Com Agências
O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), foi flagrado em áudios obtidos pela Polícia Federal vazando informações sigilosas sobre investigações que tramitam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e antecipando etapas de operações que atingiriam autoridades do Tocantins.
As gravações, divulgadas pelo Blog da Daniela Lima, fazem parte da 9ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada nesta sexta-feira (30), e revelam diálogos comprometedores com suspeitos investigados, como o advogado Thiago Marcos Barbosa, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), preso em fase anterior da operação.
Em um dos trechos mais impactantes, Eduardo afirma:
“Aqui vão dançar dois juízes e pelo menos três advogados”, revelando acesso privilegiado a informações sobre ações da PF e do STJ, antes mesmo que se tornassem públicas. Ele também sugere que teria pago por essas informações a uma fonte dentro do tribunal superior.
As conversas indicam que o prefeito sabia, com antecedência, do avanço da investigação envolvendo Thiago Barbosa:
“É que seu caso lá em Brasília tá um pouco pior do que a gente pensava... você figura como um polo da investigação, você está sendo investigado dentro daquele esquema, e isso já saiu oficialmente”, diz Eduardo ao advogado.
Em outro momento, ele antecipa a deflagração da operação:
“Não ia sair antes do recesso, viu? Só quando chegasse em agosto.”
Segundo a PF, os vazamentos comprometeram o andamento das investigações e configuram crime de obstrução da Justiça.
Durante coletiva em seu gabinete, em Palmas, o prefeito afirmou que sabe do que se trata a investigação, mas negou que tenha vazado informações sigilosas.
“Eu sou fonte de muita gente. Acho que vocês sabem o tanto que sei ou não sei, eu só sei o que dizem por aí. Eu não tenho nenhuma informação privilegiada. Estou aqui para responder em relação suposto vazamento de informação perante o STJ. Eu não tenho fonte no STJ, não é meu papel. Eu indiquei um advogado [para Thiago Barbosa], e esse advogado foi constituído e teve acesso aos autos", afirmou.
"Sei qual é a razão. Já antecipo que isso não envolve gestão de governos passados, mandato de senador, deputado, secretário, mandato de prefeito. Restringe-se a uma questão denominada, não é nem compra de sentença, não é o caso, mas de vazamento de informação. Eu até imagino quais são as razões", Disse.