade que são várias as vertentes a ser analisadas em relação às candidaturas a governador e à formatação das chapas majoritárias, inclusive a formação de uma chapa unindo localmente as oposições e o Palácio Araguaia, encabeçada pelo governador Wanderlei Barbosa e pelas lideranças e prefeitos dos principais colégios eleitorais, criando uma nova – e incontestável – opção para o governo , pelo bem do Tocantins, assim como fizeram Siqueira Campos e João Cruz, arquitetados pelo Dr. Brito Miranda, inspirados no que fez Tancredo Neves, aceitando Sarney, como seu vice, “devolvendo” os militares para dentro dos quartéis.

 

Que nosso governador, Wanderlei Barbosa, seja, como sempre foi, um grande político, uma grande liderança, e olhe o futuro do Tocantins como o seu próprio futuro.

 

Que Deus o Ilumine!