Senadoras fora de controle, um ex-presidente condenado por lavagem de dinheiro e o caos nas esquinas pela falta de segurança
Por Edson Rodrigues
Enfim, saiu a primeira condenação do ex-presidente Lula. Nove anos e seis meses de prisão, por conta do apartamento de cobertura, tripléx, na cidade de Guarujá, no litoral de São Paulo. Se por um lado partes da sociedade respiraram aliviadas, pelo menos duas não ficaram satisfeitas com a condenação. O Ministério Público Federal, apesar de elogiar a sentença do juiz Sérgio Moro, disse que vai recorrer por uma sentença maior, segundo nota divulgada após a publicação da condenação, e reiteraram que a condenação deixa Lula impedido de ocupar cargo público pelo dobro da extensão da pena, ou seja, por nove anos. A outra parte incomodada foi a defesa de Lula, que bate na tecla da inocência do ex-presidente e das motivações políticas da investigação que levou à sua condenação.
Tanto o Juiz Sérgio Moro quanto o Ministério Público Federal reclamaram das atitudes dos advogados de Lula durante o julgamento, que tentaram a todo custo desacreditar os procuradores e o magistrado. Moro, inclusive, publicou nota onde afirma: “Mais uma fez, fica manifesto que os constantes ataques da defesa do ex-presidente contra o julgador, os procuradores e os delegados, conforme constatou a respeitável decisão, são uma estratégia de diversionismo, isto é, uma tentativa de mudar o foco da discussão do mérito para um suposto antagonismo que é artificialmente criado unilateralmente pela defesa. Nenhuma das autoridades que atua no caso o faz com base em qualquer tipo de questão pessoal”.
Como a condenação ainda é de primeira instância, ainda cabe recurso e nada garante que Lula seja preso. A decisão de Moro precisa ser confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região para, só então, valer como segunda instância e resultar em prisão. O esperado é que a defesa do ex-presidente recorra até a última instância, que é o STF, com a frágil alegação de que não existem provas cabais, esquecendo-se que em crime de lavagem de dinheiro não são necessárias provas, apenas testemunhos para decretar a culpabilidade do réu.
Caso a prisão não aconteça, Lula torna-se imbatível em qualquer eleição que se candidate, principalmente a de presidente da república, pois o ex-presidente surgiria como um mártir, com a mesma aura de um Che Guevara ou de um Fidel Castro, sob a alegação de que é “pobre, analfabeto funcional, trabalhador e venceu as elites dominantes”.
Essa situação, caso venha a acontecer, fará prolongar a agonia da classe política brasileira, pois manterá no comando da política nacional a mesma classe política apodrecida que vemos, envergonhados, nos dias de hoje dando espetáculos dantescos e assustadores, dia após dia.
RASGANDO O DECORO
Entre os últimos espetáculos negativos da nossa política, o acontecido na última terça-feira, 11, foi simbólico em relação ao grau de despreparo, desespero, falta de comando e esbórnia que reina na política brasileira, quando quatro senadoras tomaram de assalto a mesa do Senado Federal na ausência do presidente da Casa, declararam aberta uma sessão e não permitiram que o presidente sentasse em seu posto na mesa diretora quando ele retornou ao plenário, tudo isso para evitar a votação das reformas trabalhistas, num ato que deixou os demais senadores perplexos e envergonhados.
Ressaltamos que, num universo de raras exceções, para envergonhar senadores enrolados até o pescoço com a Justiça, o gesto fugiu e rasgou qualquer senso ou traço de decoro que as protagonistas tinham. Uma vez que, pelo menos duas delas são investigadas por crimes como prática de caixa dois.
ENFIM, A VENEZUELA
Já que estamos falando de parlamentares e de Justiça, miremos, enfim, nos deputados federais, que também se enquadram no panorama de raríssimas exceções em relação aos investigados por corrupção e crimes afins. Dependerá deles a manutenção ou não de Michel Temer na presidência da República. Ou seja, chegamos, enfim, a uma situação que nos remete à Venezuela e suas agruras.
O quadro político que se desenha no horizonte é desesperador, em que o País navega sem um comandante confiável, sem um líder, sem uma luz a ser seguida na escuridão e, pior, sem nomes que possam nos servir de esperança.
A turbulência é tão estrondosa e ensurdecedora que os cidadãos não têm como raciocinar. É uma situação destruidora de sonhos, de projetos e de esperanças. A atuação desastrosa dos atuais políticos jogou o país em uma crise tamanha que acabou levando os cidadãos, os trabalhadores, à uma situação de inadimplência, com 61 milhões de brasileiros com seus CPFs negativados, com seus créditos bloqueados, desempregados, sem Saúde Pública, sem Segurança Pública, como nossa Polícia Federal, a Polícia das Polícias, desmantelada, recebendo cadê vez menos recursos dos que por ela são investigados, sem poder realizar operações, deixando nossas fronteiras desprotegidas em relação à entrada de armas e drogas, enquanto os entorpecentes adentram e destroem os lares dos brasileiros.
Enfim, chegamos aos patamares de uma Venezuela. Enfim chegamos à desesperança. E tudo ainda pode piorar.
O que mais nos resta?