Apesar da liberdade constitucional, reunir várias vertentes políticas em um mesmo palanque soa como oportunismo e enfraquece partidos
Por Edson Rodrigues
A legislação eleitoral reza que as coligações entre partidos são livres durante o período de eleições. Mas, o que se espera dessas coligações é que sejam, no mínimo, coerentes em ideologias, em metas e em discursos.
O que se viu em Porto Nacional, na noite desta quinta-feira, (27) extrapola qualquer conceito de harmonia ou de coerência políticas. O palanque montado pelo prefeito Joaquim Maia, já chamado nos bastidores de “palanque Titanic”, desafia qualquer cientista político a encontrar um fio de afinidade entre as incontáveis “lideranças” políticas que se sujeitaram a distribuir cumprimentos e sorrisos a rivais e adversários históricos ou conceituais.
Os mesmos bastidores que batizaram o evento comentam que, na verdade, o que houve, foi uma intensa movimentação nos submundos do “caixa dois” e que o maior beneficiado, com um valor vultoso, teria sido o “engenheiro do navio”, ficando seus seguidores mais próximos com valores menores.
Mesmo dizendo o velho ditado que, “onde há fumaça, há fogo”, preferimos, pessoalmente, não acreditar nesses rumores, pois há muito “verbo” e poucas provas.
Afirmações assim só se tornam verdadeira quando há delações premiadas ou o “pagante” filma a entrega do dinheiro, como já tivemos exemplo, em Porto Nacional, mesmo, de um político que recebeu 300 mil de um certo candidato e, de repente, voltou atrás, mas não devolveu o dinheiro que buscou, acompanhado de seu cunhado.
Informações extraoficiais, como não poderiam deixar de ser, é claro, dão conta de que hoje, sexta-feira, um cobrador estará se dirigindo a Porto Nacional para receber o dinheiro de volta.
ESFACELAMENTO PARTIDÁRIO
Voltando ao “palanque improvável”, o teatro montado na noite de ontem em Porto Nacional é o retrato mais fiel do esfacelamento partidário, em que não só o mentor, mas todos os participantes, mandam às favas o compromisso ideológico-partidário e se embrenham na seara da busca pelo voto a qualquer preço, mesmo que esse preço seja a sua história política e a história do partido do qual fazem parte.
O que se viu foi uma venda de prestígio eleitoral, uma tentativa de transferência comprada de votos que enfraquece a imagem dos partidos, a democracia e torna os Executivos reféns dos Poderes Legislativos.
Esse prejuízo pode respingar, também, na imagem do próprio município. Ao formar um palanque com vários segmentos e ideologias políticas, o prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia, mostrou um descompromisso com os interesses dos seus eleitores e de sua própria administração, hipotecando apoio a candidatos sem nenhuma afinidade com o município, arriscando seu “dote partidário” em um casamento com data de vencimento, que é o dia sete de outubro, mais precisamente às 18 horas.
Preferimos acreditar que esse “palanque Titanic” seja, apenas, uma manobra política desastrada, que não haja interesses financeiros e pessoais atrelados à essa estranha engenharia política de Joaquim Maia.
Mesmo que seus opositores teimem em falar o contrário....