Assim como um céu nublado, tudo pode mudar, principalmente com os resultados das investigações em curso na Polícia Federal
Por Edson Rodrigues
E lá se vão Ronaldo Dimas, Mauro Carlesse, Kátia Abreu, Carlos Amastha e Marcelo Miranda, os principais pré-candidatos ao governo do Tocantins par as eleições do ano que vem, de mãos dadas, mirando um futuro promissor para um deles, no comando da máquina administrativa tocantinense... De repente o filme para. A imagem congela e, no lugar dos atores protagonistas, aparecem outros, que ninguém sequer cogitava, cada um com seus seguidores, apoiadores e correligionários...
Pois é exatamente isso que pode acontecer nas eleições majoritárias de 2018. Talvez sem essa contundência toda, essa mudança radical, mas, certamente algumas peças desse tabuleiro vão sair de cena até lá.
Pelo menos foi isso que ficou claro em conversa que tivemos com vários companheiros da comunicação, do serviço público, até com ex-secretários, ex-prefeitos, ex-deputados estaduais e federais, lideranças políticas de várias vertentes. Todos são unânimes em afirmar que qualquer análise que se faça do quadro sucessório, não passará de especulação, pelo menos até abril do ano que vem, quando, aí, sim, se poderá afirmar co mais assertividade quais serão as peças e os atores na corrida eleitoral.
FATORES EXTERNOS
Na verdade, os fatores externos não são fatores, mas, sim, “o” fator Lava Jato. A grandiosa investigação da Polícia Federal encara o ano de 2018 com a “batalha final” contra a corrupção, ou seja, a intenção do Ministério Público e da Polícia Federal é impedir que quem tenha qualquer tipo de problema com a Justiça concorra a um cargo eletivo.
Isso significa que muitas delações premiadas estão por vir, que todos os pequenos processos passarão a ser investigados e que a Justiça não vai permitir que o voto dos brasileiros seja no “menos pior” em 2018.
Não haverá brecha, chicana jurídica ou poder de influência que permita a um suspeito de corrupção se candidatar a qualquer cargo eletivo. Não obstante a ação dos órgãos investigativos, a imprensa e a consciência do povo estarão, também, trabalhando para que isso não aconteça.
CANDIDATOS OU NÃO?
Reveladas as variáveis, vamos às constantes, como diria um bom matemático: comecemos por Carlos Amastha, prefeito da capital, que enfrenta processos em andamento no TCE, por supostas irregularidades e teve mais uma “surpresa” nesta quinta-feira (30), ao ser responsabilizado por crime de improbidade administrativa. O MPE ingressou com a Ação Civil Pública em abril, visando o reconhecimento da procedência da inicial e posterior condenação do pessebista. As decisões que teriam sido descumpridas se tratam da nomeação de aprovados em concurso público para o cargo de agente comunitário da saúde e jornalista. Porém, o órgão aponta que o prefeito deixou de executar diversas outras determinações, que também foram objetos de outras ações civis públicas, somando mais de 25 processos contra si... Além desses “pontos contra”, Amastha também teria pela frente, para ser candidato, uma possível renúncia para poder se dedicar à campanha. Passemos ao governador, Marcelo Miranda, ninguém sabe se ele realmente disputara a reeleição. A senadora Kátia Abreu precisa de um partido para chamar de seu e o presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse detonou a “chapa majoritária” do prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, ao afirmar que “não seria vice de ninguém”, mesmo não tendo cacife eleitoral, muito menos prefeitos, votos ou experiência para ser um hipotético candidato a governador. Ainda há outras duas possíveis candidaturas, que são as de Paulo Mourão e do Dr. Marlon, mas essas duas, ninguém sabe se, realmente, irão decolar.
E ainda há o combatente deputado federal César Halum, que detém nada menos que 400 mil votos advindos da região Norte do Estado, e quer uma vaguinha no Senado e, mesmo não estrelando nenhuma das chapas majoritárias dos citados acima, pode ser um “tempero” fundamental para qualquer candidatura ao governo, pois significa a garantia de muitos votos e uma fidelidade canina aos propósitos a que se engajar.
Logo, caros (e)leitores, assim caminha a sucessão estadual em 2018. Alguém apostaria um tostão furado no quadro eleitoral que se mostra hoje?
Quem coligará com quem? Quem aceitará ser vice de quem? Quem vai transferir voto pra quem? Enfim, quem será realmente candidato a quê em 2018?
OS ATORES E A “PLATEIA”
Outro fator influenciador nas eleições de 2018 será a configuração de cada chapa. O povo tocantinense já elegeu Siqueira Campos e Marcelo Miranda por diversas vezes, mas já assimilou que os dois são como água e fogo, ou seja, não teriam um bom relacionamento se colocados juntos.
É certo que os dois se respeitam (Dr. Brito Miranda, pai de Marcelo, já foi secretário e homem forte de Siqueira Campos), assim como que as duas famílias têm uma vasta folha de serviços prestados ao Tocantins, mas também é certo que cada um ocupa um lado oposto na forma de governar, logo, não funcionariam juntos.
Há, também, a senadora Kátia Abreu, expulsa do PMDB e que precisa urgentemente achar uma legenda que se curve ao fato de que ela tem que chegar para comandar, tomando a frente de quem quer que esteja no comando.
A se valer pelo último discurso da senadora , em que simplesmente jogou o prestígio e os quadros do PMDB nacional no vaso e deu descarga, mesmo com sua peregrinação nos municípios do interior em busca de apoio, será muito difícil – mas não impossível – que alguém coloque sua legenda à serviço da candidatura de Kátia, sabendo do seu poder de destruição e insubordinação.
Temos, também, como possível protagonista o prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas, colocado como candidato pelo PR, do senador Vicentinho Alves. Mesmo com o presidente da Assembleia, Mauro Carlesse tentando “melar” a chapa majoritária, num surto de prepotência e egocentrismo, Dimas deve anunciar que aceita a candidatura “proposta pelo partido” na próxima segunda-feira, assumindo a postura de “tarefa dada é tarefa cumprida”.
E, não podemos esquecer, já que estamos falando em modificações de cenário, que há os prefeitos das outras cidades-chave em qualquer eleição no Tocantins, como Gurupi, Paraíso e Porto Nacional, que não estão achando nada confortável esse papel de meros coadjuvantes no processo sucessório.
Moisés Avelino, prefeito de Paraíso, por exemplo, já foi governador por mais de um mandato, deputado federal, é prefeito de Paraíso pela terceira vez, sua esposa já foi prefeita da mesma Paraíso, seu filho, Igor Avelino, foi deputado federal e presidente do PMDB estadual e, com uma história assim, não deve estar nada satisfeito em ser colocado “de escamteio” na hora da definição das majoritárias.
Assim também acontece com Laurez Moreira, prefeito de Gurupi, que já foi prefeito de Duerá, deputado federal por três mandatos, sem contar as vezes em que foi deputado estadual.
Outro coadjuvante que não pode ser ignorado é o prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia, que já foi vereador na Capital e vem desenvolvendo uma administração equilibrada no terceiro maior colégio eleitoral do Estado, com uma forte influência na Região Central, que envolve mais de oito municípios.
Assim como os citados, há muitos outros que guardam cartas na manga para tentar influenciar a corrida eleitoral, e é por isso que os analistas políticos, inclusive, humildemente,a nossa pessoa, receitam calma e ponderação aos eleitores tocantinenses, pois ainda é muito cedo para se tomar uma posição e fazer apostas neste ou naquele pré-candidato e muito mais cedo ainda para concentrar as fichas em uma aposta, posto que nada ainda é certo, muito pelo contrário.
Aconselhamos aos adesistas de plantão que ponderem esses fatores apresentados e esperem, pelo menos até abril do ano que vem, para iniciar suas análises e prognósticos e preparar suas fichas e carreiras para dar cacife aos reais candidatos.
PÉ NA ESTRADA
Enquanto tudo continua como antes, o governador Marcelo Miranda põe o pé na estrada e um pulga atrás da orelha de quem dá como certo que ele não será candidato à reeleição. Até mesmo porque, se candidato, com a máquina administrativa, Marcelo garante uma vaga no segundo turno. Caso não seja candidato, seu escolhido será agraciado com uma das maiores transferências de votos da história eleitoral, largando na frente em qualquer circunstância. O problema é Marcelo demorar muito para tomar essa decisão, correndo o risco de nadar, nadar e morrer na praia nas duas circunstâncias.
Marcelo, neste fim de semana, dá início a mais uma agenda positiva, desta vez na Região Sudeste, iniciando pela cidade de Taguatinga e encerrando em Natividade, entregando obras e assinando ordens de serviço, assim como fará, posteriormente na Região do Bico do Papagaio.
Para o início de 2018 o governador não terá muitos dias para despachar no Palácio Araguaia, pois guarda ordens de serviços para os 139 municípios do Estado, com obras de saneamento básico, asfaltamento e estruturais.
Marcelo Miranda sabe que, mesmo que não seja candidato, será uma das principais peças no tabuleiro sucessório. Com tanto prestígio, ele assegura um protagonismo incontestável nas eleições de 2018.
Resta saber em qual posição...