Não será uma tarefa fácil agasalhar os pré-candidatos ainda não filiados a partidos políticos, detentores de mandatos na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, muitos deles não se sentindo confortáveis nas legendas pelas quais foram eleitos.
Por Edson Rodrigues
Há duas válvulas de escape. Uma delas é quando o partido concede ao detentor de mandato a liberdade para sair da legenda. A outra é aguardar a “janela partidária” que abre condições legais para que a troca de partido seja feita sem a perda do mandato.
Há obstáculos muito grandes quando um detentor de mandato serem aceitos em outras legendas, principalmente para os que possuem patrimônios políticos, ou seja, reúnem grandes chances de se reeleger de forma bem mais simples que os candidatos novatos.
E nos partidos em que os candidatos sem mandato formem uma maioria, será muito difícil que os detentores de mandato consigam guarida. Principalmente nas “chapinhas” dos partidos nanicos, que já estão, praticamente, formadas. Essas não aceitarão, em hipótese alguma, a filiação de pré-candidatos à reeleição.
MAIS COMPLICAÇÕES E OS REFLEXOS NO TOCANTINS
Mas, eis que surge mais uma barreira para os detentores de mandato e, esta, criada por eles mesmos, que são as Federações Partidárias, que imporão, goela abaixo, aos diretórios estaduais, as decisões tomadas pelas cúpulas nacionais dos partidos, que terão validade de quatro anos, e serão definidas pelas apostas de cada legenda nos candidatos a presidente da república.
Um exemplo simples é o PT, de Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de votos para a presidência da república, que já tem sua federação partidária que conta com o PV, representado, no Tocantins, pelo casal Marcelo e Claudia Lelis.
Marcelo e Claudia Lélis
Acontece que Claudia é deputada estadual e aliada de primeira hora do governador, Wanderlei Barbosa, e com ele deve seguir, rumo à eleição de outubro, assim como ocorre com os deputados estaduais Luana Ribeiro e Olyntho Neto.
Todos três terão que buscar novos partidos para se filiar. A diferença é que Luana e Olyntho perderam espaço no seu partido, o PSDB, por terem apostado no adversário do presidente nacional do PSDB, João Dória, governador de São Paulo que, apóia a presidente estadual da legenda, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro.
Carlos Amastha. Eduardo Leite e Luana Ribeiro
Dória venceu a Convenção Nacional, o poder de Cinthia foi mantido e Luana e Olynto ficaram “sem saber onde enfiar as mãos”, após trazer ao Tocantins o candidato derrotado por Dória.
Eduardo Leite, antes de ser derrotado por Dória, ainda em Palmas, não teve a gentileza de, sequer, visitar Cinthia Ribeiro, umas das melhores prefeitas de capitais, com mais de 80% de aprovação popular e, para piorar, ainda aceitou levar o ex-prefeito Carlos Amastha a tira-colo durante suas andanças por Palmas.
MUTAÇÃO FORÇADA
Diante desses fatos, quando se fala em Federações Partidárias, outro deputado estadual que, caso queira continuar na presidência do PC do B no Tocantins é Ivory de Lira,(foto) terá que formar palanque com o PT, o que traz a reboque, novamente, Carlos Amastha, em mais uma “mutação forçada” que precisa ser digerida até o próximo dia dois de abril, pois quem estiver em um dos partidos que formarem Federação com o PT de Lula, tradicionalmente rejeitado pelo eleitorado tocantinense e não quiser correr o risco de atrair para si essa rejeição, terá a porta da frente como serventia da casa, uma vez que o PT não abre espaço para nenhum tipo de ponderação.
Ou engole com farinha ou vaza ou abandona a vida política.
Isso é fato!
PALANQUES TITANIC
Já os candidato a governador mantém um olho no Tocantins e outro em Brasília, analisando as movimentações de seus partidos em relação às federações Partidárias e as possíveis imposições que poderão determinar a formação dos famosos “palanques Titanic”, aqueles que são enormes, bonitos, mas que, no fim, sempre afundam.
As conversações e os burburinhos correm a todo vapor nos bastidores da política estadual, onde cada pretendente avalia com quem poderá ser obrigado a se juntar, com quais aceitaria e com quais não, aguardando os primeiros avisos para iniciarem uma toma de decisões que não podem ser definitivas até que se tenham as certezas esperadas.
O fato é que a primeira bomba das Federações Partidárias vai explodir nas mãos dos presidentes das Comissões Provisórias dos partidos no Tocantins que, conforme nossa fonte em Brasília nos assegurou, pode perder esse posto de liderança de uma hora para outra, nos próximos 46 dias, com muitos fatos inesperados prontos para serem absorvidos pela classe política.
Aos senhores e senhoras pré-candidatos a deputado estadual ou federal, aconselhamos todo o cuidado do mundo antes de definir por qual partido lançará sua postulação, pois tudo o que se refere ás federações partidárias – fundo eleitoral, horário gratuito de Rádio e TV – será definido antes do dia 2 de abril, data final para as filiações.
Após isso, haverá severa fiscalização por parte do Ministério Público Eleitoral e qualquer falha ou suspeita acerca desta ou daquela Federação, pode colocar tudo abaixo e iniciar uma caça, ás pressas, de novos partidos para as candidaturas.
É aí que o bicho pega, pois qualquer desvio que vier a ser descoberto depois das eleições, pode resultar em perda da diplomação ou cassação do mandato.
Portanto, uma assessoria jurídica gabaritada e experiente se faz necessária a cada um dos partidos para evitar que, depois do leite derramado não haja choro nem vela.