Por Edson Rodrigues
Se há um político emblemático para a esquerda brasileira, o nome dele é Leonel Brizola. Apesar do seu posicionamento político, foi um dos maiores executores de obras – foi o governador que mais construiu escolas no Brasil, nos dois estados que governou – e um dos poucos que teve coragem de dar broncas homéricas nos esquerdistas e anunciar que votaria ou apoiaria um direitista “por não ter coisa melhor na esquerda”.
É isso que o cineasta Silvio Tendler, tenta mostrar em seu documentário feito pela Caliban – produtora de Tendler que já produziu outros filmes políticos sobre personagens como Juscelino Kubitschek e João Goulart – e que estreou no Festival do Rio em outubro deste ano. Agora, o Sesc coloca o documentário à disposição de todos os brasileiros, no link que segue ao fim desta análise.
Tendler que já dirigiu o documentário de maior bilheteria do cinema nacional – O Mundo Mágico dos Trapalhões, de 1981 – começa a narrativa na infância pobre de Leonel Brizola em Carazinho, no interior do Rio Grande do Sul, até sua ascensão como um dos principais líderes trabalhistas e suas contribuições para a democracia brasileira. No filme, descobrimos que Brizola só teve a primeira certidão de nascimento aos 11 anos de idade e foi engraxate e mensageiro em um hotel até formar-se engenheiro civil e engajar-se na política estudantil.
Caso Único
Brizola é um caso único de político eleito pelo povo que foi governador de dois estados brasileiros: seu Rio Grande do Sul natal (1959-1963) e o Rio de Janeiro (1983-1987 e 1991-1994).
No primeiro, nacionalizou empresas estrangeiras, criou bancos regionais, fez centenas de escolas no Rio Grande do Sul. Liderou a campanha pela posse de João Goulart. Enfrentou quinze anos de exílio depois do golpe de 1964 e articulou a resistência do exterior.
De volta ao Brasil, fundou o PDT. Lutou pelas Diretas Já. Sempre peitou elites, políticos e a mídia. A presença de Darcy Ribeiro a seu lado assegurou a marca de ousadia em seus governos. Criou os CIEPs, o Sambódromo e a Linha Vermelha.
No material de apresentação do filme, a produtora diz que Brizola, Anotações para uma História traz o legado de um dos mais importantes expoentes do Trabalhismo “por meio de imagens de arquivo garimpadas em diversos acervos, a fala inconfundível de Brizola, com a eloquência que marcou uma trajetória identificada com o povo e não com o capital”.
Assista o documentário no link: https://sesc.digital/conteudo/filmes/cinema-em-casa-com-sesc/brizola-anotacoes-para-uma-historia