Analistas nacionais ressaltam que legenda dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff vão se aliara aos seus principais adversários
Da Redação
Sob as bênçãos do comando partidário, governadores e dirigentes petistas já traçam, em seus estados, alianças com partidos que compõem a base do governo de Michel Temer (MDB) e apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Uma resolução petista, de dezembro de 2017, determina como núcleo de alianças partidos que votaram contra o impeachment e as medidas do governo Temer, mas em pelo menos 16 estados as negociações vão na contramão Candidato à reeleição, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), trabalha para manter na coligação os 21 partidos de sua base, incluindo o MDB do senador Eunício Oliveira, o PPS e até o DEM.
No Piauí, o governador Wellington Dias (PT) afirma que, para sua reeleição, quer manter o time que o apoia desde 2015. Isso inclui ter no palanque o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira, que apoiou o impeachment de Dilma, além do MDB, que aderiu ao petista no ano passado.
Na Bahia, a chapa de reeleição do petista Rui Costa deve sacrificar a reeleição da senadora Lídice da Mata (PSB), aliada fiel do PT baiano, pela candidatura ao Senado do deputado estadual Ângelo Coronel (PSD), que já apoiou o grupo de ACM e é próximo ao senador Otto Alencar (PSD).
O PT do Acre, por sua vez, vai liderar uma frente ampla de 14 siglas –entre elas, PV, PRB e PSB. Presidente estadual da legenda, André Kamai afirma que a relação dos partidos é fraternal.
Apesar de pregar aproximação a esquerda, não há orientação do comando nacional pela ruptura das coligações estaduais. Após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as alianças já foram debatidas em duas reuniões da cúpula do partido, que decidiu liberar negociações.
Lula chegou a incentivar algumas alianças, como o apoio à reeleição de Renan Filho (MDB), em Alagoas, e à candidatura de Helder Barbalho (MDB), no Pará.
A articulação com o PSB –a maioria da bancada votou pelo impeachment– ganhou força nas últimas semanas, após Joaquim Barbosa desistir de disputar a Presidência.
Afastados, PSB e PT começam a reconstruir pontes em Pernambuco, onde romperam, e Minas Gerais, onde estão afastados desde 2014. "Caminhamos para uma aliança com o PSB em Pernambuco", diz o senador Humberto Costa (PT) – a sigla terá de abdicar da competitiva candidatura da vereadora Marília Arraes (PT) ao governo.
Como contrapartida, petistas querem que Márcio Lacerda (PSB) desista do governo de Minas para apoiar a reeleição de Fernando Pimentel (PT). A reaproximação com o PSB é crucial para o petista, já que ele deve perder seu principal aliado até aqui, o MDB.
Líder do governo Pimentel na Assembleia de Minas, Durval Ângelo (PT), quer garantir a aliança mais ampla possível. Para isso, o partido abriu conversas com PR, PDT e Podemos –o que garantiria mais tempo de TV a Pimentel.
Em outros estados onde a sigla não tem candidatos competitivos, a tarefa de manter o tamanho de sua bancada no Congresso pode fazer o PT buscar alianças.
Em Alagoas, elas já foram sacramentadas. O PT reaproximou-se do governador Renan Filho (MDB) e vai apoiá-lo na campanha à reeleição. Em troca, o MDB deve abrir bases eleitorais para a reeleição do deputado federal Paulão, único da bancada do PT alagoano.
A reaproximação acontece dois anos depois de o MDB ter rompido e entregado os cargos durante o impeachment, quando o senador Renan Calheiros (MDB) votou pela derrocada de Dilma.
O mesmo pode acontecer no Pará, onde o PT lançou a pré-candidatura do senador Paulo Rocha. Se não chegar ao segundo turno, é provável que a legenda apoie Helder Barbalho (MDB) –outro que votou pelo impeachment.
Também há a possibilidade de apoio à candidatura a governos estaduais de parlamentares que votaram pelo impeachment de Dilma, como o senador Acir Gurgacz (PDT), em Rondônia, e o deputado Daniel Vilela (MDB), em Goiás
TOCANTINS FORA DAS PRIORIDADES
No levantamento apresentado acima, feito pelos principais analistas nacionais, nota-se que o Tocantins sequer é citado nas proposições do PT para se manter, pelo menos, perto do poder. E isso acontece por motivos óbvios.
O PT nunca elegeu nenhum deputado federal, muito menos senador no Tocantins. Por ter um eleitorado numericamente insignificante, o Estado não gera percentuais ou acrescenta dados suficientes para fazer alguma diferença no posicionamento petista.
Mas, O Paralelo 13 fez um levantamento para posicionar o Tocantins nesse cenário.
Segundo apuramos, o PT do Tocantins seguirá politicamente a senadora Kátia Abreu, independente de ela ser ou não candidata ao governo do Estado em novembro próximo.
Fontes dos bastidores nos revelaram, também, que o grupo do PT que se rebelou contra o apoio à candidatura de Kátia Abreu ao governo nesta eleição tampão não terá a legenda para o registro de suas candidaturas.
Mesmo assim, o fato desse grupo “rebelde” que preferiu apoiar a candidatura sub judice de Carlos Amastha, indicando como vice o militante e fundador do partido no Estado, Célio Moura, acabou ganhando importância de influência na eleição estadual, pois iniciou o desmonte da candidatura de Kátia Abreu antes mesmo da su decolagem.
Mesmo a senadora tendo conseguido recuperar algum terreno, essa dissidência petista atrapalhou o bom desempenho da sua candidatura ao governo e, quem conhece Kátia Abreu, sabe que, independente do resultado da eleição de três de junho, ela será impiedosa com aqueles que a apunhalaram pelas costas.
Quem viver verá!
O POSICIONAMENTO DO PT NO BRASIL
AC - Candidatura de Marcus Alexandre
Partidos: PSB, PCDOB, PV, PRB e PDT
AL - Apoio a Renan Filho (MDB)
BA - Reeleição de Rui Costa
Partidos: PSD, PP, PR, PDT, PSB e PCdoB
CE - Reeleição de Camilo Santana
Principais partidos: PDT, MDB, DEM, PSB, PTB, PP, PR, PRB, PV, PPS
ES - Apoio a Paulo Hartung (MDB) ou a Renato Casagrande (PSB)
GO - Candidatura de Kátia Maria ou apoio a Daniel Vilela (MDB)
MG - Reeleição de Fernando Pimentel
Partidos: PCdoB, Pros e PRB
PA - Candidatura do senador Paulo Rocha ou apoio a Helder Barbalho (MDB)
PB - Apoio a João Azevedo (PSB)
PE - Candidatura de Marília Arraes ou apoio à reeleição de Paulo Câmara (PSB)
PI - Reeleição de Wellington Dias
Partidos: PP, MDB, PDT, PTB, PSD e PCdoB
PR - Possível apoio ao senador Roberto Requião (MDB)
RN - Candidatura da senadora Fátima Bezerra
Partidos: PCdoB e PHS
RO - Possível apoio ao senador Acir Gurgacz (PDT)
RR - Apoio a Suely Campos (PP)
SE - Apoio ao governador Belivaldo Chagas (PSD)