Por Edson Rodrigues e Luciano Moreira
Lula foi descondenado pelo Supremo Tribunal Federal por ser o único capaz de derrotar Jair Bolsonaro e evitar um segundo mandato de um presidente falastrão, raivoso, sem-educação e “de direita”, que tinha um séquito de seguidores fanáticos, que usaram o seu mandato para se armar e disseminar Fake News, de acordo com os ministros do STF, que continuam a julgar e a acusar todo e qualquer movimento atabalhoado do ex-presidente durante seu mandato.
No palanque eleitoral do ano passado, Lula convenceu os militantes de esquerda de que estava pronto para reconstruir o Brasil, devolver a dignidade ao povo brasileiro e ser a antítese de Bolsonaro.
Mas Lula não está cumprindo com suas promessas. Vem governando da mesma forma raivosa com que se apresentou nos debates – e a mesma característica do seu antecessor –, e vem destilando ódio ao invés de “resgatar o amor” e atacando setores da sociedade que foram opositores à sua volta ao poder de forma até pior do que Jair Bolsonaro fazia com seus desafetos.
A questão é que Lula, assim como Bolsonaro, não tem freios em suas ações, mas, pior que seu antecessor, tem um séquito de militantes que apenas “batem cabeça” em concordância com o que seu líder maior faz, fala e desgoverna.
Quem diz isso não somos nós. É o marqueteiro que serviu ao PT entre os anos de 2006 e 2014, João Santana que, em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, afirmou que Lula vem “agindo errado, de forma narcisista e incontrolável”.
FALHAS
Santana sentencia que “deixar o bolsonarismo monopolizar a crítica ao presidente é um grande erro. Mesmo após o fim da campanha, ainda existe a concepção de que admoestar (falar mal) o presidente é tornar Bolsonaro mais forte. Como resultado, em 2026, as inevitáveis falhas do governo petista só encontrarão desaprovação e solução na direita, que se tornará o único referencial. Todo o outro campo estará comprometido com a defesa dos erros de Lula; mais ainda: se identificando com suas limitações.
“Lula afirmou em 22 de novembro de 2022 que seu governo seria de transição. Transição para onde? O principal equívoco do presidente é a aparente incompreensão de um novo mundo e o apego às fórmulas do passado.
Lula, esquecendo-se de seu compromisso de campanha e com Marina Silva (Rede), se esquece da transição para uma matriz energética limpa e agora debate a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Debate o carro popular, em vez de debater a mobilidade e o urbanismo modernos como os de países desenvolvidos. Debate o controle do Banco Central em um contexto de economia globalizada muito diferente daquele que encontrou em 2002”, salientou o marqueteiro.
ÓDIO DESTILADO
E o “Lulinha paz e amor”, que tanto atacou o jeito raivoso de Bolsonaro, vem destilando e direcionando um ódio que ninguém havia percebido em seu caráter contra um setor crucial da economia brasileira, a força motriz do desenvolvimento e da geração de empregos, que é o setor do agronegócio.
Se, no oito de janeiro, dia das manifestações e atos de vandalismo jogados no colo da direita, dos apoiadores de Bolsonaro, Lula já havia afirmado em alto e bom tom que o advento havia sido financiado por “aquele agronegócio que quer utilizar agrotóxico sem nenhum respeito à saúde humana”. E que “essa gente toda vai ser investigada, vai ser apurada e vai ser punida”, agora Lula não se contenta apenas com essa investigação e essa punição – uma vez que nenhuma liderança do agronegócio consta entre os criminalizados pelo STF – e aumentou o tom em verdadeiros ataques ao setor.
Episódios envolvendo duas grandes feiras Agrícolas – Agrishow, em São Paulo e Agrotins, no Tocantins – mostraram que Lula guarda rancor e, o pior, usa do seu poder para dar vazão aos sentimentos de vingança que estão dando o tom do seu “governo 3”.
Segundo Lula, seu ministro da Agricultura, Carlos Fávaro foi “desconvidado” da abertura da Agrishow, (foto) em Ribeirão preto, SP, porque Bolsonaro foi convidado a participar do evento. Já no Tocantins, foi a vez de Fávaro se desconvidar, deixando de prestigiar a maior feira de agrotecnologia do Norte do País.
O deputado federal Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), disse que nenhum governo "com o mínimo de responsabilidade" pode ficar contra o agronegócio. Deputado federal pelo PP do Paraná, Lupion afirmou que as últimas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, referindo-se aos organizadores da Agrishow como "fascistas" e "mau caracteres", prejudicam "e muito" a aproximação com o setor.
"Cada vez que o presidente Lula ataca a agropecuária nacional, ele se distancia mais do principal setor econômico responsável pelo equilíbrio da balança comercial brasileira e da geração de oportunidade e renda no País", disse o deputado. A bancada do agro foi a que mais se empenhou para a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Sem Terra (MST).
Pelo menos sete entidades que representam produtores rurais repudiaram as declarações do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista ao ‘Jornal Nacional’ na última quinta-feira (25), na qual classificou parcela do setor como “fascista” e “direitista”.
MOSTRAR SERVIÇO
As ações de Lula colocam em xeque os resultados políticos que o PT poderia obter nas eleições municipais de 2024, nos mais de 5 mil municípios brasileiros, muitos deles dependentes do agronegócio – alguns de forma exclusiva – e ver seus candidatos derrotados por uma população amedrontada com a possibilidade de quebradeira ou paralisação do agronegócio.
Agindo assim, Lula só empodera a direita e a torna mais forte, como diz o próprio ex-marqueteiro petista. Ao atacar e demonizar Bolsonaro, Lula deixa de fazer o que foi eleito para fazer, deixa de mostrar serviço, como gosta o povo brasileiro.
As viagens internacionais, marca de sues governos, são verdadeiras “sapateadas” no rosto da população, com diárias e custos milionários, e resultados pífios ou vexatórios, como a “negociação da paz” entre a Rússia e a Ucrânia, em que foi ignorado pelo presidente ucraniano.
Se a meta de Lula é esquartejar, politicamente, Jair Bolsonaro, ele pode até conseguir – e “dobrar a meta”, como disse Dilma Rousseff ao se referir a uma ação que não tinha metas – mas, ao fazer isso, o presidente da República deixa de cumprir seu papel de mandatário da nação, e assume o de mandatário da sua vingança pessoal, colocando em risco o seu próprio partido, seus candidatos e, o pior, o povo brasileiro, pois Bolsonaro de fora, abre espaço para outro candidato de direita, com a mesma força do “capitão”, enquanto o PT e a esquerda ficarão órfãos de candidato à presidência.
Se Lula precisou ser descondenado para vencer Bolsonaro, agora precisa mostrar serviço, para não ser desmoralizado.
Triste Brasil da polarização!