Nesse clima de resgate da história do Tocantins, a criação de Palmas, de forma tão pitoresca, não pode jamais ficar de fora na hora de mostrar a verdadeira face dos personagens envolvidos no lance político que transformou o município de Taquaruçu na mais nova Capital estadual do Brasil, devolvendo à cidade original a categoria de “distrito”, o que já havia sido de Porto Nacional.
Por Edson Rodrigues, Edvaldo Rodrigues e Luciano Moreira
A Família de O Paralelo 13 tem em suas páginas, ainda na forma de tabloide, do periódico que nasceu para levar ao povo do então Norte Goiano as notícias e manifestos da luta separatista pela criação do Tocantins, e os fatos que envolveram muita articulação e desprendimento das lideranças políticas que fizeram parte da criação de Palmas.
Em breve, muitos desses personagens terão suas histórias contadas em nossas edições impressas que estão por vir, com entrevistas e narrativas exclusivas, que estão sendo preparadas com muito carinho pela nossa equipe.
Mas, hoje, queremos deixar, aqui, uma provinha das saborosas e reveladoras versões dos fatos que os livros não contam, mas que estão nas mentes de muitos pioneiros e de suas famílias.
WANDERLEI BARBOSA E O RESGATE DA HISTORIA
Reunião de membros da da Família Barbosa e Castro
A iniciativa de comemorar os 35 anos da criação e emancipação política do Tocantins resgatando personagens que ficaram à margem das versões narradas nos livros e equilibrando façanhas e papéis de cada um, partiu do próprio governador Wanderlei Barbosa.
A notícia soou como um carinho no coração de muitos desses que ainda estão vivos, e encheu de esperança os familiares daqueles que já partiram para a morada eterna, de ter esse reconhecimento anotado na história de cada um.
São dezenas, centenas de homens e mulheres que estavam na coleta de assinaturas, nas manifestações, nos atos públicos e engajados na divulgação dos ideais separatistas, sem os quais a batalha não teria sido ganha. Todos têm em comum o orgulho de serem pioneiros, tocantinenses genuínos ou por opção, e o grito engasgado na garganta, dizendo: eu também fiz parte dessa vitória!
São currículos que não constam nos livros, mas que estão nas mentes de todos os reais combatentes do bom combate e de seus familiares e amigos.
UM POUCO DE PALMAS
Governador Siqueira Campos prefeito Fenelon Barbosa e vereadores e reunião
Taquarussu do Porto era o nome de um distrito de Porto Nacional- cidade que já teve um dos maiores territórios entre os municípios brasileiros – e que foi emancipado politicamente no mesmo ano de 1988 em que foi criado o Estado do Tocantins.
Não demorou muito e a vontade do então governador Siqueira Campos em construir a nova Capital do recém-criado Tocantins ”entre a Serra do Lajeado e o Rio Tocantins, no centro geodésico do Brasil” viu no novíssimo município, já renomeado como Taquaruçu, a solução ideal. Taquaruçu cederia seu status de município à nova Capital e voltaria a ser distrito, porém, mantendo seu primeiro prefeito eleito, Fenelon Barbosa, como “prefeito da Capital”.
O gesto de desprendimento de Fenelon Barbosa demonstra toda a grandeza do seu caráter. Bastava ele ter batido o pé que Palmas seria construída em outro lugar.
Mas, batido o martelo, democraticamente Fenelon Barbosa passou a ser o prefeito de Palmas graças à atuação de mais um personagem que não consta nos livros, mas ainda é parte viva dessa história: o então deputado estadual por Porto Nacional, Pascoal Baylon Pedreira que, curiosamente, era do MDB, partido de oposição ao governo de Siqueira Campos, foi o autor do Projeto de Lei, aprovado por unanimidade, transformando Taquaruçu em Palmas, a nova Capital do mais novo estado brasileiro, o Tocantins.
Pascoal Baylon Pedreira é autor do projeto de criação da capital Palmas
Mesmo com um orçamento apertado, pois uma manobra política concedeu 70% do FPM – Fundo de Participação do Municípios – de Palmas à Codetins, autarquia estadual, responsável por construir a infraestrutura de Palmas, foi com os 30% restantes que o prefeito Fenelon Barbosa, tendo ao seu lado e sua esposa, saudosa Dona Maria Rosa, pagava em dia a folha dos servidores municipais e conseguiram desenvolver o maior e melhor programa se ações sociais que Palmas já viu, proporcionando a aquisição de lotes a longuíssimo prazo, somada à doação de cestas de material de construção, distribuição de “padrões” de energia e a abertura de frentes de trabalho para proporcionar emprego e renda ao tocantinenses e aos migrantes que chegavam aos milhares, sem interferir nas ações do governo do Estado, que tocava suas obras de forma maciça.
Coincidentemente, Fenelon Barbosa e Dona Maria Rosa são os pais do nosso governador curraleiro, Wanderlei Barbosa.
É, justamente, esse tipo de histórias que as próximas edições especiais, impressas, de O Paralelo 13 vai trazer, para refrescar a lembrança dos que fizeram – e fazem – parte dessa história e revelar aos mais novos o quanto há, ainda, a ser contado sobre o nosso Estado, contribuindo para essa importantíssima iniciativa do governador Wanderlei Barbosa, de resgatar personagens importantes para a consolidação do Tocantins.
Aguardem!