Raul Filho foi condenado a prisão por receber propina para conceder contratos milionários sem licitação
Por Edson Rodrigues
Sob o comando interino do deputado estadual Nilton Franco o MDB estadual achou por bem, internamente, sem a anuência dos membros que não compõem a direção, filiar o ex-prefeito de Palmas, Raul Filho, que, em certa ocasião, num passado bem próximo, chegou a ser ventilado pela direção estadual como o “candidato perfeito” à prefeitura de Palmas pelo partido.
Pois esse mesmo Raul Filho e sua esposa, a ex-deputada estadual Solange Duailibe, acabam de ser condenados pela Justiça por crimes de corrupção. A sentença proferida nesta quarta-feira, 1º, pelo juiz Rafael Gonçalves de Paula, da 3ª Vara Criminal de Palmas, condena Raul Filho a 9 anos de prisão e 7 de detenção, por envolvimento em organização criminosa, cujo objetivo de cometer crimes de corrupção passiva, fraude à licitação, dispensa de licitação, apropriação indébita e peculato (crime que consiste na subtração ou desvio de dinheiro público).
Deputado estadual Nilton Franco presidente do MDB
No mesmo despacho, o juiz condenou a ex-deputada Solange Duailibe a 9 anos de reclusão também por participar o esquema de corrupção. A Justiça concedeu a ambos o direito de recorrer da decisão em liberdade. Os direitos políticos do acusado ficarão suspensos durante o cumprimento da reprimenda (art. 15, inciso III, da Constituição Federal), que diz o seguinte: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”.
A ação do Ministério Público do Tocantins, que foi encaminhada ao Judiciário, denunciou o esquema de corrupção da empresa Delta com a Prefeitura de Palmas, durante a gestão de Raul Filho. MPTO aponta que os réus formaram uma organização criminosa que praticava fraudes em licitações para limpeza urbana de Palmas, que totalizaram R$ 116.980.831,79, em contratos firmados entre a Delta Construções e a Prefeitura de Palmas
DESRESPEITO AO PASSADO E AO PRESENTE DO MDB
Além de representar um tapa de desdém na cara da Justiça, a filiação de Raul Filho ao MDB , pelas mãos de Nilton Franco, é um sinal de desrespeito à direção nacional, aos seus deputados estaduais, aos seus prefeitos, vereadores, demais filiados e ao seu senador da república.
Na última eleição municipal de Palmas, Raul Filho sequer conseguiu votar em si mesmo pois, apesar de conseguir manter sua candidatura de forma precária, estavam – ele e sua esposa – com os direitos políticos cassados, sem direito a nome na cédula de votação, muito menos ao voto. Sua condenação, por crime ligado ao meio ambiente, havia sido revertida em serviços comunitários na Escola Técnica Federal de Palmas, sua sentença foi cumprida, mas o político, Raul Filho, permanece inelegível até 2023.
Com a condenação do último dia primeiro de abril, tanto Raul Filho quanto sua esposa voltam á inelegibilidade, mas, mesmo assim, para o MDB de Nilton Franco, ainda são políticos a quem vale à pena associar o nome do MDB.
Faltou ao presidente interino do MDB do Tocantins amor e zelo á história do partido, repleto de nomes como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Jacinto Nunes, DR. Euvaldo Thomaz, João Pires Querido, Jaime Farias, João Cruz, e Derval de Paiva, renegado pela atual diretoria estadual e que foi o grande responsável pela reorganização do partido no Tocantins, conseguindo eleger cinco deputados estaduais e uma deputada federal, mesmo estando na oposição aos governos petistas e ao governo estadual à época, fazendo com que o partido fosse respeitado e tivesse um território definido na política.
Hoje, ao mesmo tempo em que filia um político “com a corda da Justiça no pescoço” o MDB estadual mantém Derval de Paiva na geladeira e o impediu de ser delegado na época da formação do diretório nacional do MDB, expondo um conflito de ideologias que nunca foi tão claro, sangrando publicamente, fazendo corar homens que fizeram – e fazem – parte de sua história de protagonismo, como o ex-governador Moisés Avelino.
EDUARDO GOMES
O caso fica ainda pior quando se observa que o MDB do Tocantins abriga em seus quadros o senador da República Eduardo Gomes, que é uma das estrelas que brilha no Senado Federal, como líder do governo de Jair Bolsonaro e vem sendo um dos políticos mais importantes para que o Tocantins retome os caminhos do progresso, fazendo uma ponte entre os governos estadual e federal, atuando na facilitação de convênios, liberação de repasses e no diálogo, sempre importante em momentos de transição.
Temos a certeza de que Eduardo Gomes não participou nem foi consultado nesse verdadeiro “complô” que resultou na filiação de Raul Filho ao MDB, mas precisa se pronunciar a respeito, como o político tocantinense de maior expressão filiado à legenda, pois entrou no partido pela porta da frente, resgatou a credibilidade da agremiação e a recolocou ao lugar de destaque que sempre mereceu no cenário político tocantinense, e não pode, jamais, se omitir ou ser conivente com essa verdadeira aberração que foi a filiação de um ex-prefeito desprestigiado e respondendo a processo por corrupção à mesma legenda à qual pertence.
Afinal, qual o ganho político do MDB com a filiação de Raul Filho? O que um político condenado já, pela segunda vez, pela Justiça pode acrescentar á história do MDB tocantinense? O que há por trás dos esforços de Nilton Franco para filiar um condenado inelegível á legenda que preside interinamente?
Que as respostas sejam dadas à Justiça e a quem mais interessa, que são os filiados ao MDB e o povo tocantinense!