Crise provocada pelas mensagens de WhatsApp de Jair Bolsonaro deve ser contornada, aposta o senador
Da Revista Veja
O senador tocantinense Eduardo Gomes (MDB) se firmou como o principal e mais sensato líder para contenção das crises recorrentes no governo do presidente Jair Bolsonaro.
Forte na articulação de bastidores, Eduardo Gomes evita fomentar polêmicas e tem o dom da pacificação política, bem diferente de seus antecessores na liderança do governo no Congresso. Justamente por isso, ele tem sido o 'bombeiro' plantonista do Palácio do Planalto.
Na polêmica mais recente - o apoio de Bolsonaro aos protestos contra o Congresso e o STF -, Gomes já conversou com o presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) e com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, a fim de acalmar os ânimos entre o Executivo e o Legislativo.
“As conversas ocorreram no sentido de, uma vez que o presidente fez seu esclarecimento sobre o episódio, que a gente trabalhasse para compreender isso, para conter a crise. Já temos crises de mais e há, entre nós, o consenso de que a prioridade é buscar a retomada da agenda de governo e minimizar qualquer tipo de estrago”, afirmou Eduardo Gomes à revista Veja.
Na avaliação do senador, “a partir do momento em que o presidente se manifestou, o assunto está encerrado. Foi um episódio confuso, mas ele será e já está sendo superado”.
Na terça-feira (26), Bolsonaro divulgou a alguns de seus contatos no WhatsApp dois vídeos de convocação às manifestações marcadas para o dia 15 de março, em apoio ao seu governo e contra o Congresso. Em uma das peças, Bolsonaro é classificado como “cristão, patriota, capaz, justo e incorruptível”.
Diante da repercussão negativa, Bolsonaro divulgou uma nota em suas redes sociais na qual afirma que as mensagens divulgadas são “de cunho pessoal”.
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia criticou a atitude de Bolsonaro no Twitter: “Criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir”. Alcolumbre não se manifestou.
As manifestações em apoio ao governo Bolsonaro foram convocadas após o ministro general Augusto Heleno afirmar que o Congresso estava chantageando o Executivo na construção de um acordo para a derrubada do veto presidencial no chamado Orçamento impositivo, no qual a administração federal é obrigada a cumprir as emendas parlamentares.
Questionado se o atrito causado pela divulgação do vídeo pode comprometer o acordo, Eduardo Gomes disse, sem dar detalhes, que “vai existir uma pauta sobre a discussão do acordo” e ressaltou que “o governo vai caminhar para um acordo de procedimento”.