Ex-presidente deve adotar tom "pacificador" e focará em "censura", segundo narrativa Elon Musk versus Alexandre de Moraes
Com SBT
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve monitorar o ato do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) neste domingo (21), em Copacabana, no Rio de Janeiro. Ministros da Corte estão atentos a uma subida de tom, mas a narrativa deve rondar a “batalha Musk”.
Comissão da Câmara dos EUA divulga relatório com críticas a decisões de Moraes: “censura”
Como no ato de 25 de fevereiro, o ex-líder da República deve se concentrar numa narrativa “pacificadora”. Na Avenida Paulista, em São Paulo, Bolsonaro disse que busca “passar uma borracha no passado” e pediu anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro.
"O que busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar maneira de nós vivermos em paz. [...] Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridades no Brasil. Agora nós pedimos a todos 513 deputados, 81 senadores, um projeto de anistia para seja feita justiça em nosso Brasil", disse o ex-presidente no cartão postal paulistano.
Na ocasião, Jair também negou a tentativa de golpe de Estado. O ato ocorreu duas semanas depois da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que cumpriu mandados contra Bolsonaro, ex-assessores e ex-ministros civis e militares na investigação de tentativa de golpe de Estado.
O ato em São Paulo reuniu cerca de 180 mil pessoas, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o prefeito da cidade e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), e o pastor Silas Malafaia que, em discurso, fez duras críticas ao Supremo.
Com a operação Tempus Veritatis no passado, o ato deve recuperar a polêmica mais recente envolvendo o Supremo: as críticas do bilionário Elon Musk as decisões do ministro Alexandre de Moraes de barrar contas no X (ex-Twitter). O tema é sensível e será monitorado.
Entenda: Comissão do Congresso americano divulga decisões sigilosas de Moraes
Em vídeo nas redes sociais, o ex-presidente Bolsonaro usou o tema para convocar apoiadores à Avenida Atlântica, em Copacabana: "O mundo todo tomou conhecimento de o quanto está ameaçada a nossa liberdade de expressão e de que estamos perto de uma ditadura”.
Moraes x Musk
No início de abril, o empresário Elon Musk disse que iria suspender as restrições aos perfis ordenadas por Moraes, alegando censura. No dia seguinte, o bilionário chamou o ministro de “Darth Vader do Brasil” e sugeriu que o magistrado sofresse um impeachment.
Na série de publicações, Musk ainda ameaçou retirar a empresa do Brasil. Pouco tempo depois, ele compartilhou um tutorial demonstrando como baixar VPN para mascarar o local de acesso do computador e, dessa maneira, poder continuar usando o X, caso a rede decidisse de fato deixar de operar em solo brasileiro.
As postagens chegaram até Moraes, que incluiu Musk no inquérito das milícias digitais e abriu um inquérito para apurar a conduta do bilionário. A ideia é investigar se há crime de obstrução à Justiça, “inclusive em organização criminosa e em incitação ao crime”.
A sucursal da rede social no Brasil entregou decisões do ministro ao Congresso americano, que divulgou relatório com críticas a Moraes.
“Os documentos e registros intimados revelam que, desde pelo menos 2022, o Supremo Tribunal Federal do Brasil, no qual Moraes atua como juiz, e o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, liderado por Moraes, ordenaram que a X Corp. suspendesse ou removesse cerca de 150 contas na popular plataforma de mídia social. Essas demandas de censura foram direcionadas especificamente a críticos do governo brasileiro: membros conservadores”, diz o documento, elaborado por parlamentares republicanos apoiadores do ex-presidente Donald Trump.
Embate deve vir de apoiadores
Tentando não se indispor mais ainda com os magistrados, Bolsonaro deve repetir o que fez em São Paulo: deixar que apoiadores, como Silas Malafaia, avancem sobre o ministro Alexandre de Moraes.
Em entrevista à Rádio Auri Verde Brasil na quinta (18), o pastor evangélico disse que o pronunciamento dele no ato de 25 de fevereiro na Avenida Paulista “foi uma água com açúcar” diante do próximo discurso. Na ocasião, em ataque ao STF, afirmou que se prenderem Bolsonaro, “será para a destruição deles”.
Malafaia disse que não vai cometer calúnia, difamação ou injúria, mas será “duríssimo com o que está acontecendo” na Corte. O objetivo, segundo Malafaia, é “desnudar” o que chamou de “safadeza”.
Presenças confirmadas no Rio
Três dos quatro filhos do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL-RJ), estarão presentes, juntamente com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que discursou em tom religioso em SP.
Os deputados federais Alexandre Ramagem (PL-RJ), pré-candidato à prefeitura do Rio, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Marco Feliciano (PL-SP), Caroline de Toni (PL-SC) e Bia Kicis (PL-DF) também confirmaram presença, assim como Gilson Machado Neto, ex-ministro do Turismo na gestão Bolsonaro.