Apesar de serem pré-candidatos a prefeito em Palmas e em Gurupi, questões partidárias impedem esses três deputados estaduais de serem, efetivamente candidatos com o aval de suas legendas. O mais impressionante é que tanto Jr. Geo, na Capital do Estado e Eduardo Fortes, na Capital da Amizade contam com ótima avaliação dos eleitores e todas as pesquisas de intenção de voto para consumo interno realizadas até agora e, mesmo assim, caminham para não ter o benefício da infraestrutura partidária muito menos nos recursos eleitorais à disposição
Por Edson Rodrigues
Antes de entrar no mérito da questão desses três parlamentares pré-candidatos ao Executivo, é preciso que se lembre que os mandatos de deputado estadual e de vereador pertencem aos partidos, não aos eleitos.
JÚNIOR GEO
Jr. Geo se elegeu pelo PSC, partido que presidia na Capital, mas que, contra a sua vontade, acabou se fundindo ao Podemos, presidido no Estado pelo ex-deputado federal Tiago Dimas. Geo tinha um prazo legal de 30 dias para se desfiliar da nova legenda, mas não o fez. Seu mandato, agora, pertence ao Podemos.
A questão é que o Podemos assumiu o comando da legenda que se formou com a fusão ao PSC já com o nome do ex-deputado estadual Eduardo Siqueira Campos como pré-candidato à prefeitura de Palmas, referendado pela cúpula nacional e sem margem para qualquer tipo de negociação contrária.
Restou a Jr. Geo recorrer à Justiça Eleitoral buscando uma saída legal para deixar o partido sem perder o mandato, mas, após perder o prazo legal, suas chances de conseguir seu intento – e manter sua pré-candidatura – diminuem a cada dia. Caso não venha a conseguir, uma candidatura sub-júdice nem resolve nem daria segurança jurídica aos seus eleitores, dificultando de forma quase fatal sua pretensão em ser prefeito de Palmas.
VANDA MONTEIRO
A situação de Vanda Monteiro é ainda mais complicada que a de Jr. Geo. Seu partido, o União Brasil nem tem um candidato próprio à prefeitura de Palmas, mas seu presidente municipal, deputado federal Carlos Gaguim, além de preterir Vanda Monteiro ainda trabalha para impedir que ela consiga uma saída amigável da legenda, pois teme que a presença da parlamentar no páreo atrapalhe o desempenho da candidata apoiada pelo União Brasil, a também deputada estadual Janad Valcari, do PL.
Mais que isso, Gaguim vê a ida de Vanda Monteiro ao PDT, do vice-governador Laurez Moreira, um lance perigoso quando o futuro pode reservar um embate entre a presidente do União Brasil, senadora Dorinha Seabra, com o próprio Laurez, pelo governo do Estado em 2026, com o agravante do fato de o marido da deputada estadual, vereador Márcio Reis, fazer parte da base de apoio da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, numa inter-relação pessoal/partidária que só Freud seria capaz de explicar.
Vanda vem se comportando como aliada do Palácio Araguaia, mas o retorno do seu marido à Câmara Municipal de Palmas, na base de Cinthia Ribeiro, o coloca em posição de estar se movimentando em favor dos arquirrivais de Wanderlei Barbosa, o prefeito de Araguaína Wagner Rodrigues e a ex-senadora Kátia Abreu.
Ao que parece, essa história de “servir a dois senhores” não vai “colar” no grupo palaciano.
Carlos Guaguim e Dorinha Seabra
Com tantos ingredientes nesse imbróglio envolvendo o União Brasil, Gaguim, Dorinha e Vanda Monteiro, a palavra vigente nos bastidores políticos é que “é mais fácil um mesmo apostador ganhar cinco vezes na mega sena do que Vanda Monteiro conseguir sair do União Brasil de forma amigável para ser candidata à prefeita de Palmas.
E, nessa situação, o deputado federal Carlos Gaguim está 100% calcado no que diz a Legislação Eleitoral, embora tenha causado desconforto desnecessário ao proferir declarações contundentes e agressivas tanto em relação à vontade de Vanda Monteiro em deixar o partido quanto em relação à cobertura do episódio, feita pela imprensa.
DEPUTADO EDUARDO FORTES
Já em Gurupi é o deputado estadual Eduardo Fortes que corre o risco de ter que forçar sua saída do PSD para poder ter seu favoritismo nas pesquisas de intenção de voto para consumo interno a prefeito de Gurupi transformado em vitória.
Isso porque o PSD “pertence” ao senador Irajá Abreu, justamente o político que mais apregoa denúncias contra a gestão de Wanderlei Barbosa e Laurez Moreira junto aos órgãos de fiscalização em Brasília.
Acontece que Eduardo Fortes deve boa parte do seu crescimento político ao apoio que vem recebendo do vice-governador Laurez Moreira e do Palácio Araguaia, mas seu mandato, assim como o dos demais citados, pertence ao partido, no caso, o PSD, de onde se sair sem o OK da direção estadual – leia-se Irajá Abreu – ou da direção nacional, poderá ter seu cargo requisitado pelo suplente.
Sem contar que o senador Irajá Abreu é um dos grandes incentivadores do governo de Josi Nunes, em Gurupi, onde vem despejando milhões e milhões de reais como forma de contribuir para a administração municipal. Ou seja, Eduardo Fortes não tem nenhuma ilusão de que seu partido possa trabalhar a seu favor nesta pré-candidatura à prefeito.
SOLUÇÃO COMUM
Tanto Jr. Geo quanto Vanda Monteiro e Eduardo Fortes ainda têm, no entanto, uma solução caso queiram configurar como candidatos a prefeitos de Palmas – Geo e Vanda – e Gurupi. Caso não consigam a liberação de seus partidos nem uma resposta positiva da Justiça Eleitoral para saídas unilaterais e litigiosas, ainda lhes resta renunciar aos seus mandatos de deputado estadual e se filiar às legendas que desejam – e os querem - para se candidatar, sem empecilhos, ás prefeituras de suas cidades.
Apesar de significar uma grande aposta para suas carreiras políticas, pode significar, também, a grande virada rumo à consagração.
Desafio em aberto!