Fosse uma partida de futebol, poder-se-ia afirmar em letras garrafais na manchete que “A seleção brasileira perdeu de goleada para a Lituânia”, guardando-se as devidas proporções.
Por Edson Rodrigues
A eleição do último domingo, 1º de fevereiro, para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Tocantins, que reelegeu Osires Damaso para a presidência da Casa de Leis, teve lances dignos de uma partida de futebol em que a disputa se concentrou nos vestiários e fora dos gramados.
Enquanto a equipe governista vinha composta por “jogadores” consagrados, de grande experiência e verdadeiros craques na arte da articulação política, com nome como Paulo Sidnei Antunes, Eudoro Pedrosa, Joaquim Balduíno, Dr. Hebert de Brito, (Buti), Clemente Barros, entre outros “Tostões”, a equipe dos chamados “independentes”, tinha apenas em seu capitão, Eduardo Siqueira Campos, uma figura mais destacada, com reconhecida capacidade de aglutinação e articulação. Mas, como disse o presidente reeleito, Osires Damaso, “o já ganhou é primo primeiro do já perdeu”.
Os detalhes extracampo, como já destacamos, acabaram por decidir tudo o que aconteceu quando “a bola rolou” nos tapetes do plenário.
A equipe governista titubeou na hora em que precisava ser incisiva, errou feio na estratégia, tentou escalar jogadores que não figuravam na lista dos convocados e, por fim, apelou até para a torcida de um outro time que não estava na disputa.
Trocando em miúdos, a equipe governista que apostava no nome de Paulo Mourão, derrapou ao tentar trocá-lo por Eli Borges e capotou não tentar, no desespero, escalar Toinho Andrade.
A opção por Eli Borges veio na hora em que percebeu que poderia perder o jogo e, na remota hipótese de conseguir empatar, Eli Borges, por ser mais antigo de casa, seria o fiel da balança e ganharia a presidência. Já a opção por Toinho Andrade foi apenas um tiro n’água, que só deixou claro o desespero de última hora.
Time compacto
No linguajar do futebol, time que ataca e defende em bloco é chamado de “time compacto”. Essa foi a grande virtude da equipe treinada por Eduardo Siqueira Campos para a “peleja” valendo a presidência da AL.
O time estava tão compacto que se reuniu 72 horas antes da eleição e chegou junto na sede da AL, de van, na hora da partida.
Nem mesmo a escalação de última hora do prefeito de Palmas, Carlos Amastha, para auxiliar técnico do time governista, serviu para quebrar a coesão do time de Eduardo, apesar de “conversas de pé de ouvido” entre o prefeito e alguns integrantes dos “independentes”.
Defendendo o ”gol” guarnecido pelo deputado Osires Damaso, o time de Eduardo Siqueira Campos jogou tão bem que conseguiu a “admiração” de um dos jogadores da seleção palaciana, que num gesto inesperado (?), chutou contra o próprio gol e definiu o resultado da partida em 14 a 10 para os “Independentes”, concretizando a primeira, grande e, principalmente emblemática vitória da oposição sobre o governo Marcelo Miranda.
Emblemática porque mostrou que experiência, trânsito político e conhecimento das regras do jogo não decidem partidas.
Emblemática porque influenciou decisivamente nas eleições para as comissões, que ficaram, também, “nas mãos” dos “independentes”.
E mais emblemática ainda porque desgastou nomes como Paulo Mourão e Paulo Sidnei, estrelas de primeira grandeza na equipe governistas, mas que agora terão que “treinar” mais para reassumir a titularidade ou, no caso de Mourão e seu conhecido pavio curto, quer ser “adulado” de novo e ganhar uma “bola nova”, para admitir fazer parte do “time de novo”.
No “futebol moderno” da política, experiência mesclada com juventude, garra e “jogadas ensaiadas” é o que fazem realmente a diferença na hora de decidir o jogo.
Vale lembrar que todos os nomes envolvidos na “partida” em questão, são considerados baluartes da política tocantinense e jogaram o jogo da boa política.
Foram articulações, preleções, conferências e táticas aplicadas totalmente dentro das regras do jogo, sem golpes baixos, rasteiras ou “faltas para cartão vermelho”.
O que realmente contou foi que a equipe palaciana se valeu de estratégias e táticas ultrapassadas, mudou de nomes no “vai da valsa” e acabou se enrolando nas próprias pernas, enquanto a equipe “independente” jogou unida, coesa, com uma tática estruturada e certeira.
Venceu quem jogou melhor.
Se bem que teve uma viradinha de casaca que precisa ser muito bem apurada....