Convenção do Partido dos Trabalhadores elege novo diretório e decide desembarcar da base de apoio ao governo do Estado
Por Edson Rodrigues
O PT do Tocantins está oficialmente fora da base de apoio ao governo Marcelo Miranda. Mais que isso, o partido decidiu fazer oposição e entregar os cargos que mantém no Executivo Estadual. A decisão, tomada durante a convenção estadual da legenda, que elegeu um novo diretório e foi comandada pelo presidente, o deputado estadual Zé Roberto, é a forma honrosa encontrada pelo PT para desembarcar do governo.
O ex-líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Paulo Mourão, que há tempos vinha deixando claro o seu posicionamento em relação ao governo estadual, com palavras duras e contundentes contra o governo do qual era o líder no parlamento, segue a decisão do partido e também desfaz todos os laços com o Palácio Araguaia.
PRAZO, REBELIÃO E IMPLOSÃO
Esta segunda-feira, dia seis de junho, é o prazo limite para que todos os filiados ao PT tocantinense deixem os cargos que ocupam no Executivo Estadual, conforme decisão da direção do partido.
Mas, ao que tudo indica, essa transição do PT, saindo da base de apoio e indo para a oposição ao governo Marcelo Miranda , não será nada tranqüila. O posicionamento da deputada estadual Amália Santana e de outros membros do Partido dos Trabalhadores, indica claramente que a legenda está rachada, transformando a data para deixar o governo em data para a implosão do PT no Tocantins.
Sob o peso de um desempenho pífio nas eleições municipais, onde fez apenas prefeitos no Tocantins, o PT pode estar iniciando uma série de eventos que fragilizarão a legenda em todo o Brasil.
O PT elegeu, esta semana, a senadora Gleisi Hoffmann para sua presidência nacional. Nada mais simbólico que entregar o comando do partido para uma pessoa que é ré em diversos processos no STF, frutos das investigações da Operação Lava Jato. Afinal, nada como ter como presidente uma pessoa já preparada para enfrentar as duas bombas que vão cair sobre as cabeças da cúpula nacional do partido, com as delações dos ex-ministros petistas Guido Mantega e Antônio Palocci, que deverão despir de vez as vergonhas dos ex-presidentes Lula e Dilma.
Os dois ex-presidentes já andam assombrados pela descoberta da conta de 150 milhões de reais na Suíça e pelos diversos acordos de delação em andamento, que a cada dia deixam o PT mais atolado na lama da corrupção que se instalou no País e vem enojando a opinião pública.
Ou seja, o PT vem tomando decisões que vão contra o bom senso para um partido tão ameaçado como é hoje. A cada dia que passa, fica mais claro que a legenda perdeu o rumo e segue um caminho tortuoso, perdendo seus melhores quadros (os honestos) para outros partidos e vendo próximo o futuro em que seus dirigentes terão que despachar de dentro de suas celas em Curitiba.
O PT é, hoje, considerado pelos analistas internacionais, como a segunda maior organização criminosa do mundo, só perdendo para a Camorra, a máfia siciliana que estendeu seus braços sujos até os Estados Unidos, e levou mais de 50 anos para ser desbaratada pelo FBI.
MARCELISTAS ALIVIADOS
Enquanto isso, no Palácio Araguaia, a sensação é de alívio, com a auto-debandada do PT. Do primeiro ao quinto escalões do governo, todos comemoram. Um membro do primeiro escalão explica que a cúpula está aliviada com a retirada do que chamou de “banda podre” do governo estadual: “estamos livres desse encosto, desse peso morto improdutivo, rejeitado por toda a sociedade brasileira. O PT nada mais é que o responsável direto pelos 14 milhões de desempregados e com seus maiores líderes ameaçados de prisão, inclusive o maior deles, o Lula. Ainda bem que este povo não está mais entre nós”, comemorou.
Já outro membro governista, também do primeiro escalão foi mais taxativo: "graças a Deus estamos livres deste peso pesado. Isso representa um grande alívio para o nosso governador. É um milagre nós, governistas, nos livrarmos de partido e de um grupo que não vai nos deixar saudade”, enfatizou.
Para completar a alegria no Palácio Araguaia, a segunda-feira começa com um gosto bom de saborear. Depois de ser achincalhado em praça pública na cidade de Taguatinga, Sudeste tocantinense, onde neste domingo, 5 de junho acontecia uma nova eleição para prefeito – o TRE-TO havia anulado a eleição e o STE confirmou e marcou um novo pleito – o candidato do PV, Altamirando Zequinha, conhecido como Miranda, apoiado pelo Palácio Araguaia, derrotou o candidato apoiada pela senadora Kátia Abreu, Lúcio Renato José Pereira.
KÁTIA ABREU E O PT
Kátia Abreu, aliás, faz parte do mesmo “terreno” que o PT ocupa no coração do Palácio Araguaia. Por ter sido uma defensora inconteste da presidente Dilma Rousseff e ter trabalhado contra o impeachment que terminou por apear a ex-presidente do poder, Kátia é bem vista dentro do PT.
Por outro lado, Kátia vem sendo chamada de política “triplex”, pois ela, Kátia, seu filho, deputado Irajá Abreu e seu esposo Moisés Pinto Gomes, estão sendo investigados pela Policia Federal, por determinação do Supremo Tribunal de Justiça, onde, no sub mundo do crime da propina, a senadora tende pelo nome de "machado", o que, segundo seus detratores mais venais, está lhe valendo o esdrúxulo nome de "Kátia Machado Triplex de Abreu”, mesmo não sendo réu em nenhum processo.
Dependendo dos resultados dessas investigações e, por ventura, de outras que podem ainda surgir nas próximas delações, por estarem unidos em nível uterino, Lula e Dilma podem determinar que o PT do Tocantins se uma a Kátia Abreu em 2018, fato que ganha força com a proximidade entre a senadora tocantinense e a nova presidente do PT, a também senadora Gleisi Hoffmann.
Traduzindo em miúdos, ao que tudo indica Kátia e o PT nasceram um para o outro.
Como diria meu saudoso amigo e irmão Salomão Wenceslau: “é, pois é!”.