A edição 2013 da Flit - Feira Literária Internacional do Tocantins, que aconteceria em outubro foi cancelada. A informação foi divulgada pelo governo do estado no dia 28 de agosto. De acordo com ATN – Agência Tocantinense de Notícias a decisão foi tomada em virtude da condição financeira do Estado. Tenho certeza que muitos se assustaram com o título deste editorial. O que se vê nas ruas são pessoas reclamando por causa do cancelamento da Feira. Não vou omitir aqui que cerca de 20% das pessoas que freqüentam a Flit de fato buscam o conhecimento, novidades sobre publicações e até uma programação cultural de altíssimo nível. Mas é número é considerado baixo, o que se vê de fato é uma alta concentração de pessoas nos shows, com exceção de alguns, eles bebem e dirigem o que gera mais um custo para o Estado, pois os acidentados na maioria dos casos são encaminhados para o HGP – Hospital Geral de Palmas. O Governo anunciou que em 2012 cerca de meio milhão de pessoas prestigiaram o evento e foram gastos neste período quase nove milhões de reais. É de conhecimento público que a situação financeira do Estado encontra-se em déficit devido à baixa nos repasses do Governo Federal. O Tocantins tem feito de tudo para cortar gastos. Diminuiu o salário dos comissionados, tem expediente de um período, tudo no intuído de diminuir despesas. Na Flit de 2012 foram investidos R$ 8,9 milhões. A última edição da feira aconteceu em julho de 2012 e foram lançados 70 livros de autores nacionais e regionais, 12 shows com artistas nacionais, 26 espetáculos circenses e teatrais, nove palestras com escritores nacionais, nove palestras com escritores internacionais, 49 oficinas e 260 atividades para servidores da educação. A mídia nos últimos dias tem frisado bastante o anúncio do cancelamento, mas é esta mesma mídia que diariamente encontra-se na porta do HGP relatando a falta de medicamentos, de leitos, de profissionais, de estrutura, é tão tendenciosa que se esqueceram de noticiar que R$80 milhões serão destinados a ampliação do Hospital, o que desafogará o problema do HGP. Sabemos que resolver o problema da saúde no Estado, não será uma tarefa fácil. Devo admitir também que a população anseia por cultura, por informação, por conhecimento. Mas seria justo realizar uma festa milionária, enquanto pessoas passam por dificuldades em um hospital? É claro que cada pasta do Governo tem a sua verba destinada, no entanto o que é da Educação será gasto com educação. Em uma conversa informal com o Secretário Danilo de Melo, a meu ver um ótimo gestor, que melhorou consideravelmente a educação no Tocantins, ele disse sobre o desejo de realizar a Feira em 2013, e do quanto buscou parcerias junto a empresas e ao Governo Federal, no entanto tornou-se inviável a sua realização com este atual cenário. Não bastasse a situação da saúde, o baixo índice de aproveitamento cultural na Feira, há um agravante ainda maior. O benefício de algumas empresas, que usam da Feira para superfaturar o valor dos seus serviços. São tendas, shows, equipe técnica, banheiros químicos, uma série de questões envolvidas. Estes empresários, que também possuem a mídia na mão, com a desculpa de favorecer a população fazem com o Governo se sinta obrigado a realizar estes eventos. Não se enganem eles não preocupados com o povo, com os doentes, com a educação ou cultura, simplesmente querem faturar cada vez mais, independente de que pretextos sejam utilizados. O cancelamento da Feira, é um alerta para que a população aprenda filtrar as informações, leiam, tirem suas próprias conclusões, não sejam apenas meros reprodutores de informações, fatos e até mesmo boatos. Comecem a enxergar o que está além, sejam críticos, se manifestem, e estejam conscientes de que a saúde hoje é prioridade, que às vezes é necessário cancelar o circo para que o povo tenha como ganhar o pão.