Por Edson Rodrigues
O processo de impeachment de Mauro Carlesse, afastado do governo do Estado pelo STJ desde outubro do ano passado, avançou. O parecer pela continuidade do processo foi apresentado pelo relator da Comissão Especial Processante, e aprovado na última quinta-feira, 24. A próxima sessão marcada para a Comissão é na noite de quinta-feira (3), logo após o carnaval. Nesta data deve ser apresentado o parecer final do relator. Ainda não está claro se a votação será imediatamente após a apresentação ou se haverá nova convocação para que isso seja realizado.
COLLOR DE MELLO
O Observatório Político de O Paralelo 13, olhando no retrovisor da política brasileira, encontrou semelhanças entre o processo contra Mauro Carlesse e o impeachment de Fernando Collor de Mello, em que a teima e o mau assessoramento político fizeram o ex-presidente ir além dos limites jurídicos, tentando uma renúncia quando percebeu que perderia a votação no Plenário da Câmara Federal. Já era tarde demais. O regimento da Câmara vetava a tentativa de renúncia naquela altura dos acontecimentos. Collor ficou inelegível, e exatos oito anos afastado da vida política, além do vexame de ter sua vida exposta e defenestrada pela imprensa.
MAURO CARLESSE
Mauro Carlesse teria, então, no máximo até amanhã, quinta-feira, às 8h da manhã, para protocolar sua renúncia junto à Assembleia Legislativa, livrando-se de qualquer risco de impeachment e preservando sua elegibilidade já para as eleições de outubro próximo.
E não há alternativa. Ou ele coloca a “máscara de oxigênio” que a renúncia lhe oferece ou corre o risco de sofrer o impeachment e, até, de ser condenado e preso.
Independentemente do que está sendo acusado, Mauro Carlesse deixou sua marca como gestor, conseguindo, em conjunto com a Assembleia Legislativa, equilibrar as contas do governo do Estado e colocar o Tocantins entre os poucos membros da Federação em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal, com capacidade de receber recursos federais, assinar convênios. Construiu o novo hospital de Gurupi, iniciou as obras do Hospital de Araguaína, da nova ponte sobre o Rio Tocantins, em Porto Nacional, melhorou as rodovias estaduais e injetou recursos na Educação e na Saúde Públicas, além de atualizar o pagamento do funcionalismo público estadual, chegando, até, a antecipar pagamentos.
ALÍVIO POLITICO PARA OS DEPUTADOS ESTADUAIS
Mauro Carlesse governou com o apoio quase total dos deputados estaduais, e precisa entender que uma renúncia, além de lhe salvar a elegibilidade, seria um alívio para os deputados estaduais que o ajudaram a governar, que estão sendo monitorados pela imprensa e pela opinião pública, ávidos por fazer um “linchamento político” daqueles que, por ventura, se manifestem ainda leais a Carlesse.
Logo, sua renúncia seria, não só, um caminho político novo que ele poderia trilhar sem perigos, como uma oportunidade aos seus aliados e a quem o ajudou a realizar seu governo.Entre a prisão, o vexame e o linchamento político, está uma simples carta de renúncia.
Que Carlesse não seja mais um Collor de Mello...