Foi realizada na manhã desta quarta-feira (19/3) uma operação para combater um esquema de fraude bancária que resultou em um prejuízo de mais de R$ 10 milhões para a Caixa Econômica Federal (CEF). O golpe era feito por meio de manipulação de empréstimos consignados de servidores públicos
Por Maria Antônia Rebouças
Segundo a Polícia Federal (PF), o grupo é formado por 21 suspeitos, e, até o momento, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, sendo três na cidade de Belo Horizonte e em Salvador (BA).
A organização criminosa contava com divisão de tarefas e uma operação sistemática para obter os lucros ilícitos. De acordo com a PF, mais de 200 servidores públicos estaduais e municipais e a CEF foram vítimas de estelionato. O grupo também está sendo acusado de invasão de dispositivo informático, já que fez uso indevido das credenciais dos gerentes do banco.
Como funcionava o golpe?
Quando um servidor público realiza um empréstimo consignado, ou seja, em que as parcelas serão descontadas automaticamente do salário ou benefício da pessoa (como aposentadoria), a Caixa realiza uma averbação, que nada mais é que um registro do empréstimo junto ao órgão pagador, o que garante que o desconto das parcelas será feito diretamente na folha de pagamento.
O grupo criminoso acessava os sistemas da Caixa Econômica Federal de maneira fraudulenta (usando credenciais e senhas de gerentes do banco) e cancelava de forma ilegal a averbação, fazendo o sistema entender que a pessoa não tinha mais aquele empréstimo ativo, criando a falsa impressão de que a dívida anterior tinha sido quitada e aumentando o limite de crédito disponível para o servidor.
A organização se utilizava de um esquema de "portabilidade de consignados", oferecendo aos servidores públicos a promessa de quitação de empréstimos antigos e liberação de valores adicionais. Como resultado, os servidores acabavam acumulando duas dívidas simultâneas, comprometendo ainda mais sua saúde financeira.
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Pena
Caso sejam condenados, os envolvidos poderão cumprir penas de até 26 anos de prisão por cada contrato fraudulento.
De acordo com a PF, centenas de contratos fraudulentos foram identificados no curso da apuração.
Os crimes praticados incluem estelionato contra servidores públicos, invasão de dispositivo informático, estelionato contra a Caixa Econômica Federal e organização criminosa.