Partidos políticos e institutos de pesquisas fizeram nas últimas semanas estudos qualitativos para tentar aferir que características o eleitor busca em um candidato que possa representar a chamada “terceira via” nas eleições presidenciais de 2022
Por Laryssa Borges
Entre as perguntas que têm sido feitas estão se há a obrigatoriedade ou preferência de o político ser ficha limpa, de elencar o combate à corrupção como uma de suas prioridades e de procurar políticos tradicionais para alianças partidárias. Em uma das simulações, eleitores foram questionados, por exemplo, se o “candidato ideal” poderia se aliar a políticos tucanos investigados na Lava-Jato.
Eventuais respostas positivas não descartam ou classificam determinado pré-candidato, mas têm servido para os partidos monitorarem os interesses do eleitor que hoje não pretende votar nem no presidente Jair Bolsonaro nem no ex-presidente Lula no próximo ano. Entre os nomes apresentados aos entrevistados nestas pesquisas qualitativas estão o da empresária Luiza Trajano e do ex-juiz Sergio Moro.
De acordo com o cientista político Luiz Felipe d’Avila, embora o caminho para a terceira via hoje esteja congestionado, com diferentes agremiações tentando se cacifar para lançar seu próprio presidenciável, há espaço para que um nome seja competitivo a partir de março do próximo ano. Na avaliação dele, os pífios desempenhos de João Dória (3%), Luiz Henrique Mandetta (3%) e Sergio Moro (7%) na última pesquisa XP/Ipespe de intenção de votos, por exemplo, também não devem ser levados a fundo desde já como critério de exclusão do nome de quaisquer dos possíveis candidatos.
“O grande desafio do candidato do centro é perder o discurso tecnocrata e ganhar um discurso que seja capaz de sensibilizar o eleitor. A rejeição gigantesca do Lula e do Bolsonaro mostra que tem uma avenida promissora do centro. Isso é muito mais importante do que dizer quem está na frente. A preferência do eleitor vai mudando, e a eleição ainda não está no radar das pessoas”, afirmou ele a VEJA.
“Se houver o consenso em torno de um único nome, esse nome vai começar a crescer naturalmente no início do próximo ano. Na hora que aparecer um rosto e uma proposta, isso vai derreter o Bolsonaro, porque a turma que vota nele está insatisfeita e em busca de um candidato”, declarou.
De olho em que político poderia sintetizar os interesses e preocupações também de uma parcela do empresariado, o grupo Parlatório começa a realizar a partir deste domingo (20) seminários com o que tem chamado de “articuladores” da terceira via. Sob curadoria do ex-presidente Michel Temer, serão convidados a falar os governadores João Dória e Eduardo Leite, do PSDB, o ex-juiz Moro, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o senador Tasso Jereissati. A primeira rodada de debates está agendada para a noite deste domingo e terá Jereissati como protagonista. Fazem parte do grupo de discussões Parlatório gigantes como Jorge Gerdau, Abílio Diniz, Elie Horn, Rubens Menin, além de artistas, pensadores e dirigentes dos maiores hospitais do país.