Produção do setor automobilístico em 2022 deve ser a menor dos últimos 23 anos, segundo especialistas
Por: Celso Costa Júnior
O anúncio do encerramento das atividades da planta da Caoa Chery em Jacareí, no interior de São Paulo, nesta 5ª feira (5.mai), acendeu um sinal de alerta no mercado automotivo brasileiro. Dados da Anfavea - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores - mostram que a produção de veículos no Brasil em 2022 deve ser a menor desde 1999, quando foram fabricados quase 1,3 milhões de veículos, valor ligeiramente menor que as 1,6 milhões de unidades projetadas para 2022.
Em 2013, a indústria automotiva chegou a produzir 3,7 milhões de unidades, o melhor ano da série histórica iniciada em 1957. Em relação a 2021, ano em que foram produzidas um pouco mais de 2,2 milhões de unidades, o setor acumula uma queda de 40,5% no número de veículos fabricados desde 2013.
De acordo com o economista Fábio Astrauskas, esses números refletem um impasse que ultrapassa as fronteiras brasileiras. "O encerramento de fábricas do setor automotivo tem ocorrido em várias partes do mundo e a pandemia intensificou isso. Havia uma grande ociosidade em plantas em várias regiões do planeta e isso fez com que as montadoras tivessem que reduzir custos para otimizar seus resultados. Por conta de questões internas, a situação no Brasil foi pior do que em outros lugares. Uma série de questões potencializam o problema por aqui: passamos por uma crise desde 2014, existe o elevado custo de logística, impostos e tributos. Tudo isso somado à restrição financeira causada pela retração de mercado explica esse movimento", afirma.
O caso da Caoa Chery não é isolado, desde 2015 ao menos 7 fábricas de veículos tiveram suas atividades encerradas ou foram desativadas, outras plantas ainda tiveram suas estruturas reduzidas, como é o caso da Audi, em São José dos Pinhais (PR) e da Honda em Sumaré (SP).
Estima-se que a ociosidade da indústria automotiva no Brasil atualmente seja de 70%, isso porque, com o aquecimento no mercado registrado até meados de 2014, a capacidade de produção do setor chegou a cerca de 5 milhões de veículos, mais que o triplo do valor previsto para a produção deste ano.