“COM MANDATO E SEM PARTIDO” OU “PARTIDOS DE UM NOME SÓ”? O DILEMA DE VEREADORES E LEGENDAS SEM COLIGAÇÕES

Posted On Segunda, 19 Fevereiro 2024 07:18
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Eis o dilema: vereadores da atual legislatura terão aceitação em novos partidos para buscar a reeleição ou os partidos respeitarão seus filiados que buscam um primeiro mandato e vão vetar filiações de detentores de mandato?

 

 

Por Edson Rodrigues

 

 

A verdade é que nesta primeira eleição municipal sem a coligações partidárias e sob a égide das federações partidárias, artifício “tirado da manga” pelos deputados federais para salvar a própria pele e que destruiu a principal estratégia de eleição dos vereadores, criou-se uma situação indigesta, injusta e altamente incômoda para os vereadores no exercício do mandato e para os cidadãos que buscam entrar na vida pública por meio de um primeiro mandato de vereador.

 

Os principais prejudicados são, exatamente, os vereadores no exercício do mandato e que resolveram seguir caminhos diferentes aos dos partidos pelos quais se elegeram e, para isso, precisam buscar outras legendas.

 

Em um momento em que os partidos buscam o fortalecimento com a entrada de novos nomes, preparam suas nominatas para concorrer com chances de fazer o maior número possível de cadeiras, aceitar em suas fileiras um nome já consagrado pelo voto, mas que traz, consigo, a possibilidade de ser o único a ter sucesso, justamente por já ter um trabalho reconhecido junto à população e uma infraestrutura própria que não será dividida com os postulantes a primeiro mandato, torna sua chegada extremamente desinteressante para essa agremiação. Pois vai desmotivas os já presentes e diminuir as chances de aumentar a representatividade.

 

Por outro lado, aqueles que buscam um primeiro mandato, por mais que signifiquem sangue novo na política e uma oxigenação buscada pela maioria dos partidos, podem, sim, acabar suplantados pela força de um candidato com mandato, se a legenda perceber que a estrutura do que busca a reeleição pode garantir a única vitória em suas fileiras.

 

Ou seja, os vereadores com mandato correm o risco de ficar só com o cargo, e sem partido para tentar a reeleição e os partidos correm o risco de trocar vários bons nomes, com potencial de eleição, para ficar apenas com um reeleito.

 

Um dilema salomônico!

 

FATORES EXTERNOS E FATORES PESSOAIS

 

Mas, há, nessa conta, outros fatores a serem considerados.

Os fatores externos são as modificações que vêm ocorrendo nas normas eleitorais, como a possibilidade de mudança, por parte do STF, sobre as sobras eleitorais.  Uma decisão diferente do que já está estabelecido, pode atrapalhar a vida de muita gente e colocar em risco as pretensões de outro tanto de políticos.

 

É isso que coloca os vereadores eleitos como “personas non gratas” em novos partidos, pois boas nominatas, com chances de fazer até três eleitos – e, ressalte-se, em toda esta análise, não nos referimos apenas às eleições em Palmas, mas nos principais colégios eleitorais do Tocantins – podem ser contaminadas e ter suas chances diminuídas em até 86%, segundo estimativas eleitorais, para cada candidato novato que a compõe.

 

Já os fatores pessoais são os que envolvem a atuação dos detentores de mandato durante o exercício do cargo.  Aqueles que tiveram desempenhos pífios ou deixaram a desejar ante a opinião pública, mesmo tendo as vantagens que o mandato lhes imputa, dificilmente, mesmo que encontrem um novo partido que os acolha, conseguirão ter êxito nas urnas, pois seus próprios “defeitos” se sobressairão a tudo o que pretenderem mostrar como qualidade ou como justificativa para um novo mandato.

 

FALANDO DE PALMAS

 

 

E, venhamos e convenhamos, a atual legislatura da Câmara Municipal de Palmas está repleta de “fatores pessoais” que farão muitos detentores de mandato cair do cavalo nas eleições de outubro.

 

Com a exceção de três ou quatro, todos os demais não conseguiram obter a visibilidade esperada para um cargo tão importante e promissor. Esta, talvez, seja a legislatura mais improdutiva, mais impopular e mais decepcionante que já houve, colocando em risco a tradição do Legislativo Municipal da Capital de ser uma incubadora de boas carreiras políticas, de onde saíram deputados estaduais, federais, senador da República e até governador.

 

O atual cenário da Câmara Municipal de Palmas é de decadência, com muitos casos de omissão, conivência e silêncio ante fatos relevantes, em que a sociedade – e os eleitores – esperavam atitudes bem diferentes.

 

O julgamento do eleitorado palmense será sentido nas urnas, que apontam uma renovação recorde, justamente no momento mais difícil para os vereadores que buscam a reeleição, e criando um momento oportuno aos que buscam um primeiro mandato.

 

Há males que vêm para o bem!

 

 

Última modificação em Segunda, 19 Fevereiro 2024 07:27