Tocantins passará por dias de muita turbulência e sofrimento. Saída de Madetta e falta de pulso de prefeitos podem colocar em risco a vida de muitos cidadãos
Por Edson Rodrigues
“Picolé de chuchu”. O apelido feito sob medida para o tucano Geraldo Alckmin, por sua falta de empatia para com os demais políticos e falta de pulso em suas ações como governante, por ser frio, sem cheiro e sem gosto, tem, no Tocantins, outro “dono”. Estamos falando de Ronaldo Dimas, o prefeito de Araguaína que “herdou” o apelido por ter cedido á pressão dos empresários e comerciantes da cidade após nove dias de isolamento social e comércio fechado, relaxando a quarentena recomendada pelas autoridades de saúde para combater a proliferação do Covid-19.
Academias, restaurantes, lojas de conveniência, bares aproveitaram a oportunidade e reabriram suas portas e, quatro dias depois, Araguaína registrou um aumento de 380% no número de casos de Covid-19 e assumiu a primeira posição em número de infectados no Estado.
Não há, obviamente, como colocar a culpa somente em Ronaldo Dimas, pois a Câmara de vereadores se calou, foi omissa e esqueceu-se de uma de suas principais prerrogativas, que é defender os interesses do povo.
Foi dessa forma que Ronaldo Dimas passou a ser o prefeito “picolé de chuchu”, mesmo tendo sido considerado um dos melhores prefeitos da história da cidade. Em uma entrevista a um canal de TV, em que foi perguntado se não se sentia culpado pelo sistema de saúde do município estar entrando em colapso, Dimas afirmou que “o responsável pela saúde pública dos municípios era o governo do Estado e que este estaria dando total assistência a Araguaína para a instalação de mais leitos de UTI.
Dimas só esqueceu que não foi o governo do Estado que relaxou as medidas de contenção de proliferação do Covid-19 em Araguaína e, sim, ele próprio, o chefe do Executivo Municipal – ou o “prefeito picolé de chuchu”.
VAI PIORAR
Os prefeitos dos 139 municípios do Tocantins, assim como os dos demais municípios brasileiros, têm total autonomia para definir as estratégias de combate à proliferação do Covid-19, no que tange à política de funcionamento do comércio, abertura e fechamento de ruas, shoppings, clubes, praças, enfim, do que pode ou não funcionar, garantida após decisão colegiada do Supremo Tribunal Federal.
Após o agravamento da situação no Brasil, que em poucos dias será o epicentro mundial da pandemia, estados e municípios que não adotarem medidas drásticas, correm o risco de ver milhares de cidadãos sendo acometidos pelas doenças provocadas pelo novo corona vírus e outros milhares perdendo suas vidas..
E as estratégias de combate ao Covid-19 não podem ser únicas. Cada cidade tem que se planejar de acordo com suas características geográficas, sociais e econômicas. Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, tiveram que formar cinturões para isolar as áreas mais centrais das cidades da periferia, de onde veio a maioria dos casos que as fizeram campeãs, até agora, em número de casos. Belo Horizonte, por outro lado, praticamente se isolou do resto do estado, impôs um rigoroso isolamento domiciliar e está colhendo os frutos de ser a capital com o menor número de casos registrados no Brasil.
No Tocantins, onde há circulação de pessoas de todas as partes do Brasil, os cuidados devem ser redobrados. Porto Nacional, por exemplo, é a porta de entrada para quem vem, via terrestre, para a Capital, Palmas. Mesmo que as pessoas apenas passem pela cidade, o vírus fica. E o sistema de saúde municipal não tem nenhum leito de UTI sequer.
Diante disso, o prefeito Joaquim Maia e os nobres vereadores precisam tomar medidas conjuntas para fazer um isolamento virtual de Porto Nacional, estabelecendo um isolamento social efetivo e mantendo medidas rígidas de controle e desinfecção dos cerca de 300 caminhões graneleiros que passam pela cidade todos os dias, sob o risco da cidade passar a ser um dos focos de transmissão do Copvid-19.
Se isso vier a acontecer, a parte boa ou a parte ruim, tudo será creditado na conta do prefeito e dos vereadores. Logo, decisões precisam ser tomadas. E rápido.
Essas orientações valem para todos os municípios tocantinenses. Uma vez que as autoridades em Saúde já estipularam que o pico das contaminações em nossa região virá entre o fim deste mês e a primeira quinzena de junho, muitas vidas serão perdidas se os prefeitos e vereadores não tomarem as atitudes necessárias.
GOVERNO DO ESTADO
O governador Mauro Carlesse e o senador Eduardo Gomes fizeram gestões junto ao governo federal para conseguir mais leitos de UTI para o Tocantins, tendo logrado êxito para as cidades de Palmas e Araguaína, além de garantir a instalação de três hospitais de campanha, em Gurupi, Palmas e Araguaína, o que vai aumentar consideravelmente o número de leitos de UTI no Estado.
Mas nada do que foi falado até aqui servirá como medida de contenção da propagação do vírus, se a população não ajudar, não se conscientizar e parar de sair às ruas, ficando em suas casas, reservando as saídas apenas para a compra de mantimentos e medicamentos.
Enquanto bares, lanchonetes, praças, lojas de conveniência estiverem cheias de jovens e adultos, que se acham invencíveis e têm certeza de que não serão contaminados, nada do que já foi feito vai adiantar, uma vez que essas pessoas podem até não se contaminar, mas vão levar o vírus para suas casas e colocar justamente quem mais amam, seus pais, filhos esposas e maridos, em grande risco.
Até mesmo as festinhas residenciais, churrascos entre amigos e confraternizações de qualquer tipo, transformam-se em um “prato cheio” para o vírus atingir mais pessoas.
A proteção das pessoas mais vulneráveis ao contágio pelo Covid-19 é de todos nós. Do governador, dos senadores, dos deputados, dos prefeitos, dos vereadores e de cada cidadão que habita o Tocantins.
Cuide de você e de quem você ama. Fique em casa!