Por Bianca Gomes e Gustavo Schmitt
Candidata do MDB ao Palácio do Planalto, a senadora Simone Tebet (MS) recebeu o apoio do Podemos à sua chapa presidencial. A costura do acordo envolveu o apoio do MDB e da Federação PSDB-Cidadania à reeleição do senador Alvaro Dias (Podemos), no Paraná. Dias, que chegou a ter cogitada uma candidatura presidencial, terá de enfrentar um antigo aliado na disputa ao Senado paranaense, o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil).
O acordo foi selado numa reunião em São Paulo com a presidente da sigla, Renata Abreu, Tebet, o presidente do MDB, Baleia Rossi, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Na última quinta-feira, em aceno à sigla chefiada por Renata, a Executiva do MDB aprovou a coligação com PSDB e o Cidadania, deixando em aberto a possibilidade de mais partidos se somarem à campanha da parlamentar. O movimento intensificou um flerte que já vinha ocorrendo. Agora, a composição da presidenciável será formada por MDB, Podemos, PSDB e Cidadania, totalizando um tempo de televisão de aproximadamente dois minutos.
O Podemos, que já teve Moro como pré-candidato, também chegou a ser sondado pelo União Brasil, cuja candidata é a senadora Soraya Thronicke (MT). As tratativas, porém, não avançaram. O principal entrave foi Dias, que se recusou a se aliar ao partido de Moro. No Paraná, o diretório emedebista apoia a reeleição do governador Ratinho Júnior (PSD), que deve ter Moro em sua chapa ao Senado. Com isso, o MDB manterá apenas o apoio ao governador.
O acordo também envolveu as tratativas para a chapa ao governo de São Paulo, que resultou na indicação de Geninho Zuliani (União Brasil) para a vice de Rodrigo Garcia (PSDB) e do ex-secretário municipal de Saúde Edson Aparecido para a vaga ao Senado. O Podemos deve ficar com a suplência de Aparecido.
Nas últimas semanas, a ausência de Garcia nas agendas de Tebet tem chamado a atenção — ele sequer esteve no lançamento da vice da aliada ao Palácio do Planalto na última terça-feira, na sede do diretório tucano. Até agora, o governador tem procurado se desvencilhar da eleição nacional e de Tebet, ainda que procure fazer gestos sutis na direção do eleitorado bolsonarista. A definição da chapa de Garcia estremeceu a relação com o MDB e com aliados da senadora, já que a sigla acabou preterida da vice.
Ontem, Tebet esteve ao lado da sua vice e senadora tucana Mara Gabrilli, na capital paulista. O palanque de Garcia deve ser dividido entre a emedebista e a também senadora Soraya.
Ainda assim, a candidatura de Soraya preocupa o entorno de Tebet por ameaçar o ineditismo de uma chapa feminina nas eleições. O entorno de Tebet atribui a candidatura de Soraya a um movimento do ex-presidente Lula para enfraquecer a emedebista. Lula tentou negociar o apoio do União Brasil à sua candidatura ainda no primeiro turno. O presidente da sigla, Luciano Bivar, era favorável, mas a aliança foi rechaçada pela ala ligada ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que concorre ao governo da Bahia.
Com praticamente nenhum palanque exclusivo, Tebet corre contra o tempo para atrair mais apoios para sua chapa. Ontem, ela voltou a fazer gestos na direção do presidenciável Ciro Gomes, do PDT, e disse que os dois devem se encontrar para um cafezinho. Segundo a senadora, a maior dificuldade de uma composição é a diferença de visão econômica de ambos.