A política e seus bastidores. Com João Pedroso de Campos, Reynaldo Turollo Jr, Bruno Ribeiro, Leonardo Lellis, Tulio Kruse e Diogo Magri. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Por José Benedito da Silva
Juntar-se à aliança formada por União Brasil, MDB e PSDB, que querem lançar um candidato único à Presidência para tentar romper a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), é a solução que políticos do autodenominado “centro democrático” têm apresentado a Sergio Moro (Podemos) como uma “saída honrosa”. Estacionado em 8% das intenções de voto, segundo o Datafolha, o ex-juiz teria nessa aliança a justificativa perfeita para abandonar a candidatura ao Planalto, dar apoio a um nome com chances de crescer e disputar uma cadeira no Congresso, onde a probabilidade de sucesso nas urnas seria bem maior.
O MDB já apresentou como pré-candidata à Presidência a senadora Simone Tebet (MS). O PSDB tem o governador de São Paulo, João Doria — e, correndo por fora, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O União Brasil ainda deve colocar o nome do presidente da legenda, o deputado Luciano Bivar (PE). Embora Moro esteja melhor nos levantamentos do que Doria, Leite e Tebet — que têm 2%, 1% e 1%, respectivamente, de acordo com o último Datafolha —, pesquisas qualitativas (que entrevistaram eleitores com determinados perfis) encomendadas por políticos desse grupo apontam que a candidatura do ex-juiz da Lava-Jato “desintegrou”. Hoje, ele é visto por alguns nomes da terceira via como alguém que não cresce e não deixa os outros crescerem.
Diferentemente da provável coligação União-MDB-PSDB, que terá dinheiro dos fundos eleitoral e partidário e tempo de TV em abundância, o Podemos de Moro, sem alianças de peso, não deve ter recursos suficientes para uma campanha competitiva. Apostando nisso, nomes da terceira via têm defendido que Moro se junte a eles. Nesse arranjo, o ex-juiz disputaria uma vaga na Câmara dos Deputados, onde poderia se consagrar como um puxador de votos, ou no Senado — o que dependeria de mudar seu domicílio eleitoral para outro estado, porque pelo Paraná o senador Alvaro Dias, correligionário de Moro, tentará a reeleição.