As subsidiárias do Banco de Brasília vêm apresentando resultados muito abaixo do projeto. A fragilidade da financeira é tamanha, que o BRB está à procura de um sócio para tentar recuperá-la
Por Vicente Nunes
Não é por acaso que o BRB, o Banco de Brasília, está buscando um sócio para a sua financeira — o Projeto Loan —, conforme fato relevante encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Banco Central. A instituição, que opera com empréstimos e financiamentos, vem apresentando resultados muito abaixo dos previsto, inclusive com prejuízos em alguns períodos. Foi o que ocorreu, por exemplo, no primeiro trimestre deste ano, quando a BRB Financeira computou perdas líquidas de R$ 9 milhões. O buraco real, porém, foi maior, de R$ 15,2 milhões, reduzido graças ao lançamento de créditos tributários de R$ 6,1 milhões. Analistas veem esse quadro com preocupação.
A realidade da BRB DTVM não é muito diferente, como aponta documento apresentando ao Conselho Fiscal do Banco. Entre janeiro e março deste ano, a subsidiária do BRB que opera no mercado de capitais contabilizou lucro líquido de R$ 3,7 milhões. No trimestre seguinte, contudo, a distribuidora de valores computou prejuízos de R$ 3,3 milhões, que teria sido maior, de R$ 4,2 milhões, caso a instituição não tivesse se apropriado de créditos tributários. No semestre, o lucro líquido foi de apenas R$ 409 mil, um quarto do ganho anotado no mesmo período de 2022, de R$ 1,6 milhão.
Sinal vermelho
O mesmo documento do Conselho Fiscal revela que o BRB acendeu o sinal vermelho diante da disparada da inadimplência no seu banco digital. O calote já chega a 11,3%, muito acima do índice de referência de 8,5%. Chama a atenção, segundo o próprio banco, os riscos operacionais, com o aumento das fraudes externas. As perdas com essas irregularidades deram um salto de 73% entre o primeiro trimestre deste ano, quando somaram R$ 2,7 milhões, e o segundo trimestre, com um total de R$ 7,7 milhões. As fraudes envolvem, principalmente, documentos falsos apresentados pelos clientes.
O BRB sofreu uma devassa por parte do Banco Central nos últimos meses. Tanto que os fiscais da autoridade monetária obrigaram a instituição controlada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) a refazer seus balanços de 2022 e 2023. Pelos cálculos do BC, o Banco de Brasília teve de reclassificar ao menos R$ 322 milhões em seus demonstrativos financeiros, saindo, somente no primeiro trimestre deste ano, de um lucro líquido de R$ 69,9 milhões para um prejuízo de R$ 43,3 milhões. A deterioração dos números do BRB levará a instituição a fazer um aumento de capital de até R$ 2 bilhões em 2024.