Paulo Marinho deu entrevista à Folha. Empresário rompeu com Bolsonaros
Com Agências
Flávio Bolsonaro é o filho mais velho do presidente Jair e teria sido avisado da operação por 1 delegado simpatizante da candidatura do pai ao PlanaltoSérgio Lima/ Poder360 - 28.nov.2020
O empresário Paulo Marinho disse à Folha de S.Paulo que a Polícia Federal contou para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que a Operação Furna da Onça ia ser deflagrada em 2018. A operação é 1 desmembramento da Lava Jato, investiga desvio de dinheiro e 1 suposto esquema de rachadinha na Alerj (Assembléia Legislativa do Rio) e atingiu Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flavio.
Os policiais também teriam “segurado a operação” para que ela não fosse feita antes do 2º turno das eleições de 2018 e atrapalhasse a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República. O senador é o filho mais velho do presidente.
Paulo Marinho é o suplente de Flávio no Senado. A entrevista à Folha foi publicada no fim da noite de sábado (16.mai.2020).
De acordo com Marinho, Flávio Bolsonaro lhe contou sobre a antecipação das informações da PF na operação que atingiu Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Alerj, em dezembro de 2018 –depois que Bolsonaro já tinha sido eleito com 55,2% dos votos. Na ocasião, Flávio queria que o empresário lhe indicasse 1 bom advogado criminal e estava “absolutamente transtornado”.
De acordo com Marinho, a conversa com Flávio explica o interesse do presidente Bolsonaro em ter alguém de sua confiança na chefia da Polícia Federal, assim como disse o ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) ao pedir demissão.
Marinho foi 1 dos nomes mais importantes na candidatura de Bolsonaro ao Planalto, chegando a emprestar sua casa para montar a estrutura da campanha do militar. Atualmente, é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSDB.
Segundo Marinho, Flávio foi avisado sobre a operação Furna da Onça entre o 1º e o 2º turno das eleições de 2018 por 1 delegado que era simpatizante da candidatura de Bolsonaro. Os pleitos daquele ano foram realizados em 7 e 28 de outubro, respectivamente.
O delegado teria aconselhado também Flávio a demitir Queiroz e a filha de seu gabinete na Alerj. Assim foi feito. Em 15 de outubro de 2018, os 2 foram afastados.
O Poder360 preparou 1 infográfico que explica quem é quem nas investigações.
ENTENDA O CASO
O relatório do Coaf que acendeu o caso na mídia está relacionado à operação Furna da Onça, que levou à prisão 10 deputados estaduais do Rio em 8 de novembro. Servidores da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro tiveram suas contas bancárias esmiuçadas pelo Coaf, inclusive Queiroz.
A assessoria de Flávio Bolsonaro afirma que não há “informação de qualquer fato que desabone” a conduta do ex-assessor , exonerado em outubro para se aposentar.
Além de trabalhar no gabinete de Flávio, Queiroz é amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro. Em 2013, postou em seu perfil no Instagram uma foto com o militar, pescando.
Em 7 de dezembro de 2018, Bolsonaro disse que os R$ 24.000 pagos por Queiroz à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro referem-se à quitação de uma dívida pessoal.
De acordo com ele, Queiroz utilizou a conta da futura primeira-dama para receber o dinheiro “por questão de mobilidade”.
“O nosso presidente já esclareceu. Tinha 1 empréstimo de R$ 40.000, passei 10 cheques de R$ 4.000. Nunca depositei 24.000”, afirmou Queiroz em entrevista ao SBT.
Queiroz disse ao SBT Brasil que vai explicar apenas ao MP porque recebeu depósitos de outros funcionários de Flávio nas datas próximas de pagamentos da Alerj.
Ele negou que tenha repassado parte de seu salário ao senador eleito.
“No nosso gabinete, a palavra lá é: não se fala de dinheiro, não se dá dinheiro […] Eu não sou laranja, sou homem trabalhador. Eu tenho uma despesa imensa por mês.”
PGR pede para Polícia Federal ouvir Paulo Marinho em inquérito sobre Bolsonaro
Inquérito no STF apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na PF. Em entrevista a jornal, empresário disse que Flávio Bolsonaro foi avisado por delegado da PF de operação policial.
A Procuradoria Geral da República (PGR) pediu neste domingo (17) que a Polícia Federal colha o depoimento do empresário Paulo Marinho no âmbito do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na PF.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o empresário afirmou que o senador Flávio Bolsonaro (PSL) foi avisado com antecedência por um delegado da PF sobre a deflagração da Operação Furna da Onça, que culminou na prisão de diversos parlamentares do estado do Rio em novembro de 2018.
O ofício enviado à delegada Christiane Correa Machado, do Serviço de Inquéritos Especiais da PF no STF, pedindo a coleta de depoimento foi assinado pelo procurador João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, que é membro auxiliar do gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras.
No pedido, Tavares também requer que a PF colha o depoimento de Miguel Ângelo Braga Grillo, chefe de gabinete de Flávio. Ele solicitou ainda, em meio digital, a cópia integral do inquérito da PF que apurou supostos vazamentos relacionados à operação Furna da Onça.
Paulo Marinho, de 68 anos, foi um dos principais apoiadores da campanha presidencial de Bolsonaro e é suplente de senador de Flávio.
Segundo ele, um delegado da Polícia Federal tentou entrar em contato com o senador Flávio Bolsonaro por meio de telefone. O empresário, no entanto, não revelou o nome do delegado.