Grupos de oposição denunciaram a prisão de Edgard Parrales, ex-embaixador da Nicarágua na OEA (Organização dos Estados Americanos) e crítico do presidente do país, Daniel Ortega, na segunda-feira, 22
Com Estadão Conteúdo
Parrales, que também foi sacerdote e ministro de Bem-Estar Social do país, apoiou a Revolução Sandinista na década de 1980 que levou Ortega ao poder pela primeira vez. Com a prisão de Parrales, subiu para 41 o número de opositores do governo detidos desde maio, ampliando o movimento de repressão mesmo após a reeleição de Ortega.
"Edgard Parrales, ex-diplomata, sequestrado hoje pelo regime Ortega-Murillo, mais um cidadão privado de liberdade por expressar sua opinião", informou a Unidade Nacional Azul e Branca (UNAB) em uma rede social.
Ortega-Murillo é uma referência ao presidente da Nicarágua e sua mulher, Rosario Murillo, que é vice-presidente do país.
Ortega se reelegeu para o seu quarto mandato consecutivo no dia 7, em uma eleição sem adversários significativos e em meio a críticas da comunidade internacional.
A prisão de Parrales
Nem a polícia nem o Ministério Público confirmaram a prisão de Parrales, assim como ocorreu com os outros 40 opositores presos antes das eleições.
Mas a esposa do ex-diplomata, Carmen Córdova, confirmou que seu marido foi detido quando estava saindo de sua casa em Manágua, a capital e maior cidade do país da América Central.
A presidente do Centro de Direitos Humanos da Nicarágua (CNDH), Vilma Núñez, disse à imprensa que Parrales foi capturado por "duas pessoas em trajes civis que o levaram de carro".
Familiares dos presos reclamam das condições
Familiares de políticos de oposição presos na Nicarágua desde maio disseram no sábado (20) que a saúde dos detidos piorou de forma preocupante recentemente, e pediram ao governo de Daniel Ortega a liberação imediata e sem restrições.
Em um comunicado à imprensa, os familiares afirmaram que os políticos presos são interrogados constantemente, há restrições de alimentos e isolamento permanente (alguns deles estão em solitárias, de acordo com o texto).
Um deles, Víctor Hugo Tinoco, perdeu 14 quilos, de acordo com sua mulher, Deyanira Parrales. "Não permitem que a gente entregue alimentos a ele, e também restringem os produtos de higiene; levamos 10 máscaras por semana e só entregam 1", afirmou ela.
No comunicado, os familiares afirmaram que os presos ainda sofrem com frio todas as noites, e que não permitem que eles usem roupas de cama e nem roupa para proteger do frio. Algumas das celas são iluminadas 24 horas por dia. (Com agências internacionais)