Carolino José Pedreira: Os homens bons não morrem, ficam encantados

Posted On Terça, 23 Mai 2023 09:04
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Emprestando a célebre frase do diplomata e escritor João Guimarães Rosa, é possível afirmar que os homens bons não morrem, ficam encantados por toda a eternidade. E é nesta condição de encantamento que acreditamos se eternizar o meu amado e querido “PadrimCalú”, que para a sociedade portuense se fez o admirado CAROLINO JOSÉ PREDREIRA, a mais expressiva reserva moral de sua geração, que faleceu nesse último dia 21 de maio, aos 92 anos.

 

Por Edivaldo Rodrigues 

 

“Seu Calú”, para os mais próximos, era o caçula de uma prole de 11 irmãos, que seguia o caminhar rabiscado na linha do tempo pelos icônicos e influentes genitores Manoel e Custódia Pedreira, casal afeito a fazer o bem, sem olhar a quem e que moldava a família sob as estruturas dos princípios da moralidade, do respeito, do caráter, do colhimento, da fraternidade, do trabalho e principalmente da fé cristã.

 

A trajetória de “Seu Calú” foi íntegra e, com determinação e mansidão liderou “Os Pedreira”, ao mesmo tempo em que edificou uma família singular e cativante, que ao trilhar os caminhos do empreendedorismo de sucesso, não apagaram de seus cotidianos de conquistas uma trajetória de simplicidade, condição esta oriunda de um berço ordeiro, tendo a sua amada Marineide, (minha querida madrinha), como o sustentáculo na construção de um futuro promissor para sua prole.

 

“Seu Calú” foi um dos mais respeitados e admirados moradores de Rua São José, hoje Rua das Flores, principal via do Centro Histórico de Porto Nacional, que sempre levou os fiéis católicos em direção a Catedral de Nossa Senhora das Mercês. Ali, naquele caminho de terra batida, apegados as brincadeiras de então, correram todos seus filhos em meio a procissões, a rezas, ladainhas e benditos de beatas, juntos com a meninada do lugar, nesse grupo de peraltas, eu e meus irmãos, seus vizinhos mais próximos.

 

Minha mãe, a saudosa Ana Rodrigues, que se casou aos 14 anos e, aos 21 viu-se sem marido, recebia o apoio e o aconchego da minha avó Anízia Coelho, e dele, “Seu Calú”, uma proteção quase que paternal. E então eu fortaleci ainda mais esse laço de amizade, sendo por ele batizado, o que resultou numa aproximação calorosa, combinada com aconselhamentos, incentivos escolares, exemplos de boas procedências e muitos presentes.

 

O seu pouco falar, a mansidão nos gestos, além das ações sustentadas pela temperança, o fazia um ser humano com uma áurea iluminada, uma alma espiritualizada e um coração escancarado, de portas abertas para o aconchego, pronto para receber os desamparados. Foi por isso que meus irmãos Edson e Edimar, também passaram a tê-lo como padrinho, e igualmente receberam dele o abraço fraterno e as orientações de como seguir adiante com perseverança e retidão na busca de um futuro mais digno e de cidadania. E deu certo!!!

 

“Seu Calú” se desprendeu desse plano ciente de que cumpriu sua missão, além de celebrar nesse seu encantamento o legado que deixou, os exemplos de dignidade e humanismo que espalhou entre os seus, e na maiúscula contribuição para a edificação dessa centenária coletividade, alicerçada através das bases dos direitos e deveres do cidadão. Que Deus, na sua infinita bondade, permita que o encantamento desse homem bom, seja de muita paz e luz, o que certamente humanizará a eternidade. Amém!!!

 

 

Última modificação em Terça, 23 Mai 2023 09:40