Por Edson Rodrigues
A ex-ministra da Agricultura e senadora Kátia Abreu enfrenta um momento de perdas. Perdeu sua amiga e protetora, a presidente Dilma Rousseff, apeada do cargo, perdeu o ministério da Agricultura, perdeu o prestígio em seu partido, o PMDB e, finalmente, perdeu o comando da CNA – Confederação Nacional da Agricultura – entidade que reúne os principais produtores rurais do País e é o esteio do crescimento do setor, o mais importante da economia brasileira – com o voto de todas as Federações Estaduais de Agricultura, exceto a do Tocantins. Agora, é persona non grata na entidade.
Em meio a essas derrotas, Kátia Abreu também perdeu amigos e ganhou muitos adversários e inimigos, entre eles o atual presidente interino da República, Michel Temer, que é, também, presidente nacional do PMDB, que realizou uma “intervenção branca” no diretório estadual do partido, destituindo da presidência o ex-deputado federal Jr. Coimbra.
Lembramos que foi Temer o avalista da entrada de Kátia no PMDB, quando foi empurrada “goela abaixo” dos modebas tradicionais e por onde foi candidata ao Senado, sob as bênçãos da família Miranda, com quem rompeu logo depois de eleita.
Foi depois desses fatos que passou de inimiga à grande amiga da presidente Dilma Rousseff e colecionou desafetos como os ministros Gedel Vieira, Eliseu Padilha e o deputado Eduardo Cunha, o tucano José Serra, em quem jogou uma taça de vinho na cara, além de toda a cúpula do PMDB, que vai lhe impor a grande humilhação, que será a expulsão do partido, caso ela não se desfilie por livre e espontânea pressão.
SAIR OU “VOMITAR”
Caso Kátia opte por permanecer no PMDB e enfrentar uma expulsão, terá a oportunidade de defender a si mesma, como fará Dilma Rousseff no Senado. Se lhe for dada essa oportunidade, a senadora poderá “vomitar” muitas versões de fatos ocorridos, colocando em risco membros da cúpula nacional do PMDB, mesmo sob o risco de ter sua vida passada em um pente fino, assim como ocorreu quando enfrentou – e derrotou – o ex-presidente Lula na votação CPMF.
Vale ressaltar que o mesmo pente fino foi acionado por Lula à época e nada foi encontrado – para desespero dos petistas – que desabonasse a senadora tocantinense. Resta saber se Kátia resistiria a uma nova investida sobre sua vida pública.
Kátia está correndo o risco de perder o apoio em suas bases eleitorais, já que, preocupada com sua situação e com as eleições municipais da Capital, Palmas, deixou de dar o apoio incondicional que dava a todos os seus correligionários nos demais municípios tocantinenses. Sem prestígio e sem poder, esse tratamento nunca mais será o mesmo, lembrando que a aposta da senadora para a prefeitura em Palmas, Raul Filho – o homem do patrimônio que subiu de 900 mil reais para 12 milhões de reais em tempo recorde, um empreendedor e tanto –, acaba de escorrer pelo ralo, deixando muita gente a ver navios.
Kátia sem partido será como um “leão sem dentes” no Senado, já que não poderá participar de nenhuma Comissão, muito menos solicitar qualquer audiência, seja com os ministro, seja com o próprio presidente da República, muito menos com o governador Marcelo Miranda, ficando de pés e mão atados durante os próximos dois anos, pelo menos, sem poder mandar um presentinho sequer, um agrado aos seus militantes dos 139 municípios do Tocantins, ou seja, perderá boa parte dos seus “atrativos”.
Sem sombra de dúvida, um inferno astral de fazer inveja...