Estudantes de seis unidades escolares de Ensino Médio e Fundamental da rede estadual de Gurupi, no sul do Estado, participaram do ciclo de palestras do projeto “Prevenção ao Suicídio”, desenvolvido pela Diretoria Regional da Defensoria Pública.
Por Rose Dayanne Santana
O projeto atendeu cerca de mil alunos, por meio de palestras realizadas nas Escolas Estaduais Joaquim Pereira da Costa, Hercília Carvalho da Silva, Setor Aeroporto; e no Centro de Ensino Médio Ary Ribeiro Valadão Filho, Centro Educacional Fé e Alegria Paroquial Bernardo Sayão, e também no Colégio Estadual Girassol de Tempo Integral José Seabra Lemos.
A ação ocorreu durante todo o ano de 2017 e foi idealizada pela psicóloga Isabel Cristina Izzo e pela assistente social Ivone Sousa Carvalho Viana, com apoio da Diretoria Regional de Ensino (DRE). Após as palestras, ocorria um momento de bate-papo entre os participantes, os quais demonstravam interesse pelo assunto, manifestavam dores emocionais, sobretudo a dificuldade de estabelecer diálogo com os pais.
Temática
Além de conceituar e diferenciar sentimentos como tristeza, depressão e melancolia, e abordar suas principais características, as palestras tinham como cerne a importância da busca por ajuda especializada quando os sintomas da depressão e da melancolia forem verificados, para que sejam tratados nas suas particularidades.
De acordo com a psicóloga Isabel Cristina Izzo, os planos para a execução do projeto se basearam em atender a uma das principais queixas advindas de alguns diretores e coordenadores, referentes às automutilações que vêm sendo verificadas em alguns de seus alunos.
“O cutting, como também é conhecido, consiste na realização de cortes em partes do próprio corpo e muitas vezes podem ocorrer até amputações. Dentre outras, as causas da prática do cutting podem simbolizar a manifestação de desespero frente a situações traumáticas do passado para as quais não se obteve ajuda necessária para as suas elaborações; ou como forma de buscar autocontrole sobre a dor física provocada pelos cortes, sobrepondo-a à dor emocional, quando esta é vista como sendo muito difícil para ser enfrentada; ou ainda pode representar a prática da imitação de comportamentos praticados por outros grupos a fim de buscar pertencimento aos mesmos. Independentemente da origem, torna-se cada vez mais preocupante a prática do cutting, tema utilizado como porta de entrada para a fomentação de discussões sobre os sintomas que permeiam as dores existenciais e o suicídio,colaborando para sua prevenção”, explicou a psicóloga.
Resultados
Após a realização das palestras, os profissionais identificaram a busca por acolhimento psicológico, por parte dos estudantes, junto à Defensoria Pública, e também alguns alunos têm sido convidados por colegas a buscar apoio psicológico junto à Regional de Gurupi.
A Diretoria Regional de Ensino também trouxe até o serviço de psicologia, demanda para atendimento de alunos que solicitaram atendimento após receberem informações por meio das palestras. Isabel Cristina explica que nesses casos os primeiros atendimentos são feitos na Defensoria e depois os estudantes são encaminhados para rede de apoio.
“Tem sido muito importante oferecer esclarecimentos e apoio psicológico aos alunos que se encontram em desamparo emocional, e que, infelizmente, acabam algumas vezes evoluindo para tentativas de suicídio frente às desordens familiares e sociais da sociedade atual. Posteriormente, ao amparo emocional oferecido a estes estudantes, é oferecido encaminhamento junto à rede de apoio”, ressaltou Isabel Cristina.
Ampliação
O alcance do projeto já começa a ultrapassar a cidade de Gurupi e escolas de outros municípios da região já buscaram a Defensoria Pública para solicitar a ampliação do projeto. “Algumas escolas de municípios como Aliança do Tocantins e Peixe, solicitaram a extensão do projeto a suas Unidades Escolares. A solicitação está sendo analisada junto à Diretoria Regional. A nossa expectativa é que consigamos atender outros municípios com o projeto no próximo ano, o que nos traria ainda mais satisfação frente aos resultados do nosso trabalho”, acrescenta a assistente social Ivone de Souza Carvalho Viana.
Na avaliação da diretora regional de Gurupi, Mônica Prudente Cançado, o projeto oferece mais uma forma da Defensoria Pública promover cidadania e estar mais próxima da sociedade e do público atendido diariamente pela Instituição. “O término de mais um ano nos traz sempre a possibilidade de nos perguntarmos o quanto fomos capazes de ajudar a transformar e a contribuir para o bem de nossos assistidos em todas as áreas de atuação da DPE, nos aproximando das necessidades individuais e coletivas, não só nas bases jurídicas, mas também nos contextos social, psicológico e pedagógico”, comentou.