Políticos utilizam o mesmo modus operandi desde a criação do Estado é corrupção virou parte da “cultura” do Estado
Tocantins, aos 27 dias do mês de novembro de 2020
Por Edson Rodrigues
As revelações acerca das delações premiadas da Operação Ápia revelam uma verdadeira patifaria praticada por agentes públicos do Tocantins. São milhões de reais roubados dos cofres públicos em todas as esferas de poder, passando pelo Judiciário, onde houve venda de sentenças e as maracutaias dos precatórios, pelo legislativo em gestões passadas e chegando aos “peixes grandes” do Executivo Estadual em quase todas as gestões passadas, tirando apenas a de Moisés Avelino.
Foram muitos os casos de conduções coercitivas, prisões de ex-governadores – chegando a várias de Marcelo Miranda, preso, atualmente, há 61 dias, juntamente com seu irmão, acusado pela Polícia Federal de chefe das operações de corrupção e lavagem de dinheiro – que envergonharam e ainda envergonham o povo tocantinense.
TRAQUE
As novas revelações da Operação Ápia, apontando que o ex-vice-governador, João Oliveira, teria recebido 2,5 milhões de reais para renunciar, e que está sendo chamada de “bomba” por alguns veículos de comunicação, pode não passar de um mero “traque”. Informações dão conta de que a Ápia ainda tem muito mais para revelar e que vêm por aí bloqueio de bens dos envolvidos diretamente e dos beneficiados indiretamente.
Ex-vice governador João Oliveira
Outras informações dão conta de que a Ápia pode virar uma miniatura das operações que estão por se descortinar no Tocantins. Essas, sim, verdadeiras “bombas atômicas”, que serão detonadas nos últimos dias de dezembro, e que podem convidar muitos “peixes graúdos” a passar o Natal, o ano novo e emendar o carnaval vendo o sol nascer quadrado.
MÉTODO
Ao que tudo indica, as investigações das diversas operações em curso apontam para uma mesma metodologia de ação dos agentes públicos corruptos, um modus operandi modelo, que vem desbastando o erário público desde a criação do Tocantins, que contaminou entre 80% e 90% dos políticos tocantinenses e membros dos três Poderes.
Os nomes dos muitos beneficiados pelos desvios de recursos públicos em operações contaminadas pela corrupção, pelo superfaturamento, passam por Câmaras Municipais, prefeituras, ex-chefes do Executivo Estadual e alguns membros do legislativo e do Judiciário. Os rombos nos cofres públicos são robustos, mas não grandes os suficiente para blindarem quem praticou tais atos.
Rossine Aires Guimarães, delator as investigações apontam fraudes de mais de R$ 200 milhões em obras de rodovias
As garras da Justiça demoraram a dar o ar da graça, mas, agora que estão vindo, prometem ser implacáveis, aproximando os corruptos do momento tão esperado pela população lesada, que é a prestação de contas ás barras da Justiça. Sob o comando dos competentes Ministérios Públicos Federal e Estadual e pelas nossas Polícias Federal e Civil, pelas Justiças Federal e Estadual, as investigações estão mais céleres e a coleta de provas foi intensificada para que se apresentem incontestáveis, até mesmo as apresentadas em delações premiadas, pois as mesmas só serão homologadas a partir da comprovação das denúncias feitas sob juízo.
BOLSONARO E OS EMPRÉSTIMOS
Por fim, a visita do presidente da República, Jair Bolsonaro ao Tocantins foi adiada para o dia 12 de dezembro por falta de espaço na agenda. Nessa história toda, se houve duas pessoas que “colocaram a cara a tapa” foram o governador Mauro Carlesse e o senador Eduardo Gomes, líder do governo federal no Congresso nacional.
Somos um Estado novo da Região Norte do País, pouco industrializado, sem divisas econômicas no PIB nacional e endividado por vários empréstimos feitos por governos anteriores, sendo que, na maioria deles, os recursos que seriam destinados à melhoria de vida da população acabaram escoando pelos ralos da corrupção. Os políticos de estados economicamente fortes também querem empréstimos, também querem mais recursos. Tudo o que aconteceu, em termos de corrupção, anteriormente, no Tocantins, acaba nos colocando em uma posição frágil na hora de brigar por empréstimos como esses estados.
A única forma de conseguir acesso às linhas de crédito, por enquanto, é a posição ocupada pelo senador Eduardo Gomes no cenário político nacional, como membro da cúpula do Senado e amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro, que o indicou para relator setorial do Orçamento do Ministério do desenvolvimento Regional, líder do governo no Senado e membro de diversas Comissões importantes na Casa.
Gomes ainda é amigo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o que acabou sendo impreterível para a liberação dos empréstimos da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, que aconteceu aos trancos e barrancos, graças à participação de Eduardo Gomes e ao empenho do governador Mauro Carlesse, que se imbuiu da missão de cortar na própria carne para adequar o Estado à lei de responsabilidade Fiscal e assumiu o ônus político pelos milhares de demissões que foi obrigado a perpetrar.
A Assembleia Legislativa também teve papel importante na liberação dos empréstimos, assim como a nossa bancada federal, que entenderam a importância desses recursos, que vão permitir obras nos 139 municípios do Tocantins, a construção da nova ponte, em Porto Nacional, recuperação de rodovias e estradas vicinais, e construção dos hospitais de Araguaína e Gurupi, geração de milhares de empregos e oxigenação da economia, como um todo, beneficiando desde a Capital até as comunidades mais distantes e menos populosas.
OPOSIÇÃO
Enquanto isso, alguns membros da oposição, com assento no Congresso Nacional, são taxativos ao contradizer as boas notícias que surgem a respeito dos empréstimos, afirmando que o Conselho deliberativo da Caixa Econômica não liberou os recursos para o Tocantins e que o enquadramento do Estado à Legislação Fiscal foi “maquiado”, e que o Banco Central teria se negado a dar o aval para a liberação dos recursos porque o Tocantins não teria lastro financeiro nem capacidade econômica de endividamento.
Um membro da cúpula do Palácio Araguaia rebate veementemente essas afirmações, apontando que esses oposicionistas trabalham para o “quanto pior, melhor” e que o único objetivo dessa atitude são as eleições municipais que se aproximam e sentencia: “eles vão ter que engolir a liberação dos 650 milhões goela abaixo e, depois disso, vão ficar sem discurso e sem bandeira para ter força eleitoral na eleições que tanto os preocupa”.
OPERAÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL NO TOCANTINS
No Tocantins as operações da Polícia Federal se multiplicam. O tsunami que está por vir a partir de dezembro terá um vasto poder de destruição de carreiras políticas e empresariais.
De Ápia a Rei do Gado, passando pelas mais recentes Marcapasso, Bragation, replicantes, Colheita I e II e Imothep, juntando-se à elas os processos do Tribunal de Contas da União e do Tribunal de Contas do Estado, muitas já estão em fase de conclusão e outras apenas aguardando uma vaguinha para entrar na pauta de votação dos tribunais superiores, tudo se encaminha para uma verdadeira “limpa” na lista dos políticos com condições de se candidatar.
As investigações são tão sérias e os suspeitos são tantos, que aconselhamos aos que já estão em fase de pré-campanha a “puxarem o freio de mão” até que saia o registro de suas candidaturas e aos que vão renunciar de seus cargos públicos ou eletivos para se habilitarem a participar das eleições, que consultem um bom jurista para se certificar de suas possibilidades.
Neste editorial não falamos das operações da Polícia Civil em prefeituras, Câmaras Municipais nem em secretarias ou outros órgãos do governo, nem nas prisões que resultaram delas. Em outra oportunidade vamos falar do ótimo e valioso trabalho da nossa honrosa Polícia Civil contra a corrupção, suas investigações, prisões, buscas e apreensões, além de trazer outras revelações sobre a tentativa de amordaçar os delegados responsáveis pelos trabalhos e pela revelação de novas maracutaias ainda não tornadas públicas no Tocantins que devem ser passadas a limpo.
Aguardem...