Reflexão deste domingo
A proximidade do segundo turno das eleições municipais em Palmas, marcadas para o dia 27 de outubro de 2024, traz consigo uma realidade que pode surpreender tanto os eleitos quanto os próprios candidatos: a força da abstenção, votos nulos e brancos
Por Edson Rodrigues
Com mais de 37 anos de experiência na política tocantinense, é comum identificarmos um risco frequente quando se trata de eleições: a falsa sensação de vitória antes da hora. Nas próximas duas semanas, os candidatos à prefeitura de Palmas deverão redobrar a atenção. O caminho até o dia da votação será decisivo e o comportamento do eleitorado pode surpreender. É nesse intervalo crítico que as campanhas podem se fortalecer ou desmoronar.
O perigo da abstenção: onde mora o risco?
No primeiro turno, em Palmas, os números revelaram uma tendência preocupante. Dos 209.524 eleitores aptos, 20,15% optaram pela abstenção, representando mais de 42 mil pessoas que não compareceram às urnas. Entre os que participaram, 3,24% dos votos foram anulados, somando 5.425, e 2,08% foram brancos, totalizando 3.484. Esses números já indicam um cenário em que a soma de abstenções, votos nulos e brancos podem ser considerados muito alta.
Para se ter uma ideia, a soma dessas três categorias ultrapassou os 50 mil votos, o que equivale a uma parcela significativa do eleitorado, sendo potencialmente maior que a votação do segundo colocado no primeiro turno. Ou seja, o conjunto da abstenção e dos votos não válidos pode literalmente definir a eleição, superando até mesmo os votos individuais das candidaturas de Eduardo Siqueira e Janad Vacari.
Os votos nulos, brancos e a abstenção podem variar no segundo turno das eleições em Palmas, superando a marca de 100 mil ou até 150 mil eleitores. Esse aumento significativo pode ser um fator decisivo nos resultados finais. No primeiro turno, foram 326 candidatos a vereadores, apoiados por uma força de aproximadamente 7 mil colaboradores, muitos financiados com recursos do Fundo Partidário Eleitoral. Com a desmotivação e a falta de recursos, a maioria desse exército de militantes não estará presente no segundo turno, o que poderá impactar diretamente no resultado das urnas.
Para tentar convencer o eleitor de que seu voto é fundamental para definir o futuro da nossa cidade, neste segundo turno, tanto Eduardo Siqueira quanto Janad Vacari têm a oportunidade de conduzir uma campanha limpa, sem agressões e sem cair no denuncismo de baixo nível. O foco deve ser apresentar suas propostas e planos de governo de forma ética, respeitando a população tocantinense. Em debates, sabatinas e entrevistas, ambos os candidatos precisam manter um tom elevado e respeitoso, especialmente com as famílias que acompanham o processo eleitoral de suas casas.
O momento político em Palmas exige, mais do que nunca, respeito mútuo e transparência. O uso de dinheiro como moeda de troca em compra de votos deve ser repudiado, e a liderança das campanhas precisa focar em propostas reais. Janad Vacari e Eduardo Siqueira sabem que qualquer erro, por menor que seja, pode custar a vitória. Neste segundo turno, o desafio é simples: quem errar menos tem tudo para se tornar o próximo prefeito ou prefeita de Palmas.
Wanderlei Barbosa
Parece uma matemática simples, ou até mesmo um processo eleitoral comum, mas as próximas semanas serão estratégicas para Palmas, mas também para o cenário político estadual, onde o governador Barbosa precisará agir com sabedoria para preservar sua liderança e seu governo.
Após o segundo turno, Wanderlei Barbosa precisará enfrentar uma nova realidade política. Com aliados em ambos os lados da disputa, o resultado das urnas pode afetar diretamente o futuro político do governador.
Apoios
As declarações políticas de apoio a qualquer uma das candidaturas ou ao distanciamento do Palácio Araguaia são legítimas e fazem parte do processo democrático. Da mesma forma, o governador Wanderlei Barbosa tem o direito de dispensar aqueles que o abandonaram, uma ação também dentro dos rituais políticos. No entanto, o momento exige que o governador atue de forma decisiva para garantir a sua política de sobrevivência, consolidando o seu papel como chefe de poder e mantendo o controle sobre a sua gestão, inclusive sobre os benefícios distribuídos pelo seu governo.
Na política, os rituais de liderança não podem ser confundidos com posturas fracassadas. Para garantir o controle de seu governo, Wanderlei Barbosa precisará realizar uma "faxina política", montando uma equipe de confiança que possa apoiá-lo nos próximos desafios.
As próximas duas semanas serão politicamente estratégicas para o futuro de Wanderlei Barbosa. A vitória de Eduardo Siqueira pode significar o fortalecimento de uma oposição, enquanto uma vitória de Janad Vacari consolidaria a influência do Palácio Araguaia nas eleições de 2026.
O resultado final só será conhecido após o pronunciamento oficial do TRE. Até lá, o que resta aos candidatos e seus apoiadores é manter o ritmo intenso de campanha, sem "salto alto". A corrida sucessória em Palmas está em andamento e o final é aguardado com expectativa. Estamos de olho no olho.