Marcado para o dia 6 de dezembro, o 1º Fórum da Mineração do Tocantins contará com vasta programação, incluindo a presença do ex-ministro e presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, além de representantes da Agência Nacional de Mineração (ANM), do Serviço Geológico do Brasil (SGB), do Ministério de Minas e Energia, do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) e de empresários do setor de diversas regiões do Brasil e do mundo
Por Edson Rodrigues
O Fórum ocorrerá no auditório do Palácio Araguaia Governador José Wilson Siqueira Campos, em Palmas, e contará com palestras direcionadas ao setor da mineração. Na oportunidade, o presidente do Ibram, Raul Jungmann, iniciará a rodada de debates com o tema O Cenário da Mineração na Região Norte do Brasil.
Em entrevista exclusiva a O Paralelo 13, o presidente da Agência de Mineração do Tocantins, Milton Neris, revelou como a mineração pode mudar o futuro do Estado, servindo como base de desenvolvimento de municípios e de cidadãos, e como o governo pretende capacitar a mão de obra local para investimentos que vão mudar a realidade de municípios e regiões.
DO TOCANTINS PARA O BRASIL
Milton Neris fez questão de ressaltar a importância do crescimento da produção mineral do Tocantins para o restante do País, ao mostrar que não existe produção agrícola sem minério. Neris explicou que o Tocantins está entre os maiores produtores nacionais de calcário e fosfato, utilizados em larga escala no plantio de alimentos: “nosso calcário, cuja produção ultrapassou, em 2023, 11 milhões de toneladas, e que abastece estados como Mato Grosso, Pará, Bahia, Maranhão. Somos o 5° maior produtor de fosfato do País. Sem calcário e sem fosfato, não há produção agrícola”.
OURO NO SOLO, EMPREGOS GARANTIDOS
Milton Neris entrega a Raul Jungmann convite para o 1º Fórum da Mineração do Tocantins
Segundo Milton Neris, a produção de ouro no Tocantins saiu de 90 quilos em 2001, para mais de 1,6 tonelada este ano, com a produções de Almas, onde 1.200 pessoas estão empregadas. Em Monte do Carmo, com uma planta adquirida por mais de 60 milhões de dólares, a expectativa é que a produção seja o dobro da registrada em almas e com geração de empregos que vai impactar não só o município carmense, mas Porto Nacional, município polo mais próximo, e Palmas, com o turismo de negócios.
Neris adiantou que Palmeirópolis tem o primeiro complexo polimetálico do Estado, com a presença já mapeada de cobre, prata e ouro, fenômeno chamado de “terras raras” que já vem atraindo investidores nacionais e internacionais, o que significa empregos, renda e desenvolvimento para toda a região.
EVENTO IMPORTANTE
O fórum do próximo dia seis de dezembro, anunciado em Brasília com a presença do governador Wanderlei Barbosa e do senador Eduardo Gomes, será, segundo Milton Neris, a oportunidade de todos os atores do segmento da mineração, de ouvirem do próprio governo do Estado, o que o Tocantins oferece de potencial e o que está disposto a fazer para que os investimentos aconteçam e tomem forma o mais breve possível.
Estarão presentes representantes do IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração – a Agência nacional de Mineração, o Serviço Geológico do Brasil e o Centro de Tecnologia Mineral, os órgãos estaduais, como os que emitem as licenças ambientais, que promovem o desenvolvimento dessa cadeia produtiva, que fiscalizam e regulamentam, como a nossa Ameto e a Mineratins.
Segundo Neris, o Senai também estará presente nesse processo, buscando a profissionalização de mão de obra, de 15 a 18 anos e do Ensino Médio, para que possam mudar suas realidades sociais por meio de um curso técnico na área da Mineração.
Além de todos esses atores, estarão presentes representantes da mineração de esmeraldas de Montes Santo, de Cristalândia e de Dueré, do quartzo, e de Natrividade, onde temos os artesãos que fazem há décadas, joias do ouro extraído na região, com a disponibilização de cursos de design de joias, como há décadas são produzidas naquela região.
MUDANÇA DE REALIDADE
Milton Neris sentencia que o estado do Tocantins tem a condição de ser a última fronteira mineral do País, com potencial imenso, que precisa apenas de investimentos em pesquisas: “há um arco magmático que vem desde o estado de Goiás se estendendo até Porto Nacional até Monte do Carmo, e como ele se apresenta no solo do Tocantins. Precisamos que a nossa bancada federal se concentre na liberação de recursos para esse tipo de pesquisa. O Tocantins é deficitário em relação às pesquisas e precisamos do empenho de todos para fazer o que é, hoje, a segunda maior cadeia produtiva do Estado, em um fator de mudança de realidade social e econômica”.
PORTO NACIONAL
Para o presidente da Agência de Mineração do Tocantins, Porto Nacional é uma das “cidades base” do potencial de crescimento econômico que a mineração traz para o Estado: “Porto Nacional é importantíssima, política, logística e estrategicamente, para que possamos avançar, com recursos destinados pela bancada federal, na questão das pesquisas. Porto Nacional tem a vocação natural para ser o polo de todo o desenvolvimento que essa nova realidade pode proporcionar ao povo tocantinense e deve sediar a maior parte desses empreendimentos que virão para Monte do Carmo e para a própria Porto. Só de investimentos imediatos, a Hochschild Brasil aportou US$ 60 milhões na compra do projeto de mineração de ouro da Cerrado Gold, em Monte do Carmo, que está nos estágios finais de licenciamento e tem previsão de implantar uma indústria mineradora maior do que a da Aura Minerals, que trouxe de investimentos ao Tocantins, em Almas, de cerca de R$ 1 bilhão. É preciso que a cidade esteja preparada para as modificações necessárias para receber e fomentar toda essa modificação benéfica em seu dia a dia”.
O PAPEL DE WANDERLEI BARBOSA
O secretário da Indústria, Comércio e Serviços (Sics), Carlos Humberto Lima, e o governador Wanderlei Barbosa
Milton Neris é enfático ao afirmar que há dois momentos da mineração no Tocantins. Antes de Wanderlei Barbosa e depois de Wanderlei Barbosa: “foi iniciativa dele a reestruturação da Mineratins, que estava em liquidação, a busca por parcerias estratégicas para fazer com que a mineração não seja apenas dos investidores de fora, mas de cada cidadão tocantinense. Foi Wanderlei Barbosa que criou a Ameto, que é pioneira no Brasil, que promove o fomento de toda a cadeia produtiva da mineração. Temos, também, a participação efetiva dos demais órgãos do governo, como a secretaria da Indústria e Comércio, sob o comando do nosso amigo Carlos Humberto, que tem atraído investidores como nunca, a secretaria do Meio Ambiente, a Naturatins, que vem priorizando os projetos de mineração. Ou seja, é uma união de esforços liderados por um governador que é curraleiro, mas que vem fazendo as coisas acontecerem, provocando todos os atores, desde os investidores até os garimpeiros, por meio das cooperativas, para que os benefícios cheguem do maior investidos até aquele que é o pioneiro do processo de mineração no Tocantins”.
O presidente da Ameto finalizou a entrevista convocando a todos os interessados para que participem do 1º Fórum de Mineração do Tocantins: “é preciso que todos, dos garimpeiros aos prefeitos de todos os municípios que ainda não tenham uma planta de mineração, mas que sabem que tem minério no seu solo, participem desse esforço, que pode mudar a realidade econômica do Tocantins, gerando emprego, renda e capacitação profissional aos nossos jovens. Basta ver o que acontece em Monte do Carmo, onde teremos mais 2.500 postos de trabalho, diretos, assim que o esse processo se iniciar. Essas vagas têm que ser dos tocantinenses, pelo menos em sua grande maioria. Por isso a participação do Sistema S também será importante. A riqueza do solo tocantinense é para fazer crescer o Tocantins, os cidadãos, os jovens, que precisam ser capacitados, desde o ensino médio, para ocupar essas vagas.”, finalizou.